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Proctologia

Botox anal para tratamento de fissura anal; saiba como funciona

mulher de costas, com mão nos glúteos. a toxina botulímica pode ajudar a tratar a fissura anal, por meio de um procedimento conhecido como botox anal
Publicado em 25/07/2023
Revisado em 01/08/2023

Amplamente utilizado na estética, a toxina botulímica  ajuda no tratamento da fissura anal., por meio de um procedimento conhecido como botox anal.

 

A toxina botulínica é um fármaco bastante usado em diversas áreas, bem como na medicina. Administrada em pequenas quantidades, ela bloqueia os sinais que fazem com que os músculos se contraiam. Dessa forma, o procedimento pode ser benéfico para pacientes com fissura anal (um pequeno corte na pele ao redor do ânus).

Júlia Brito Bueno Monteiro, coloproctologista, afirma que “o botox anal é quando utilizamos a toxina botulínica na região perianal para tratamento de algumas afecções na proctologia”. Segundo a médica, nesse caso, não é um procedimento estético e sim terapêutico. 

Ainda conforme a dra. Monteiro, a toxina botulínica é uma neurotoxina potente extraída da lise das bactérias Clostridium botulinum e é utilizada na medicina desde os anos q980. Ela se liga na fenda pré-sináptica (espaço entre as membranas das células) e impede a liberação de acetilcolina (neurotransmissor), gerando uma paralisia muscular temporária. 

“É possível usar a toxina na proctologia em casos em que os músculos do ânus estão hipertônicos (muito apertados ou tensos), causando assim um relaxamento”, explica.

 

Quando a toxina botulímica deve ser utilizada

A dra. Monteiro explica que o botox anal pode ser usado em doenças como fissura anal, anismus (quando ocorre uma “falha” no relaxamento ou contração de alguns músculos na hora da evacuação, causando constipação intestinal, por exemplo). Ou ainda, para causar um relaxamento antes de uma cirurgia de hemorroida, para diminuir a dor no pós-operatório ou para pacientes que sentem muita dor na relação anal.

Por ser tratamento de algumas doenças, área pouco estudada por outros profissionais, é imprescindível que o profissional responsável pelo procedimento seja um coloproctologista com experiência. 

 

Como funciona o botox anal

O tratamento consiste na injeção de botox no esfíncter anal interno, provocando um relaxamento sem a necessidade de corte, como ocorre nas operações, o que facilita a cicatrização da ruptura.

Normalmente os pacientes necessitam de mais de uma aplicação de botox para melhorar os sintomas. Os efeitos colaterais, embora sejam raros, são incontinência temporária de gases ou fezes.

Após a intervenção, haverá uma melhora rápida nas primeiras 48 horas, tempo necessário para que a medicação atue sobre o espasmo esfincteriano.

        Veja também: Uso do botox vai além da estética: conheça outras aplicações da toxina

 

Recomendações

De acordo com a médica, a pessoa deve ser avaliada pelo coloproctologista para ver a real indicação do procedimento: “Devemos tomar cuidado com pacientes que são hipotônicos, ou seja, que tenham os músculos do ânus mais frouxos, principalmente idosos e mulheres, que tendem a ter os músculos mais fracos”, salienta. 

Conforme a especialista, por vezes é necessária a realização de exames como manometria anorretal (que mede a força desses músculos). Afinal, como a toxina  botulímica causa paralisia dos músculos é importante evitar a incontinência fecal, por exemplo. 

Além desse cuidado, a especialista explica que o procedimento também é contraindicado em pessoas com alguma infecção no local, imunossuprimidas, gestantes ou ainda com desordens neuromusculares como miastenia ou esclerose lateral amiotrófica (ELA).

 

Cuidados após o botox anal

Segundo a coloproctologista, é importante:

  • Manter a região anal seca;
  • Limpar a área com materiais macios;
  • Evitar a irritação do reto;
  • Manter uma alimentação saudável para evitar constipação ou diarreia.

Nos casos em que a toxina botulínica não surta o efeito desejado ou persistam os sintomas, opta-se pela intervenção cirúrgica. Mas lembre-se sempre de procurar o especialista. 

        Veja também: Mitos e verdades sobre o ânus

 

Sobre a autora: Angélica Weise é jornalista e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde mental, atividade física e saúde da mulher e criança.

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