Osteoporose em 6 perguntas | Marise Lazaretti - Portal Drauzio Varella
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Osteoporose em 6 perguntas | Marise Lazaretti

A endocrinologista dra. Marise Lazaretti e, do lado direito, o texto "osteoporose em 6 perguntas".
Publicado em 16/07/2018
Revisado em 11/08/2020

Doença se caracteriza pela diminuição progressiva da densidade óssea. Especialista responde algumas das principais perguntas sobre osteoporose. Assista.

 

Osteoporose é uma condição metabólica que se caracteriza pela diminuição progressiva da densidade óssea e aumento do risco de fraturas. É uma doença que, na maioria dos casos, está relacionada ao envelhecimento.

Para esclarecer dúvidas sobre a doença, entrevistamos a dra. Marise Lazaretti, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Este conteúdo faz parte de uma parceria entre o Portal Drauzio Varella e o Grupo DPSP.

 

Por que a osteoporose é uma doença mais prevalente em mulheres com mais de 50 anos?

A osteoporose é uma doença em que acontece o enfraquecimento dos ossos. O próprio nome já diz: osteoporose, como se os ossos ficassem mais porosos, portanto, mais fracos, a ponto de se quebrarem com mais facilidade. Muita gente confunde a osteoporose com a osteoartrose; os nomes são parecidos, mas as doenças são diferentes. A primeira é uma doença dos ossos, eles enfraquecem e se quebram com mais facilidade, enquanto a osteoartrose é uma doença das articulações (juntas), que sofrem desgaste com a idade e acabam doendo.

A mulher tem mais osteoporose do que o homem porque ela sofre o processo que chamamos de menopausa, marcada pela última menstruação da mulher. Em geral ela ocorre ao redor dos 50 anos de idade e é acompanhada pela falta de produção dos hormônios femininos (o estrogênio) pelos ovários.

O estrógeno é muito importante para o osso, ele faz o osso ficar forte. Na menopausa, como cai o nível de estrógeno, os ossos acabam se enfraquecendo. Como o homem não tem um processo parecido com a menopausa, a osteoporose pode ocorrer no homem, mas é mais rara e acontece mais tardiamente, ao redor dos 70 anos. Portanto, o homem também tem osteoporose, mas tem menos que a mulher e com idade mais avançada.

 

Como saber se uma pessoa tem osteoporose?

A osteoporose é uma doença silenciosa, sem sintomas, a não ser quando ocorre a fratura no osso. Mas existem alguns dados que podem sugerir ou indicar que a pessoa tem mais risco de ter a doença. Um exame muito importante é a densitometria óssea, feita em um aparelho que mede o conteúdo de cálcio do osso, ou seja, a densidade do osso. Esse exame pode nos dizer quem tem mais risco de ter osteoporose.

De maneira geral, a densitometria está indicada para toda mulher com mais de 65 anos e para todo homem com mais de 70 anos, mas pode ser solicitada antes, caso o médico ache que o paciente tem mais risco de desenvolver a doença. Por exemplo:

  • Para a mulher que entrou em menopausa muito cedo, antes dos 40 anos (menopausa precoce), e que não fez reposição hormonal durante a menopausa;
  • As miúdas, mais magras e baixas;
  • As fumantes, já que o tabagismo é um fator de risco para a doença;
  • As que têm doenças crônicas, pois a maior parte dessas doenças aumenta o risco de desenvolver osteoporose.

Há várias situações que precisam ser avaliadas para saber se o paciente tem mais risco de ter osteoporose.

 

Por que exercícios físicos podem prevenir a osteoporose?

Os ossos são importantes para carregar nosso corpo, para possibilitar os movimentos, e são ligados aos músculos. Então, tudo o que faz o músculo atrofiar, também faz o osso atrofiar. É como se a natureza fosse mais econômica: se você não precisa do osso, ele enfraquece. Se você não mostra que precisa usá-lo, ele vai enfraquecendo.

E como nosso corpo entende isso? Quando eu exijo do meu osso um trabalho. E isso é feito com a atividade física: caminhada, musculação, jogos, dança (que é muito boa para os ossos e é divertida e boa opção para quem não gosta de fazer exercícios). O sedentarismo é péssimo para o osso, pois ficar parado faz com que o osso vá sendo reabsorvido, porque o corpo entende que não precisa dele, então ele pode ser mais leve, mais fraco.

Os exercícios são fundamentais para os ossos e devem fazer parte de todas as etapas da vida, desde a infância até a velhice. Não podemos ficar parados de jeito nenhum.

 

Quais são as regiões do corpo mais afetadas pela osteoporose?

As fraturas osteoporóticas acontecem mais predominantemente em determinados ossos: as vértebras, na coluna vertebral, são os ossos que têm mais risco de sofrer osteoporose. Essas fraturas vertebrais, que são dolorosas, fazem com que a pessoa vá ficando encurvada. Algumas pessoas chamam esse processo de “corcova de viúva”, já que são as mulheres que têm mais risco de ter osteoporose.

Além das vértebras, também podem ocorrer fraturas no úmero, no braço, perto do ombro e no punho. Essas fraturas ocorrem com traumas pequenos. Por exemplo, uma pessoa cai ao caminhar e se apoia com as mãos, o que leva a uma fratura no punho ou nos dois punhos ao mesmo tempo.

Outra fratura muito comum nas pessoas mais velhas é a fratura de quadril, que na verdade é a fratura do fêmur proximal, na parte em que esse osso se encaixa na bacia. Às vezes, a fratura pode ocorrer por causa de uma queda ou espontaneamente, quando o osso está muito fraco. Essa fratura é bem típica da osteoporose.

 

Qual a relação entre a falta de cálcio e o surgimento da doença?

O cálcio é o principal elemento que torna o osso duro, rígido. O osso é mineralizado, quanto mais cálcio no osso, mais forte e resistente ele fica. O cálcio do osso vem dos alimentos, portanto é muito importante que nossa alimentação contenha uma quantidade mínima de cálcio. O mineral vem basicamente dos laticínios, ou seja, do leite e seus derivados. É muito difícil ingerir a quantidade de cálcio necessária por dia (ao redor de 1 g) sem consumir laticínios. Quem não consome esses produtos precisa complementar a alimentação com comprimidos com cálcio, para que os ossos não enfraqueçam.

 

Quais as recomendações para quem tem osteoporose?

Na hora em que identificamos um paciente com risco para desenvolver osteoporose, seja pela densitometria ou porque ele já teve uma fratura osteoporótica, indica-se um tratamento que tem um tripé básico:

  • Melhorar a ingestão de cálcio por meio da alimentação;
  • Adequar a quantidade de vitamina D da pessoa, pois essa vitamina é responsável pelo aproveitamento do cálcio alimentar;
  • Inserir atividade física.

Depois de montarmos esse tripé, podemos pensar no tratamento com medicamentos. Existe uma série de medicamentos  que são muito eficazes para tratar e prevenir novas fraturas. A escolha do medicamento deve ser individualizada, mas o importante é saber que existe tratamento, que é possível diminuir muito o risco de ter a primeira fratura ou novas fraturas, e que é importante que o tratamento seja para o resto da vida. Não podemos dizer que a osteoporose tem cura, mas é possível tratá-la e melhorar muito a qualidade de vida de quem tem a doença e já sofreu alguma fratura.

 

Assista abaixo ao vídeo completo

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