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Reabilitação precoce pós-AVC ajuda a reduzir sequelas e recuperar autonomia

A reabilitação pós-AVC visa devolver a autonomia ao paciente, que poderá conviver com sequelas pelo resto da vida. Entenda a importância de fazer fisioterapia o quanto antes

A reabilitação pós-AVC visa devolver a autonomia ao paciente, que poderá conviver com sequelas pelo resto da vida. Entenda a importância de fazer fisioterapia o quanto antes

Muitas das limitações que ficam após um acidente vascular cerebral (AVC) são encaradas como “normais”. Parece que sobreviver ao AVC é tudo o que o paciente pode alcançar, tendo que se contentar com as sequelas que vêm depois. No entanto, com o tratamento adequado, diversos sintomas relacionados ao problema podem ser bastante atenuados.

O acidente vascular cerebral é a maior causa de incapacidade no Brasil e tende a deixar sequelas duradouras, como dificuldade para engolir, perda de força e equilíbrio, alterações na fala, problemas de locomoção e problemas de memória. A espasticidade, isto é, a contração involuntária dos músculos, é uma das principais queixas e pode se manifestar logo após o evento ou em até três meses depois da alta hospitalar.

“Temos 400 mil casos de AVC por ano no Brasil, com cerca de 100 mil mortes. Entre os que sobrevivem, 90% deles têm ou terão alguma deficiência, 70% não voltarão ao mercado de trabalho e 50% vão precisar de um cuidador. Você imagina: uma pessoa que tinha uma vida, uma atividade, era provedora da casa, perde essa autonomia e vai precisar de alguém para cuidar das mínimas coisas”, descreveu Simone Amorim, doutora em Neurociências pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), durante evento do programa Caminhos Pós-AVC, uma realização da Ipsen ao longo do XV Congresso Brasileiro de AVC, que aconteceu em Florianópolis (SC). 

Essas limitações nem sempre são totalmente reversíveis. Por isso, a reabilitação se faz fundamental, não necessariamente para voltar ao estado anterior, mas maximizar a funcionalidade do paciente e devolver a sua autonomia.

Fisioterapia no pós-AVC

“Muitas vezes, não conseguimos resolver completamente a sequela, seja qual for a patologia. Mas conseguimos criar estratégias, movimentos e atitudes diferentes para que ela [a pessoa] faça tudo o que fazia antes, porém de uma forma adaptada”, explicou Celso Vilella, fisiatra especialista em medicina física e reabilitação, no evento da Ipsen.

O médico ressalta que muitos pacientes acham que a reabilitação os levará de volta a como era antes do acidente vascular cerebral. Às vezes, eles recuperam os movimentos; outras vezes, não. Portanto, o foco principal da fisioterapia é devolvê-los ao ambiente onde viviam, fazendo tudo o que faziam da melhor forma possível, mas considerando as dificuldades que agora apresentam.

“Isso depende muito menos de tecnologia e muito mais de iniciar a reabilitação rapidamente. Quanto mais rápido começar, melhor a qualidade de vida e funcionalidade”, destacou o fisiatra.

A intervenção precoce, logo nas primeiras 24 a 48 horas após a estabilização clínica, ajuda a prevenir complicações como rigidez, úlceras de pressão e outras sequelas ligadas ao imobilismo. Começar a reabilitação nos três meses após o AVC também garante melhores resultados, já que é o momento em que a neuroplasticidade está mais ativa. A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se reestruturar e criar novas conexões.

“Se você quer jogar bem futebol ou xadrez, quanto você treina para isso? Quanto mais treinar, melhor. Então, se você quer recuperar um movimento, quanto mais você fizer esse movimento, melhor. O centro de reabilitação serve como uma escola e um parâmetro para te orientar. Se eu reabilito precocemente, esse paciente pode voltar ao trabalho, gerando menos custo financeiro e social. A reabilitação é fundamental”, afirmou Celso.

A limitação física causada pelo AVC gera mais gasto energético, risco de quedas, dor e fadiga. Mas sequelas podem afetar também as emoções, a autoestima, as relações sociais e a realização de atividades cotidianas. O tratamento multiprofissional, incluindo fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia, busca lidar com esse quadro mais amplo, reinserindo o paciente no seu contexto social.

Veja também: Como é a recuperação depois de um AVC? – DrauzioCast #206

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