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Doenças e sintomas

Ruptura do tendão de Aquiles

close de fisioterapeuta palpando o tendão de Aquiles de paciente
Publicado em 11/07/2019
Revisado em 11/08/2020

A ruptura do tendão do calcâneo, popularmente chamado de tendão de Aquiles, causa a divisão completa do tendão em dois segmentos independentes, comprometendo seriamente a capacidade de movimentar pés e pernas.

 

Ossos, músculos, tendões, articulações e ligamentos são estruturas anatômicas que compõem o sistema locomotor, formado pela combinação do sistema esquelético com o muscular. É o esforço conjunto desses dois elementos, sob o comando do sistema nervoso, que torna possível executar praticamente todos os movimentos do corpo humano.

Cada um deles colabora a seu modo. Cabe ao sistema esquelético promover a sustentação do corpo, proteger os órgãos internos (encéfalo, pulmões, coração, etc.), produzir células sanguíneas na medula óssea e armazenar minerais (o cálcio, por exemplo).

 

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O segundo, como o próprio nome sugere, é constituído pelos músculos, órgão que tem como característica específica a capacidade de contrair e relaxar. Essa aptidão viabiliza a execução dos movimentos voluntários — caminhar, saltar, chutar bola, subir escadas, bater palmas — e também daqueles que não dependem diretamente da vontade, como os que estão envolvidos na digestão dos alimentos, na respiração, nos batimentos cardíacos ou na circulação do sangue.

Tendões são estruturas em forma de cordão ou faixa, de tamanho variável, formados por tecido conjuntivo fibroso, rico em colágeno. De coloração esbranquiçada, fazem parte do músculo estriado esquelético e estão correlacionados com os movimentos voluntários e a postura corporal.

Tendões possuem extremidades afiladas que facilitam a conexão entre músculos e ossos, ou dos músculos com outros órgãos, de tal modo que torna possível transmitir a força da contração muscular ao osso para gerar movimento. Existem tendões em praticamente todas as articulações do corpo humano. Eles podem diferir em tamanho, mas todos desempenham papel importante no sistema locomotor. A contração do músculo da barriga da perna, por exemplo, retrai o tendão do calcâneo e o aproxima do osso que se move e ajuda a movimentar o pé.

O tendão do calcâneo é o maior e mais forte tendão do corpo humano. Ele liga os músculos da panturrilha ao calcâneo, osso que dá forma ao calcanhar. Essa região do corpo é bastante requisitada durante a prática de certas atividades esportivas ou por movimentos repetitivos que implicam impacto e força. A corrida, o futebol e o levantamento de peso são exemplos clássicos desse tipo de exigência que recai sobre o tendão do calcâneo, popularmente conhecido como tendão de Aquiles, por analogia ao herói da mitologia grega que lutou na Guerra de Troia e tinha, no calcanhar, o ponto fraco e vulnerável do organismo.

 

Causas da ruptura do tendão de Aquiles

 

Envelhecimento, estresse, obesidade, exercícios extenuantes e repetitivos, que demandam partidas rápidas e repentinas, ou até mesmo ligadas a atividades corriqueiras do cotidiano (quedas, entorses), incluindo o uso de sapatos inadequados e de certos medicamentos da classe dos esteroides ou dos antibióticos, podem promover maior desgaste do tendão de Aquiles e aumentar o risco de ruptura do calcâneo. O mais comum é esse tipo de lesão localizar-se na parte de trás da perna, em geral alguns centímetros acima do calcanhar, e afetar mais os homens, por volta dos 30/40 anos, do que as mulheres.

São consideradas também causas possíveis da ruptura do tendão do calcâneo: 1) quadros de tendinite de repetição pré-existentes; 2) doenças como artrite e diabetes; 3); flexão traumática dos músculos do tornozelo ou do dorso do pé na fase em que estão contraídos; 4) a falta dos exercícios de aquecimento e alongamento da musculatura associados à prática da atividade física; 5) sedentarismo; 6) obesidade.

 

Classificação

 

Lesões do tendão de Aquiles podem ocorrer em qualquer parte do cordão. São mais frequentes em esportistas que praticam modalidades de impacto e força, nos atletas de fim de semana ou, então, por uso excessivo ou impróprio do sistema locomotor.

Vão desde simples estiramento até a ruptura parcial ou total do tendão. A gravidade das parciais varia de acordo com a extensão do traumatismo. Nas rupturas totais, o tendão é dividido completamente em dois segmentos independentes e a capacidade de movimentar pés e pernas fica seriamente comprometida.

 

Sintomas de ruptura do tendão de Aquiles

 

São sintomas característicos da ruptura do tendão de Aquiles:

  • Dor súbita, aguda e muito forte na panturrilha (“barriga” da perna) ou atrás do tornozelo, semelhante à dor provocada por uma pedrada ou um tiro;
  • Estalo que pode ser ouvido no momento em que ocorre a ruptura do tendão;
  • Incapacidade de ficar na ponta dos pés ou de apoiá-los e caminhar;
  • Dor, rubor (vermelhidão) e edema (inchaço) no local da lesão, especialmente se a ruptura for completa;
  • Interrupção na continuidade no cordão percebida no exame físico.

 

Diagnóstico de ruptura do tendão de Aquiles

 

O diagnóstico baseia-se no levantamento da história clínica do paciente, seus hábitos e queixas e no exame físico. Exames simples como a radiografia, a ecografia, o ultrassom e a ressonância magnética são úteis para verificar se houve ruptura total ou parcial do tendão e para estabelecer o diagnóstico diferencial com outras enfermidades, tais como a tendinite e a bursite, por exemplo.

 

Tratamento da ruptura do tendão de Aquiles

 

Tão logo os sintomas indiquem que o tendão de Aquiles sofreu um traumatismo, é imprescindível suspender imediatamente qualquer tipo de atividade física e introduzir as medidas de primeiros socorros, que correspondem à sigla RICE (arroz, em inglês). São elas:

  • R (Rest = repouso) – manter pé e perna em repouso;
  • I (Ice = gelo) – aplicar compressas de gelo;
  • C (Compression = compressão) – apertar levemente o local da lesão com uma bandagem para conter o inchaço;
  • E (Elevation= elevação) – manter pé e perna elevados, acima do nível do coração.

O objetivo do tratamento é recuperar as funções perdidas com a ruptura do tendão de tal forma que o paciente retome as atividades a que estava habituado antes de a lesão ter-se instalado. Para tanto, existem duas opções terapêuticas: o esquema conservador, não cirúrgico, e a cirurgia para unir as duas pontas do tecido rompido. A escolha entre um e outro, em geral, depende da idade, condições físicas, tipo de atividade e gravidade do ferimento. o fato é que ambos podem apresentar bons resultados, embora alguns estudos mostrem que a abordagem não cirúrgica está mais sujeita a apresentar recidivas.  Nos dois casos, porém, medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINES), como o paracetamol e o ibuprofeno, são indicados para alívio da dor e redução do edema.

Estudos têm mostrado, porém, que a abordagem não cirúrgica exige cuidados, porque está mais sujeita a recidivas.

Qualquer que tenha sido a conduta terapêutica adotada, ambos exigem um período de imobilização por semanas. Da mesma forma, exercícios de fisioterapia são importantes para o processo de reabilitação funcional, que inclui restaurar a amplitude de movimento do tornozelo e o fortalecimento da musculatura das pernas e das panturrilhas.

 

Perguntas frequentes sobre ruptura do tendão de Aquiles

 

A fisioterapia é indicada para tratar a ruptura do tendão de Aquiles?

Sim. O objetivo do tratamento é recuperar as funções perdidas com a ruptura do tendão de tal forma que o paciente retome as atividades a que estava habituado antes de a lesão ter-se instalado.

 

Como é a recuperação da ruptura do tendão de Aquiles?

A recuperação costuma ser demorada, em torno de 6 a 8 meses, podendo chegar a 1 ano, e em geral exige fisioterapia várias vezes por semana, tanto para quem se submeteu à cirurgia quanto para aqueles que realizaram o tratamento mais conservador, que não inclui cirurgia (para estes, a recuperação costuma ser ainda mais demorada).

 

Como é o pós-operatório de quem faz cirurgia para ruptura do tendão de Aquiles?

Nos dez primeiros dias após a cirurgia, o paciente não deve apoiar o peso do corpo no pé, apenas mover-se com o auxílio de muletas. Após esse período, ainda com o auxílio de muletas, é permitido o apoio parcial. A partir do vigésimo dia de pós-operatório, iniciam-se gradativamente os movimentos do pé lesionado, com auxílio de fisioterapia. No entanto, o paciente só abandonará as duas muletas ao redor do segundo mês depois da cirurgia. O tratamento e sua duração variam de acordo com a lesão, a idade e a condição física do paciente.

 

Fontes:

Ruptura do tendão de Aquiles – Mary Cresse

Mayo Clinic  – Diseases ande conditions

Cleveland Clinic – Diseases and conditions

Site Saúde e Bem Estar – Rotura ou ruptura do tendão de Aquiles

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