O casal infectado pelo vírus do sarampo estava na Europa e foi alertado da exposição pelas autoridades de saúde italianas. O Brasil não registrava novos casos desde 2022.
O governo do estado de São Paulo acaba de confirmar dois novos casos de sarampo importado. O casal, que voltava da Europa, havia recebido o alerta das autoridades de saúde italianas após a exposição que aconteceu durante o voo de Portugal à Itália, em 21 de setembro.
O primeiro paciente é um homem de 37 anos, sem histórico de vacinação. A segunda é uma mulher de 35 anos, vacinada em 2019. Eles são casados. Ambos apresentavam erupções vermelhas na pele, e os casos foram confirmados por RT-PCR detectável, em amostras de secreção de naso-orofaringe (ambos) e urina (esposa).
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Em nota, a Secretaria de Saúde informou que foi identificado o genótipo D8 na paciente (esposa), com linhagem diferente dos genomas sequenciados em São Paulo, durante a epidemia de 2019 e 2020 e, das linhagens D8 detectadas no Brasil, no período de 2018 a 2024, indicando reintrodução de vírus do sarampo importado.
No mesmo documento, a Secretaria fez um alerta aos profissionais de saúde e pede para que considerem como suspeita qualquer pessoa com febre e erupção cutânea maculopapular generalizada, associada a tosse, coriza ou conjuntivite, investigando se apresentam histórico de deslocamentos.
Veja a lista de medidas emergenciais:
- Identificação rápida dos casos de sarampo;
- Efetividade das medidas de prevenção e controle, para evitar a transmissão do vírus, incluindo em pacientes internados em hospitais;
- Garantia de que a vacina esteja sendo aplicada adequadamente nos profissionais de saúde e na população mais vulnerável (crianças menores de cinco anos, profissionais que atuem no setor de turismo, participantes de eventos de massa, motoristas de táxi, funcionários de hotéis e restaurantes, e outros que mantenham contato com viajantes, além de migrantes e refugiados).
Sintomas do sarampo
O sarampo é uma doença infectocontagiosa provocada por um Morbilivirus e transmitida por secreções das vias respiratórias como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse. O período de incubação (tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas) é de cerca de 12 dias, mas a transmissão pode ocorrer antes e estender-se até o quarto dia depois do aparecimento de erupções avermelhadas na pele. Entre os principais sintomas estão:
- Manchas avermelhadas na pele (exantema maculopapular eritematoso), que começam no rosto e progridem em direção aos pés;
- Febre;
- Tosse;
- Mal-estar;
- Conjuntivite;
- Coriza;
- Perda do apetite;
- Manchas brancas na parte interna das bochechas (exantema de Koplik);
- Otite;
- Pneumonia;
- Encefalite.
Em junho de 2024, o Brasil estava havia dois anos sem registrar casos autóctones (com transmissão em território nacional) de sarampo, e estava próximo de retomar a certificação de ‘país livre de sarampo’, após sair da condição de região endêmica em 2023. O último caso de sarampo confirmado foi em 5 junho de 2022, no Amapá.
Como agir em casos de suspeita de sarampo
Em casos de suspeita, a Secretaria recomenda que o caso seja notificado à Vigilância Epidemiológica local (municipal) em até 24h; que sejam coletados sangue, secreção naso-orofaríngea e urina para a realização do diagnóstico; que sejam adotadas medidas de controle apontadas no Guia de Vigilância em Saúde; e que seja orientado o isolamento social durante o período de transmissibilidade (seis dias antes e quatro dias após o exantema).
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Recomendações para viajantes e quem está retornando ao país
Quem irá viajar deve garantir que a situação vacinal esteja atualizada com a vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, de acordo com o calendário nacional e estadual de imunização.
Quem está retornando ao país, é preciso se atentar ao aparecimento de sintomas até 21 dias após o retorno. Caso tenha febre e exantema, evite o contato com outras pessoas e procure imediatamente serviço médico para o diagnóstico e a avaliação de um profissional da saúde. Na presença de sintomas gripais após a viagem, use máscara até receber avaliação médica.
Vacina contra o sarampo
A vacina antissarampo é eficaz em cerca de 97% dos casos. Ela deve ser aplicada em duas doses (a partir do 12º mês de vida da criança e a segunda, entre os 15 e 24 meses, de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização), e está disponível para todas as pessoas de 12 meses a 59 anos de idade. Adolescentes e adultos não vacinados ou com esquema incompleto devem iniciar ou completar o esquema vacinal de acordo com a própria situação, respeitando as indicações do Calendário Nacional de Vacinação.
No SUS, há duas vacinas disponíveis para proteção contra o sarampo: vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e a tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Veja o esquema de vacinação completo aqui.
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