Mesmo com diversos sintomas, a síndrome de Kikuchi-Fujimoto geralmente é uma condição que se resolve sozinha, alguns meses após o início do tratamento.
A síndrome de Kikuchi-Fujimoto, também conhecida como doença de Kikuchi-Fujimoto (DKF) e linfadenite histiocítica necrosante, está presente em todo o mundo, mas com maior prevalência na população japonesa e em outras populações asiáticas. Foi descrita pela primeira vez em 1972 no Japão, pelos médicos Kikuchi e Fujimoto.
O reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), destaca que não se sabe a causa da síndrome, mas que ela pode estar relacionada a vírus como o herpesvírus humano tipo 6 e 8 e o parvovírus B19.
“Esses vírus agem como agente estranho e logicamente o organismo faz uma defesa contra eles”, afirma.
Como consequência dessa resposta imunológica, ocorrem febre e um aumento dos linfonodos cervicais (gânglios na região do pescoço), responsáveis por desempenhar um papel importante no sistema imunológico.
Sintomas
O reumatologista explica que alguns dos sintomas relacionados à síndrome são:
- gânglios aumentados no pescoço;
- febre;
- lesões de pele;
- dores musculares;
- fraqueza muscular.
Porém, o especialista ainda destaca que cada pessoa tem uma forma de manifestar a síndrome, sendo o sintoma mais comum o aumento dos linfonodos cervicais em mulheres jovens.
Há ainda outros sintomas, como rash (erupção cutânea difusa), artrite (inflamação e dor nas articulações), fadiga e hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço).
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Diagnóstico
O especialista salienta que outras doenças também podem causar gânglios aumentados no pescoço, como infecções por diversos tipos de vírus, vasculites, mononucleose infecciosa e aids.
Isso dificulta o diagnóstico da síndrome, que também pode ser confundida com uma vasculite autoimune chamada doença de Kawasaki, ou ainda com metástase de adenocarcinoma e tuberculose.
Dessa forma, pacientes com a síndrome de Kikuchi-Fujimoto podem demorar a receber um diagnóstico correto. Logo, a consulta com um especialista torna-se fundamental.
Segundo o dr. Marco Antônio, o diagnóstico é feito por meio de biópsia dos gânglios cervicais ou de linfonodos de qualquer outro local. “Logicamente que a história do paciente é importante e exames de sangue também são necessários”, pontua.
Por isso, o conhecimento da síndrome por clínicos e anatomopatologistas pode evitar diagnósticos errados e, consequentemente, tratamento inadequado.
Tratamento
Conforme o reumatologista, não existe uma intervenção específica para a síndrome, apenas tratamento suportivo que alivia os sintomas.
Assim, são utilizados anti-inflamatórios não hormonais ou hormonais, antipiréticos (para baixar a febre), corticoides e, se houver complicações, antibiótico. Em alguns casos, utiliza-se medicamentos para possíveis comorbidades.
O especialista também ressalta que o acompanhamento dos pacientes é extremamente relevante para o controle da síndrome. Afinal, embora seja tratada como rara, especialistas afirmam que a incidência é provavelmente superior à que revelam os dados da literatura.
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Sobre a autora: Angélica Weise é jornalista e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde mental, atividade física e saúde da mulher e criança.