O que podemos fazer para evitar que as variantes do coronavírus se espalhem? | Coluna


Observatório Covid-19 BR postou em Coluna

pessoas aglomeradas em feira no Brasil. Com mais variantes do coronavírus, aumentam os casos da doença

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Publicado em: 18 de fevereiro de 2021

Revisado em: 18 de fevereiro de 2021

A falta de um plano eficiente que detecte novas variantes do coronavírus que causa a covid-19 irá piorar a situação já crítica do Brasil. O que pode ser feito?

 

O surgimento de novas variantes do Sars-CoV-2 preocupa pela possibilidade de serem mais contagiosas ou até mais letais. O ideal por parte do governo neste momento seria adotar uma estratégia organizada de identificação dessas variantes, o que chamamos de “vigilância genômica”. Mas é importante ressaltar que as medidas de prevenção seguem as mesmas e continuam eficazes. Em uma fase tão crítica da pandemia é essencial redobrar os cuidados também no nível individual.

Veja também: O que muda na pandemia com as novas variantes do coronavírus?

Os protocolos de higiene e desinfecção de superfícies não são tão eficientes na prevenção, pois a principal via de transmissão desse vírus é pelo ar. Ou seja, a partir da inalação de gotículas pequenas e de aerossóis emitidos na respiração, tosse, fala ou espirro. Dessa forma é fundamental observar o distanciamento físico, a ventilação dos ambientes e o uso correto de uma máscara de boa qualidade. Vale ressaltar que o uso correto da máscara envolve não só cobrir boca e nariz, mas também minimizar vazamentos pelas laterais.

Além da boa ventilação de ambientes internos, é fundamental que se priorize ambientes externos, ao ar livre. Já em ambientes internos é essencial que se mantenham janelas abertas o máximo possível. Também reforçamos que nesse tipo de espaço não há uma distância que garanta segurança. Dessa forma, quanto maior o distanciamento, melhor.

Por último, vale discutir com mais detalhe a questão das máscaras. Uma certa confusão se instaurou nas últimas semanas devido à proibição de máscaras caseiras em alguns países da Europa. Antes de mais nada é importante ressaltar que as máscaras de pano e cirúrgicas funcionam melhor como controle da fonte, isto é, prevenindo que quem esteja contaminado passe adiante o vírus, muito mais do que a proteção individual de quem não quer ser infectado.

As novas variantes do Sars-CoV-2 não apresentam nenhuma característica especial que as faça “furar” a barreira mecânica imposta pela máscara, como alguns imaginam. No entanto, acredita-se que a inalação de uma menor quantidade de vírus já é capaz de causar a infecção e por isso máscaras que vedam melhor, como as FFP2, N95 ou PFF2 diminuem o risco de infecção.

 

Como ficam as vacinas e os testes com as novas variantes?

 

A maior parte dos testes RT-PCR detecta as novas variantes da mesma forma que o coronavírus original, então não há por que se preocupar com isso agora. Quanto às vacinas contra a covid-19, as eficácias das principais estão sendo analisadas, e os resultados parecem ser promissores. Algumas adaptações, no entanto, talvez venham a ser necessárias.

Várias das vacinas que já estão em uso foram testadas para as variantes da África do Sul e do Reino Unido, ainda que não para a que surgiu em Manaus. As vacinas de mRNA (Pfizer e Moderna) mantiveram a eficácia frente à variante do Reino Unido, mas ela caiu um pouco quando confrontada com a variante da África do Sul. Ainda assim, como a resposta de anticorpos neutralizantes permaneceu bastante elevada, é possível dizer que essas duas mantiveram-se eficazes perante as duas variantes.

A Johnson & Johnson, que acaba de encerrar o ensaio clínico de fase 3, testou sua vacina contra as duas variantes e constatou pouca diferença para a variante do Reino Unido. Para a variante da África do Sul, a queda da eficácia foi maior, mas mesmo assim a vacina manteve a capacidade de proteger os voluntários contra a ocorrência de doença severa. Não temos ainda resultados para as vacinas da AstraZeneca/Oxford e CoronaVac frente a essas variantes e tampouco para a variante de Manaus.

De toda maneira, para que tenhamos confiança de que as vacinas manterão a sua capacidade de proteção frente a outras variantes que ainda deverão surgir, será preciso aumentar a capacidade de vigilância genômica e a coordenação entre países. É provável que vacinas tenham de ser ajustadas para melhor responder às novas variantes do vírus. Anúncios nessa direção já foram feitos pela Pfizer, pela Moderna, e pela Johnson & Johnson que trabalham em assegurar suas eficácias.

Futuramente talvez seja preciso também avaliar se os testes diagnósticos RT-PCR continuarão capazes de manter o grau de sensibilidade para identificação do Sars-CoV-2 ou se terão de ser modificados. Mas com o que conhecemos hoje, tanto sobre as variantes quanto sobre a maioria dos testes, pode-se dizer que dão conta do recado e que, vacinas e testes somados, são nossas principais ferramentas na prevenção do espalhamento da doença.

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