Gonorreia: saiba como se prevenir

Seringa e camisinha sobre a mesa. Automedicação tem gerado superbactérias que não respondem ao tratamento com antibióticos tradicionais que tratam gonorreia. Vacina contra a meningite que também protege contra a gonorreia é esperança.

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Publicado em: 6 de dezembro de 2022

Revisado em: 14 de dezembro de 2022

Automedicação tem gerado superbactérias que não respondem ao tratamento com antibióticos tradicionais. Vacina contra a meningite, que também protege contra a gonorreia, é esperança. 

 

Só em 2019, cerca de 1 milhão de brasileiros e brasileiras afirmaram ter tido algum diagnóstico de infecção sexualmente transmissível (IST) ao longo do ano, de acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde.  

Dentre elas, está a gonorreia (também chamada de pingadeira, blenorragia ou uretrite gonocócica), uma condição infectocontagiosa causada pela bactéria Neisseria gonorrheae, que infecta especialmente a uretra, canal que liga a bexiga ao meio externo. O colo do útero, o reto e a garganta também podem ser atingidos, esses dois últimos pela prática do sexo anal ou oral sem proteção. 

Em casos mais raros, ela pode se espalhar pela corrente sanguínea, o que desencadeia uma série de sintomas cutâneos como manchas vermelhas, além de dores nas articulações. 

Além da transmissão via contato sexual, a bactéria responsável pela gonorreia também pode ser transmitida da mãe para o bebê na hora do parto, provocando um quadro de conjuntivite na criança (oftalmia neonatal).

 

Sintomas da gonorreia

  • Inflamação no canal da uretra;
  • Dor ou ardor ao urinar;
  • Saída de secreção purulenta amarelo-esverdeada pela uretra.

Nos homens, os sintomas podem ser mais perceptíveis, como secreção purulenta, ardor, e manchas vermelhas na pele (eritema). Nas mulheres, a infecção pode ser assintomática, detectada apenas em exames de rotina ou após o diagnóstico do parceiro.

Quando a gonorreia afeta o reto, os sintomas incluem obstrução do canal anal, coceira, sangramento e secreção. Já na garganta, estão presentes sintomas como dor e alterações na fala. 

Veja também: Qual a melhor maneira de prevenir ISTs?

 

Diagnóstico da gonorreia

O diagnóstico é feito com base no relato do paciente (descrição de sintomas, intervalo de tempo em que esses apareceram), no exame clínico e no exame laboratorial que analisa a secreção e confirma ou não a infecção. 

O exame laboratorial é barato e indolor, e o resultado sai em 15 minutos. Como é frequente a infecção por mais de um agente, podem ser colhidas na mesma oportunidade amostras de sangue e fluidos para outros exames.

 

Incubação

O período de incubação que vai desde a relação desprotegida até as primeiras manifestações da doença varia de 24 horas a até 14 dias. Por isso, uma das maneiras de fazer o diagnóstico clínico da doença é perguntar quanto tempo depois da relação sexual apareceu a lesão e se a secreção lembra pus e está manchando as roupas íntimas.

 

Vacina contra a meningite e prevenção 

Um dos grandes problemas do aumento dos casos de ISTs e da automedicação é a possibilidade das bactérias passarem a ser resistentes aos antibióticos disponíveis, como a penicilina benzatina, ceftriaxona e azitromicina, já que eles são a principal ferramenta no tratamento dessas infecções. Com isso, vão surgindo as superbactérias, como já acontece no caso de outras infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis.

Vale lembrar que a principal forma de prevenção contra a gonorreia e diversas ISTs ainda é o preservativo, seja ele interno ou externo. Mas uma descoberta promissora se deu em 2017, quando um artigo publicado na revista científica “Lancet” revelou que uma vacina contra a meningite aplicada na população neozelandesa também se mostrou eficiente contra a gonorreia. 

Inicialmente, a vacina tinha como objetivo imunizar a população neozelandesa contra a variante da meningite provocada pelo meningococo do grupo B — agente etiológico da forma mais mortal de meningite. 

A imunidade cruzada é possível porque as bactérias responsáveis por ambas as infecções são do mesmo grupo e compartilham semelhanças no código genético. Os estudos, porém, ainda não contemplaram grandes populações, e a proteção garantida contra a gonorreia pela vacina contra a meningite ainda é baixa, cerca de 40%. De qualquer forma, a descoberta pode ser uma aliada na prevenção e uma esperança para o desenvolvimento de uma vacina focada na imunização contra a gonorreia. 

Veja também: Quais vacinas os adultos devem tomar?

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