Feridas na boca aumentam os riscos de contrair uma IST

A má higiene ou a presença de pequenas feridas na boca podem facilitar a contaminação por IST durante o sexo oral. Saiba como evitar.

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Publicado em: 18 de julho de 2022

Revisado em: 18 de julho de 2022

A má higiene ou a presença de pequenas feridas na boca podem facilitar a contaminação por IST durante o sexo oral. Saiba como evitar.

 

Os brasileiros são grandes adeptos do sexo oral. Segundo estudos do Programa de Estudos em Sexualidade (Prosex) da Universidade de São Paulo (USP), 50% da população o pratica em suas relações, contra 33% da média mundial. O problema é que, se o sexo não vier acompanhado de uma boa higiene bucal, ele pode se tornar porta de entrada para ISTs, as infecções sexualmente transmissíveis.

Isso porque o sexo oral é encarado como uma alternativa mais segura, e, como consequência, menos de 10% daqueles que o praticam fazem uso da camisinha. No entanto, sem essa proteção e com a presença de cáries, aftas ou inflamações na gengiva, o risco de contrair uma IST existe.

De acordo com a dra. Nayara Melo, infectologista em Mecejana, Roraima, são várias as doenças que podem ser transmitidas pelo sexo oral: herpes, HPV, gonorreia, clamídia, sífilis, hepatites, entre outras. 

“Até a hepatite A, uma doença que normalmente não ocorre por transmissão sexual, pode passar através do sexo oral ou anal”, ressalta.

 

Por que isso acontece?

A presença de machucados na boca facilita a contaminação por ISTs, tendo em vista que o simples contato da boca com a pele ou secreção infectada é o suficiente para transmitir a infecção. Se houver ferimentos na boca, ainda que pequenos, esse risco aumenta consideravelmente. 

Os microrganismos estão em maior quantidade no esperma e no sangue; por isso, o ideal é evitar a ejaculação na boca ou a prática do sexo oral durante o período menstrual. Por outro lado, até mesmo as secreções vaginais ou aquelas expelidas antes da ejaculação já podem contaminar se entrarem em contato com a boca sem nenhuma proteção. 

Veja também: ISTs podem ser transmitidas no sexo entre mulheres. Veja cuidados

 

Como se prevenir

Para evitar a contaminação, não tem para onde fugir:

 

Use camisinha

Sim, é preciso usar preservativos também durante o sexo oral.

“Pode ser tanto a camisinha interna e externa, mais conhecidas como feminina e masculina, como aqueles protetores orais de látex [dental dam] que vendem em farmácias e sex shops”, indica a dra. Nayara. Uma alternativa caseira é utilizar papel ou filme plástico, lembrando que o material não é tão resistente quanto o de látex.

A infectologista alerta ainda que a camisinha de língua, utilizada para estimular o prazer durante o sexo oral, não serve para prevenir ISTs, já que protege apenas a região anterior da língua, deixando a boca e os lábios expostos às secreções.

 

Mantenha a higiene bucal em dia

Outro cuidado importante tem a ver com a limpeza da boca. 

“Ao contrário do que as pessoas pensam, o ideal é não escovar os dentes, passar fio dental ou utilizar enxaguantes bucais pouco antes do sexo oral, porque isso gera pequenas lesões que aumentam o risco de contaminação. A mesma coisa após a prática”, destaca a dra. Nayara.

Nas demais situações, a limpeza de toda a cavidade bucal é fundamental para evitar o surgimento de feridas, úlceras, inflamações, cáries e outros problemas bucais. Os dentes devem ser escovados, pelo menos, três vezes ao dia, acompanhados do fio dental e enxaguante bucal. Pessoas que usam aparelhos ortodônticos, implantes dentários ou lentes de contato dentais devem ficar ainda mais atentas.

 

Outras dicas 

Além disso, recomenda-se ainda: 

  • Realizar exames anuais para a detecção de ISTs;
  • Manter o acompanhamento odontológico pelo menos uma vez a cada seis meses;
  • Vacinar-se contra o HPV.

Veja também: Qual a melhor maneira de prevenir ISTs?

Sintomas bucais das ISTs

E se o contágio das ISTs pode acontecer pela boca, os sintomas dessas infecções também podem aparecer na região. Em geral, as infecções são silenciosas, mas, às vezes, apresentam as seguintes manifestações na cavidade bucal:

  • Feridas que não cicatrizam;
  • Feridas na pele ao redor da boca;
  • Dor para engolir;
  • Surgimento de manchas brancas ou avermelhadas;
  • Placas como aquelas causadas por amidalite;
  • Secreções amareladas.

“Se você tem alguma lesão na boca, infecção na garganta ou outro sintoma suspeito, o ideal é não ter relação sexual oral. Se tiver, que seja com o preservativo. E, assim que possível, procure ajuda médica para ser diagnosticado e tratado da forma correta”, recomenda a infectologista.

É comum que o próprio dentista identifique esse tipo de problema e encaminhe o paciente para a realização de biópsias e acompanhamento com profissionais especializados. O tratamento depende da infecção e da gravidade, podendo ser realizado com medicamentos (antibióticos, antifúngicos e antivirais) ou procedimentos cirúrgicos.

Ainda assim, alguns agentes costumam ser bem resistentes e demoram a ser combatidos pelo organismo. Outros não têm cura e podem acompanhar o indivíduo pelo resto da vida, como o herpes.

Veja também: Câncer de garganta tem relação com sexo oral

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