Procedimento pode causar micoses, infecções, alterações na unha e aumentar risco de câncer.
Quem frequenta salões de beleza ou acompanha as tendências da moda, já deve ter ouvido falar das unhas em gel. Apesar de oferecer um acabamento impecável, brilhante e durável, a técnica pode causar alguns riscos à saúde.
“As chances de surgirem problemas de saúde aumentam com a maior frequência do uso de unhas em gel. Recomenda-se que sejam utilizadas apenas em situações especiais e não de forma rotineira”, destaca Nádia Barbosa Aires, dermatologista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília.
Como é a técnica e quais produtos são usados?
Primeiramente, é fundamental compreender o processo de aplicação da esmaltação em gel. O procedimento começa com a preparação e o lixamento das unhas para garantir uma adesão adequada do gel.
Em seguida, aplica-se uma camada de base, seguida por uma ou mais camadas de gel colorido e, por fim, um top coat para proporcionar um acabamento brilhante.
Cada camada de gel é endurecida sob uma lâmpada UV ou LED. Já a remoção envolve a aplicação de um removedor à base de acetona para amolecer o gel, com o auxílio de ferramentas apropriadas.
Riscos para a saúde das unhas
Durante o processo de aplicação da técnica de unhas em gel, as unhas são lixadas, o que pode causar afinamento e torná-las mais quebradiças. A remoção do gel é realizada com acetona, que também pode levar ao descolamento das camadas da unha.
Além disso, o esmalte aplicado forma uma camada que impede a hidratação, resultando em unhas irregulares ou quebradiças, que podem descolar e descamar.
Alterações na cor, como manchas ou descoloração, podem ocorrer e indicar infecções. Também existe o risco de micoses, uma vez que fungos proliferam em ambientes úmidos e mal-higienizados, causando infecções fúngicas nas unhas.
“Geralmente, as unhas em gel são longas e não aderem completamente às unhas naturais. Isso faz com que a unha fique mais úmida e aquecida, criando um ambiente favorável para infecções fúngicas e bacterianas. Mesmo quando a técnica é realizada corretamente, isso pode aumentar o risco de problemas nas unhas”, explica Tatiana Gabbi, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
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Impactos na saúde da pele
Um estudo publicado na revista Nature revelou que a exposição aos raios ultravioletas das lâmpadas utilizadas para secar o gel pode ser cancerígena. Os pesquisadores identificaram que o risco é proporcional ao tempo de exposição, indicando que o perigo de câncer de pele aumenta com o uso prolongado.
“Apesar de a cabine emitir uma luz intensa, a exposição é bastante baixa em comparação à exposição solar, além de não ser tão frequente. Portanto, o risco de câncer de pele ou unha é baixo”, opina Gabbi.
Além disso, há o risco de surgir a dermatite de contato devido ao uso de metacrilatos presentes nas unhas em gel. Essas substâncias também se encontram em colas para unhas e causam alergias de contato que se desenvolvem de forma gradual, piorando a cada reaplicação ou manutenção.
“As lesões alérgicas surgem mais comumente nos dedos e nas mãos, mas também podem afetar o rosto, as orelhas e os antebraços, devido ao contato das unhas de gel com outras partes do corpo”, explica Aires.
Vale destacar que algumas pessoas desenvolvem dermatite de contato sistêmica após a esmaltação em gel. Vermelhidão, coceira, inchaço, descamação e erupções cutâneas na área afetada são alguns dos sintomas que podem surgir.
É possível prevenir os danos?
Se você decidiu aplicar as unhas em gel, é importante adotar algumas atitudes para diminuir os danos causados.
“O ideal é evitar o uso da esmaltação em gel por conta dos riscos mencionados. No entanto, em casos no qual há um problema estético grave, a técnica pode contribuir com a restauração da unha de forma recorrente. Ainda assim, há poucos estudos sobre o tema e, de forma geral, a literatura médica atual não recomenda o uso de unhas em gel”, complementa Gabbi.
Entre as dicas das especialistas consultadas, estão:
- Evite aplicar unhas de gel em unhas com lesões ou problemas de saúde;
- Mantenha as cutículas intactas, pois elas oferecem proteção contra infecções;
- Não lixe excessivamente a superfície das unhas;
- Fique períodos sem cobertura nas unhas entre as aplicações para reduzir danos;
- Use filtro solar ou luvas de proteção ao expor as mãos à luz UV da cabine;
- Realize o procedimento com um profissional capacitado, que saiba aplicar a técnica de forma adequada;
- Consulte um dermatologista se notar qualquer alteração nas unhas.
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