Populações mais pobres serão altamente prejudicadas pelas medidas de isolamento contra o novo coronavírus. É urgente prestar assistência básica a elas.
Nós vimos o que aconteceu com o coronavírus na China, no Japão, na Coreia, na Itália, agora estamos vendo nos Estados Unidos. Não há experiência ainda com a disseminação do vírus num país com as desigualdades sociais das nossas. Fica fácil num país desenvolvido, com um sistema de proteção social que atende a todos. No Brasil não vai ser fácil.
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Eu acho que nós temos que imediatamente começar a distribuir cestas básicas nas periferias, nas favelas, para as populações mais vulneráveis. Como vivem os mais pobres no Brasil? Eles conseguem um trabalhinho aqui, um trabalho lá, não tem carteira assinada. E mesmo os que têm, o que recebem de salário dá o suficiente para as despesas mensais. Eles não têm dinheiro na poupança pra aguentar uma fase difícil. Eles normalmente não têm a despensa cheia, eles vão comprando o mínimo necessário conforme as necessidades.
Imagina essa gente não ganhar nem aquele pouquinho que ganhava antes. Não vai dar certo. Nós tínhamos que estar distribuindo cestas básicas pra essas populações mais vulneráveis ontem, já. Não é uma coisa que dá pra deixar pra semana que vem. Porque as necessidades são prementes, no dia-a-dia das populações mais pobres do Brasil.
Nós temos que nos preocupar com isso, porque isso põe em risco não só a segurança individual daquelas pessoas, como a segurança coletiva. Não podemos deixar uma massa populacional com fome de jeito nenhum. Nós já estamos bem atrasados. Isso tinha que ter começado antes de chegar a epidemia no Brasil.
Nós vamos pagar agora o preço das más escolhas que nós fizemos. Fazer estádios de futebol em vez de proteger o SUS, de investir esse dinheiro na Saúde. Nós vamos pagar o preço da intolerância e da insensibilidade social de deixar milhões de pessoas à margem das atenções mínimas da sociedade.
Agora não vai mais dar tempo, agora tem que ser tudo feito a toque de caixa. Quanto mais cedo, melhor.