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Cirurgia geral

Preciso trocar meu implante de silicone a cada 10 anos?

Especialistas explicam o que realmente determina a troca e quais sintomas exigem atenção

Popularmente, a colocação de próteses de silicone é associada a uma decisão estética, devido ao desejo de aumentar ou remodelar os seios. Mas nem sempre essa é a motivação: em muitos casos, a cirurgia é indicada por razões médicas, como após o tratamento de um câncer de mama, ajudando a devolver a autoestima e o bem-estar. Independentemente do motivo, os cuidados de acompanhamento são os mesmos.

Durante muito tempo, também era quase automática a recomendação de trocar os implantes após dez anos. Atualmente, especialistas esclarecem que não existe um prazo de validade fixo para as próteses. A substituição só deve ser feita em situações específicas. 

“Hoje, a paciente deve trocar apenas quando há alterações em exames, como a mamografia e a ultrassonografia, ou quando deseja aumentar ou reduzir o tamanho dos seios”, explica Marcelo Sampaio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). 

Essa mudança de orientação está ligada aos avanços da medicina, especialmente na cirurgia plástica, que hoje conta com técnicas mais seguras e implantes mais resistentes. “As próteses modernas têm maior durabilidade e podem permanecer no corpo por muitos anos sem necessidade de troca, desde que não haja complicações”, complementa Fernando Bianco, também membro titular da SBCP. 

Entenda quando realmente é hora de trocar o implante de silicone e quais cuidados garantem segurança e bem-estar a longo prazo.

 

Quando a troca é necessária

A necessidade de substituição geralmente está associada a complicações, como a contratura capsular (um endurecimento da cápsula que se forma ao redor do implante e pode provocar dor e deformidades), ruptura da prótese, dor persistente, inflamação ou infecções no pós-operatório. “A ruptura é rara, ocorre em menos de 1% das próteses ao longo de dez anos”, afirma o dr. Marcelo.

Há também situações em que a troca é motivada apenas por escolha estética, seja para mudar o tamanho, o formato ou corrigir alterações naturais das mamas ao longo dos anos. 

Alguns sinais funcionam como alerta para a paciente: desconforto, aumento da sensibilidade, endurecimento, dor, assimetria, caroços, ondulações visíveis sob a pele ou nódulos palpáveis. 

“As queixas mais comuns são mamas duras e doloridas, alteração de formato, aparecimento de caroço, ondulações severas sob a pele e assimetria dos seios. Infecções no período pós-operatório podem acontecer também, com sinais como febre, vermelhidão ou saída de secreção. Nesse cenário, é recomendada a retirada da prótese”, detalha o médico. Nem sempre, porém, há sintomas evidentes. “A ruptura pode ser silenciosa, detectada apenas em exames de imagem”, complementa o dr. Fernando.

Veja também: Retirada de silicone: quando o explante é indicado?

 

A importância do acompanhamento

O acompanhamento regular com o cirurgião plástico é fundamental para garantir a integridade do implante. Além da avaliação clínica, exames como ultrassonografia, mamografia e, em casos específicos, ressonância magnética ajudam a identificar alterações precocemente. 

“O acompanhamento médico é necessário para identificar uma possível contratura capsular ou outra complicação que possa ter passado despercebida”, reforça o dr. Fernando.

O dr. Marcelo orienta que mesmo pacientes sem sintomas realizem a primeira avaliação entre cinco e dez anos após a cirurgia. “O objetivo é garantir que a prótese esteja íntegra e funcionando como deveria.”

 

Avanços nos implantes de silicone que mudaram a recomendação

Os avanços nos implantes também explicam a mudança nas recomendações de troca. “As próteses atuais apresentam melhor qualidade, provocam menos reação tecidual, têm menos possibilidade de contratura e oferecem mais resistência”, explica o dr. Fernando.

O dr. Marcelo completa dizendo que os implantes de hoje contam com revestimentos mais resistentes e gel de silicone de alta coesividade, que reduzem o risco de ruptura e vazamento. “Além disso, as técnicas cirúrgicas mais modernas também contribuem para uma maior segurança e longevidade dos resultados.”

A decisão sobre trocar uma prótese de silicone deve ser individualizada, baseada em exames, sintomas e avaliação médica especializada.

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