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Otorrinolaringologia

Cinetose: como lidar com o enjoo durante uma viagem?

Enjoo de movimento é comum durante viagens de carro e outros veículos. Veja o que pode ser feito para prevenir ou reduzir os sintomas

Sente enjoo sempre que faz uma viagem de carro? Trata-se da cinetose, um mal-estar provocado pelo desequilíbrio entre as informações que o corpo recebe da visão, do ouvido interno e do sistema nervoso central. Os sintomas incluem náuseas, tontura, sudorese e até vômitos, em alguns casos. 

“A cinetose ocorre quando o cérebro recebe sinais conflitantes sobre o movimento. Por exemplo, quando alguém está lendo dentro de um carro em movimento, os olhos veem algo parado — o livro —, mas o ouvido interno sente o balanço do veículo. Essa discrepância é o que desencadeia o enjoo”, explica Augusto Abrahão, otorrinolaringologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. 

Segundo Milena Quadros, otorrinolaringologista do Hospital Paulista e especialista em otoneurologia e eletrofisiologia, a condição é frequentemente associada a viagens porque os deslocamentos, especialmente em veículos que apresentam oscilações ou movimentos complexos, intensificam a discrepância sensorial.

“Em carros, barcos e aviões, a falta de um ponto de referência fixo e as variações constantes no movimento contribuem para a desorientação sensorial, levando ao surgimento dos sintomas. Além disso, as mudanças na velocidade e na direção durante uma viagem podem exacerbar a cinetose, tornando-a uma experiência comum para muitas pessoas nesses contextos”, afirma ela. 

 

Quem pode ter cinetose?

Qualquer pessoa pode ter esse tipo de desconforto, contudo, existem grupos com maior predisposição, como, por exemplo, crianças, pessoas com histórico de enxaqueca ou doenças do labirinto.

“Esses grupos tendem a ser mais vulneráveis devido às características específicas de seus sistemas sensoriais e emocionais. No caso das crianças, em específico, a ocorrência é mais comum porque elas ainda estão desenvolvendo seus sistemas vestibulares e de coordenação. Mas costuma parar de ocorrer com o amadurecimento do cérebro”, esclarece a dra. Milena. 

Além disso, fatores como estresse e ansiedade, de acordo com a médica, também podem deixar os pacientes mais sensíveis à variação de movimento e agravar os sintomas. 

Veja também: Náuseas durante o treino? Veja o que pode ser e como prevenir

 

O que fazer para aliviar?

Existem diversas estratégias que podem ser usadas para amenizar ou prevenir o enjoo durante as viagens. Veja as recomendações dos especialistas: 

  • Escolha bem o assento: procure sentar em um local onde o movimento é menos perceptível – por exemplo, no carro, o banco dianteiro; em um barco, na região do meio; no avião, perto da asa; 
  • Evite ler durante o trajeto: tanto a leitura quanto o uso de telas deve ser evitado, pois focar em objetos fixos dentro do veículo aumenta a sensação de desequilíbrio; 
  • Faça pausas em viagens longas: se possível, levante de vez em quando para caminhar e respirar profundamente; 
  • Olhe um ponto fixo no horizonte: observar um ponto fixo à frente ajuda o cérebro a alinhar as informações visuais com o movimento;
  • Cuidado com as refeições: prefira opções leves e em pequenas quantidades antes da viagem, e não se esqueça de manter-se hidratado; 
  • Atenção a ventilação: o ar fresco pode aliviar a náusea. Se possível, deixe uma janela aberta ou use o ar-condicionado; 
  • Use técnicas de relaxamento: técnicas de relaxamento e respiração podem ser úteis para algumas pessoas, ajudando no controle da ansiedade. 

Para quem já convive com esse desconforto, utilizar medicamentos específicos para cinetose também ajuda a prevenir ou reduzir os sintomas. Não deixe de buscar orientação médica. 

 

Tratamentos possíveis para cinetose

Existem medicamentos específicos para prevenir ou tratar a cinetose. “Antieméticos (remédios para controlar enjoo) podem ser úteis em alguns casos, mas o uso deve ser orientado por um profissional para evitar efeitos adversos”, alerta o dr. Augusto. 

A reabilitação vestibular, que consiste em exercícios focados na recuperação e na estabilização do equilíbrio/labirinto, também ajuda no tratamento da cinetose e de outras labirintopatias. Em casos persistentes, o especialista recomenda uma avaliação com um otorrinolaringologista, que poderá investigar se há alterações no labirinto.

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