O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais frequente na população masculina, com cerca de 70 mil novos casos por ano no Brasil, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Ele fica atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Fatores como idade, histórico familiar, sobrepeso e obesidade podem aumentar o risco de um homem desenvolver a doença. Para realizar o diagnóstico, os principais exames utilizados são a dosagem de PSA e o toque retal. Entenda a seguir como eles funcionam.
O que é e para que serve o PSA
O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma proteína produzida pela próstata, cuja função é liquefazer o esperma, que também é produzido no órgão. Parte do PSA passa para o sangue e, dessa forma, é possível dosar essa quantidade através de um exame de sangue simples. O PSA pode estar aumentando em algumas alterações da próstata, como:
- Prostatite (inflamação da próstata);
- Hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata);
- Câncer de próstata.
“O PSA pode estar elevado quando a gente tem câncer, mas ele pode estar elevado em outras circunstâncias. Portanto, ele sozinho não faz o diagnóstico de câncer, ele serve para alertar, para levantar a suspeita e poder prosseguir na investigação”, afirma Felipe de Paula, uro-oncologista no Hospital de Esperança, em Presidente Prudente (SP), e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – Secção São Paulo (SBU-SP).
O valor de referência do PSA para a maioria dos casos será de 2,5 ng/mL, mas isso pode variar conforme a idade e até mesmo o tamanho da próstata do paciente. O especialista explica que o câncer progride de maneira lenta e, quando existe um tumor, o PSA continua subindo progressivamente e se mantém elevado.

Como é feito o exame de toque retal
Embora seja temido por muitos, o exame de toque retal é, na verdade, bem simples. “É um exame absolutamente inócuo, que a gente realiza em poucos segundos, apenas com o uso de luva e um lubrificante. A ideia é que a gente possa sentir a consistência periférica da próstata. O câncer cresce para fora da próstata, na periferia [parte externa] dela. Por isso, quando a gente toca através do reto, a gente consegue sentir a consistência da próstata, é como se nós tivéssemos palpando o cotovelo através de uma camisa de manga longa. Então, você não põe o dedo direto na próstata pelo reto, mas ele está do lado e você consegue sentir”, detalha o especialista.
Ele explica que a próstata normalmente tem consistência mole, enquanto o tumor é um nódulo sólido, duro. Por isso, quando o médico palpa um nódulo endurecido no exame, é um sinal de que pode haver câncer.
O exame pode ser realizado de várias maneiras: com o paciente deitado de lado, de barriga para cima em posição ginecológica, em posição de quatro apoios ou até mesmo em pé, apoiado na maca de exame.
“A gente consegue fazer uma boa avaliação da próstata em poucos segundos e ele não demanda nenhum preparo prévio para ir ao consultório do urologista. Não carece limpeza, manipulação retal, lavagem ou coisas desse tipo. Não gera dor, não gera problemas do ponto de vista de fissura ou lesão. É um exame realmente muito tranquilo”, diz o dr. Felipe.

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Exames complementares
O PSA e o toque retal são exames complementares. “Não se utiliza só o PSA, e nem só o toque, é um associado ao outro. Aproximadamente 30% a 35% dos tumores vão apresentar PSA normal. E esses tumores, quando a gente faz o toque retal, nós conseguimos diagnosticá-los”, afirma.
Há ainda outros exames que podem ser solicitados pelo médico durante a avaliação. O ultrassom transretal é um exame que pode agregar informações a mais sobre o tamanho da próstata, mas segundo o dr. Felipe, ele é usado apenas para guiar a biópsia do órgão: é a chamada biópsia transretal, em que a agulha é inserida pelo reto. Hoje, existe também a biópsia transperineal, que é feita através do períneo, e apresenta menor índice de infecção associada ao procedimento.
“Quando o PSA está alterado, ou existe um nódulo no toque retal, a gente indica a biópsia de próstata, que essa sim vai ser definitiva, porque ela vai colher vários fragmentos de várias regiões da próstata. Isso vai para análise anatomopatológica e a gente consegue ter certeza se essa próstata tem neoplasia ou não.”
Para a realização da biópsia, cada clínica tem o seu protocolo, mas geralmente se recomenda um antibiótico profilático um dia antes, no dia do exame e no dia seguinte.
Outro exame possível é a ressonância magnética da próstata, que pode trazer informações úteis antes mesmo da biópsia, como indicar em que região da próstata pode ser melhor retirar fragmentos, por exemplo, além de avaliar outros aspectos específicos que podem influenciar o tratamento posterior do câncer, sempre priorizando o melhor resultado funcional para o paciente. O preparo da ressonância geralmente exige uma dieta mais leve e jejum de algumas horas antes do exame.

Quando rastrear o câncer de próstata?
Em relação ao rastreio do câncer de próstata — quando se realiza exames em pessoas sem sintomas para detectar a doença precocemente —, há divergências. Algumas sociedades médicas recomendam o rastreamento anual, com os exames de PSA e toque retal, a partir dos 50 anos para todos os homens, e a partir de 45 anos para homens negros ou com histórico familiar desse câncer. Já o Ministério da Saúde, assim como a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomendam o rastreamento. A orientação do Ministério da Saúde é conhecer os riscos e benefícios dos exames de rotina e discutir com um médico de confiança sobre a realização ou não dos mesmos.
“É importante comentar que o câncer de próstata nas suas fases iniciais é assintomático, ele não demonstra sinais e sintomas clínicos. Portanto, esperar sentir alguma coisa não é o adequado quando a gente fala da investigação de câncer de próstata. E a gente sabe que o diagnóstico precoce nos dá índices de sucesso de cura plena acima de 94%. Então, é fundamental fazer diagnóstico precoce para a gente ter a chance de curar a doença”, avalia o dr. Felipe.
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Conteúdo produzido em parceria com a RD Saúde.




