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Diclofenaco pode causar problemas cardiovasculares?

Os problemas cardiovasculares podem surgir como efeito adverso do diclofenaco, um aliado no combate a dores e inflamações. Entenda como tomar o medicamento de forma segura. 
Publicado em 13/05/2025
Revisado em 13/05/2025

Os problemas cardiovasculares podem surgir como efeito adverso do diclofenaco, um aliado no combate a dores e inflamações. Entenda como tomar o medicamento de forma segura. 

O diclofenaco é um anti-inflamatório popularmente utilizado para aliviar a dor. Pessoas com artrite, entorses, distensões, dores pós-operatórias e até cólicas menstruais provavelmente já recorreram a esse medicamento alguma vez na vida. No entanto, o seu uso indiscriminado pode levar a efeitos colaterais sérios, como problemas cardiovasculares.

Como o diclofenaco age no corpo?

Existem diversas enzimas no nosso organismo. Entre elas, estão a ciclooxigenase-1 (COX-1) e a ciclooxigenase-2 (COX-2). A COX-1 está presente em praticamente todas as células do corpo e ajuda, por exemplo, a proteger o estômago da acidez do suco gástrico, manter o bom funcionamento dos rins e controlar a coagulação do sangue. Já a COX-2 aparece apenas quando há algum problema, como inflamações e ferimentos. Ela provoca dores e inchaços a fim de estimular a resposta natural de defesa do organismo.

O diclofenaco, por sua vez, atua inibindo a ação dessas duas enzimas.

“Existe uma inibição um pouco mais pronunciada da COX-2, que é a enzima mais ligada à inflamação. Ao fazer isso, ele reduz a produção de substâncias inflamatórias, o que alivia a dor, o edema (inchaço) e a vermelhidão”, explica o dr. Pedro Ivo Moraes, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a SOCESP.

No entanto, ao inibir também as funções da COX-1, essenciais para o bom funcionamento do organismo, podem surgir alguns efeitos colaterais indesejados.

Efeitos colaterais associados ao diclofenaco

O diclofenaco é amplamente receitado desde a década de 1980. Além de passar por diversas pesquisas antes de ser colocado à venda, qualquer medicamento deve apresentar à Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, uma série de documentos que, inclusive, listam as possíveis reações adversas. Mesmo depois do início da comercialização, a Anvisa continua monitorando os medicamentos aprovados, a fim de identificar novas queixas.

Na bula do diclofenaco, existem três efeitos colaterais principais associados ao seu uso:

  • Gastrite: a inibição da COX-1 leva a uma redução na síntese de prostaglandinas, substâncias importantes na proteção da mucosa gástrica. Por isso, pode ocorrer dor e queimação no estômago e gastrite.
  • Problemas nos rins: a inflamação renal é outra consequência associada à inibição da COX-1.
  • Doenças cardiovasculares: a mesma ação está ligada ao aumento no risco de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e AVC.

Portanto, ainda que o diclofenaco não exija prescrição médica, é importante utilizá-lo seguindo orientação médica.

Veja também: Quanto tempo temos para chegar ao hospital em casos de infarto?

Como usar o diclofenaco com segurança?

“O uso deve ser consciente, pelo menor tempo possível e em doses não excessivas. Estudos mostram que o risco cardiovascular é maior em doses altas e em uso prolongado. Por isso, orientamos, sempre que possível, limitar o uso a no máximo cinco dias”, recomenda o dr. Pedro Ivo.

Pacientes com fatores de risco estão ainda mais vulneráveis – pessoas com doenças cardiovasculares já estabelecidas, hipertensão não controlada, diabetes, idade avançada, tabagismo e colesterol elevado. Por causa do desbalanço de algumas substâncias no organismo, esse grupo apresenta maior vasoconstrição e risco de trombose, aumentando o perigo de desenvolver eventos cardiovasculares graves. 

Portanto, é fundamental conversar com o seu médico antes de tomar o diclofenaco. Se fizer parte do grupo contraindicado para o medicamento, é preferível evitar os anti-inflamatórios não esteroides e optar por analgésicos, opioides ou corticosteroides, dependendo do caso.

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