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Coluna da Mariana Varella

Saiba o que causou os casos de virose gastrointestinal no litoral de SP

jovem com virose gastrointestinal deitada na cama, com tronco dobrado e mão na barriga, em sinal de dor
Publicado em 10/01/2025
Revisado em 10/01/2025

Casos de virose gastrointestinal no litoral paulista preocupam autoridades sanitárias. Saiba o que fazer e como evitá-las na coluna de Mariana Varella.

 

Nas últimas semanas, os casos de gastroenterite – inflamação aguda do revestimento do estômago e dos intestinos –  têm chamado a atenção de autoridades sanitárias. A maioria das infecções ocorreu no litoral paulista, na Baixada Santista e em São Sebastião.

Nas redes sociais, pessoas com náuseas, vômitos, diarreia e mal-estar relatam que os sintomas começaram de modo abrupto e duraram alguns dias.

Veja também: Viroses infantis

As gastroenterites em geral são causadas por vírus e bactérias e transmitidas por via oral-fecal, por meio da alimentação ou da água contaminada. A água do mar também pode causar infecções gastrointestinais, embora com menos frequência.

Quando são causadas por vírus, como no caso do litoral paulista, os sintomas surgem após o consumo de água ou alimentos contaminados, depois do contato próximo com pessoas infectadas e em locais com más condições de higiene. Podem vir acompanhados de náuseas, vômitos, dor abdominal, perda de apetite e febre e têm duração limitada (raramente passam de sete dias). 

Os principais vírus que podem causar diarreia são os rotavírus, que acometem principalmente crianças pequenas e contra os quais existe vacina, os adenovírus e os norovírus.

Já as diarreias bacterianas causam sintomas semelhantes aos das diarreias virais, mas a febre pode ser mais alta e mais persistente, de acordo com o infectologista Bruno Ishigami. “A presença de muco ou sangue nas fezes também leva à suspeita de um quadro bacteriano”, afirma o médico. “Nesses casos, é preciso uma avaliação médica para verificar a necessidade de uso de antibiótico e, caso necessário, escolher qual o indicado”, complementa.

As bactérias que mais comumente causam quadros de diarreia aguda são Campylobacter, Salmonella, Shigella, Staphylococcus aureus e Escherichia coli, entre outras.

As parasitoses também podem provocar gastroenterites. Também chamados de “vermes”, os parasitas que podem provocar diarreia mais comuns são: Ascaris lumbricoides (lombriga), ancilostoma (que causa o amarelão), os oxiúros e as tênias. A amebíase e a giardíase são infecções causadas por protozoários que também podem causar diarreia.

Por fim, o tratamento inclui medicamentos que devem ser indicados por um médico.

 

Litoral Paulista

Durante o verão, são comuns as epidemias de doenças gastrointestinais, especialmente as provocadas por vírus.

Nesta época, cidades com infraestrutura precária, sem rede de saneamento adequada, recebem muito mais pessoas do que podem acomodar.

Desde o início, as autoridades sanitárias suspeitaram que os casos de gastroenterite no litoral paulista tivessem sido causados por  um enterovírus, gênero dos vírus que costumam provocar a doença. Essas viroses são altamente contagiosas, o que ajudaria a explicar a velocidade com que a epidemia atingiu o litoral de São Paulo. 

De fato, no dia 9/1 a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo afirmou que a causa do surto de virose foi um norovírus. Contudo, ainda não se sabe exatamente por que o surto ocorreu.

Amostras de fezes de pessoas com sintomas de virose foram encaminhas para o Instituto Adolf Lutz, que confirmou que confirmou a causa do surto.

Várias farmácias ficaram sem medicamentos para tratar diarreia e enjoo, e os hospitais de cidades como Santos, Praia Grande e Guarujá, no litoral sul, ficaram lotados.

 

Sintomas e tratamento

Em geral, os sintomas das gastroenterites causadas por vírus desaparecem espontaneamente. O maior risco, no entanto, é a desidratação.

Para evitá-la, em caso de diarreia e vômitos:

  • Tome bastante líquido (cerca de 2 a 3 litros por dia). Dê preferência ao soro caseiro ou a bebidas que contenham sódio e potássio, como água de coco. É importante ingerir de 50 a 100 mL (meio copo americano) de líquido depois de cada ida ao banheiro.
  • Atenção: pessoas com pressão alta, doenças renais ou cardíacas, glaucoma, entre outras, não podem ingerir sódio em grandes quantidades. Assim, se você tem alguma doença crônica e apresentar diarreia, consulte seu médico;
  • Caso o paciente ainda seja lactente, mantenha o aleitamento materno. Pessoas de outras faixas etárias devem manter a alimentação, mas evitar alimentos gordurosos e com resíduos, como bagaço de frutas e salada;
  • Lave bem as mãos depois de usar o banheiro e antes das refeições;
  • Preste atenção às crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas, pois eles desidratam mais depressa, às vezes em um só dia.

 

Prevenção

  • Não entre na água da praia se ela estiver classificada como imprópria pela Cetesb e evite banhos de mar 24 horas após as chuvas;
  • Lave sempre as mãos com sabão e água limpa, principalmente antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, depois de utilizar transporte público ou tocar superfícies que possam estar sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e depois de amamentar e trocar fraldas;
  • Lave e desinfete as superfícies, os utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
  • Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em recipientes fechados);
  • Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, aguardar por 30 minutos antes de usar);
  • Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo a “boca” estreita para evitar a recontaminação;
  • Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou beber;
  • Evite o consumo de alimentos crus ou malcozidos (principalmente carnes, pescados e mariscos) e alimentos cujas condições higiênicas, de preparo e acondicionamento sejam precárias;
  • Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando não houver coleta de lixo,  enterre-o em local apropriado;
  • Use sempre o vaso sanitário, mas se isso não for possível, enterre as fezes sempre longe dos cursos de água;
  • Evite o desmame precoce. Manter o aleitamento materno aumenta a resistência das crianças contra as diarreias.

 

Com informações da Agência Brasil

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