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Reumatologia

Tratamento da esclerose sistêmica avança nas últimas décadas

Por ser uma doença bastante complexa, as possibilidades de tratamento da esclerose sistêmica ainda são restritas. Mas há novos medicamentos chegando. Saiba mais.
Publicado em 10/12/2024
Revisado em 10/12/2024

Por ser uma doença bastante complexa, as possibilidades de tratamento da esclerose sistêmica ainda são restritas. Mas há novos medicamentos chegando. Saiba mais.

Entre as doenças reumatológicas, a esclerose sistêmica (ES) é a responsável pelo maior número de mortes, segundo dados do Ministério da Saúde. A gravidade tem a ver com a disseminação da ES por várias partes do corpo. Na pele, o paciente pode sofrer com inchaços, manchas e até amputação dos dedos. No trato gastrointestinal, a doença resulta em refluxo, constipação, distensão abdominal, entre outros sintomas. Os pulmões também tendem a ser afetados, levando à hipertensão arterial pulmonar ou à fibrose pulmonar, principais causas de óbito em quem tem a doença.

O tratamento da esclerose sistêmica, no entanto, ainda é limitado, com poucas opções disponíveis e nenhuma delas on label — ou seja, com recomendação indicada na bula. Mas existem novidades promissoras nesse cenário, apresentadas ao Portal Drauzio pela dra. Adriana Zimmerman, membro da Comissão de Esclerose Sistêmica da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), durante o XLI Congresso Brasileiro de Reumatologia.

Tratamento atual para esclerose sistêmica

Atualmente, os dois tratamentos de escolha da ES são feitos com medicamentos imunossupressores: o metotrexato, voltado para a fibrose da pele; e o micofenolato de mofetila, indicado para as manifestações pulmonares.

Para as complicações gastrointestinais, não existem evidências científicas sobre os benefícios dos imunossupressores. Nesses casos, o tratamento é sintomático, utilizando inibidores de acidez, medicamentos procinéticos e, ocasionalmente, antibióticos.

“É uma doença com muitas necessidades não atendidas. Os imunossupressores são medicamentos que têm os seus efeitos adversos, como as infecções. Então, você tem que saber o tempo que você vai usar e isso não está definido. Não tem nenhum estudo mostrando. Vai depender muito da experiência do médico em avaliar o seu paciente individualmente”, pondera a dra. Adriana.

Novidades terapêuticas a caminho

Por outro lado, nas últimas décadas, a comunidade científica tem se esforçado para desenvolver medicações mais específicas para os pacientes com esclerose sistêmica. 

Em 2019, um estudo conduzido em mais de 32 países mostrou benefícios importantes do medicamento nintedanibe associado ao micofenolato em pacientes com grave comprometimento da função pulmonar. No final do mesmo ano, a medicação antifibrótica foi aprovada no Brasil pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

O tocilizumabe, um imunobiológico inibidor do receptor da interleucina 6 (IL-6R), também se tornou uma opção para a esclerose sistêmica difusa, isto é, forma da doença que se dissemina da pele para todo o corpo. O medicamento foi aprovado em 2021 pelo FDA, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, mas, no Brasil, ainda está restrito ao tratamento da artrite reumatoide.

Outro agente imunobiológico que tem mostrado benefícios tanto no envolvimento cutâneo quanto pulmonar é o rituximabe, um anticorpo monoclonal que destrói células B. No entanto, ainda não há uma aprovação formal global específica do medicamento para o tratamento da ES.

Nenhum desses medicamentos está disponível pelo SUS, mas todos foram incluídos nas recomendações atualizadas da European Alliance of Associations for Rheumatology (Eular ou Aliança das Associações Reumatológicas Europeias, em tradução livre) para o tratamento da esclerose sistêmica, texto que baseia grande parte da pesquisa acadêmica e da prática clínica ao redor do mundo.

“Apesar dos avanços, ainda temos um caminho muito longo pela frente. Uma das tarefas da Sociedade Brasileira de Reumatologia para os próximos anos é fazer mobilizações junto às associações de pacientes, a fim de pressionar e conseguir um melhor acesso às medicações no sistema público de saúde”, afirma a dra. Adriana.

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