Quem tem reumatismo pode ter filhos?

Quem tem reumatismo pode ter filhos, mas precisa tomar alguns cuidados e manter o acompanhamento com o reumatologista. Saiba mais.


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Reumatologia

close em barriga de muher grávida. veja se quem tem reumatismo pode ter filhos e o que são as doenças reumáticas

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Publicado em: 9 de outubro de 2023

Revisado em: 11 de outubro de 2023

As doenças reumáticas são um conjunto de enfermidades que afetam principalmente as áreas do corpo relacionadas à locomoção. Veja se quem tem reumatismo pode ter filhos.

 

A dúvida é comum entre as mulheres com algum tipo de doença reumática: “Quem tem reumatismo pode ter filhos?”. A resposta é sim, no entanto, é essencial que se faça acompanhamento médico com reumatologista, de preferência, antes mesmo da gravidez.

Conhecidas popularmente como reumatismo, as doenças reumáticas são um conjunto de enfermidades que afetam principalmente as partes do corpo relacionadas à locomoção, como ossos, articulações, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Também há doenças reumáticas que atingem órgãos como rins, coração, pulmões, olhos, intestino e pele. 

Esse tipo de doença pode afetar homens e mulheres, de diferentes idades. As doenças reumáticas de maior incidência na população são osteoartrite, artrite reumatoide e fibromialgia, mas há uma centena de tipos diferentes. A maioria se caracteriza por ser autoimune, ou seja, quando o organismo produz anticorpos contra as próprias células. Além disso, essas doenças não são transmissíveis ou contagiosas e tendem a gerar dor.

 

Reumatismo e gravidez

O dr. Marco Antônio da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, sugere que mulheres com doenças reumáticas que desejam gestar comecem a fazer acompanhamento com ginecologista e reumatologista antes mesmo de engravidar. 

“Ela tem que ser acompanhada pelos dois porque se ela está tomando alguma medicação que pode provocar uma má formação no feto, ela tem que suspender antes, às vezes até seis meses antes”, alerta o dr. Rocha Loures. 

Esse acompanhamento deve continuar ao longo da gravidez, caso seja preciso fazer alguma mudança de dosagem ou do tipo de remédio que a mulher toma. O médico também recomenda uma série de cuidados com a saúde. “Uma boa alimentação, balanceada. Evitar excesso de sal e açúcar. E fazer, dentro da possibilidade, um pouquinho de exercício, para equilibrar o peso.”

O reumatologista esclarece que as doenças reumáticas não tornam a gravidez mais difícil, mas demandam um pouco mais de cuidado. “[A mulher] pode ter concepção normal, pode ter uma gravidez normal e um pós-parto normal, só que depende porque cada paciente também tem a sua gravidade”, destaca.

 

Síndrome antifosfolípide e lúpus 

O dr. Rocha Loures explica que mulheres que têm doenças reumáticas como lúpus e síndrome antifosfolípide (SAF) precisam ter ainda mais cuidado. O lúpus é uma doença autoimune que pode afetar diversos órgãos e tecidos. A SAF também é autoimune e pode causar trombose em artérias e veias por conta de um distúrbio na coagulação do sangue. 

No caso específico dessas doenças, há um risco maior de abortos espontâneos. “A gente normalmente não proíbe que ela fique grávida, não. Só que tem que acompanhar com cuidado. Porque o que acontece é que quando ela vai ao reumatologista, ela já perdeu duas gestações. Então, a gente acompanha, dá anticoagulante, dá o remédio necessário, que precisa naquele momento, e a evolução da gestação é muito boa”, afirma.

O especialista fala que no caso de lúpus associado à SAF, o acompanhamento precisa ser rigoroso. “Tem que tomar anticoagulante durante a gravidez toda, tem que fazer exames temporários e, mesmo assim, o anticoagulante não é qualquer um. Se está grave, tem que ser um anticoagulante de baixo peso molecular. E isso funciona. Porque o outro pode dar uma formação congênita [no feto], inclusive. Os anticoagulantes orais não podem ser dados”, conclui.  

Veja também: Aborto de repetição: por que isso acontece?

Sobre a autora: Fabiana Maranhão é jornalista desde 2006 e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por temas ligados à infância e à adolescência, alimentação saudável e saúde mental. 

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