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Pneumologia

Quais cuidados tomar quando o tempo está muito seco?

Publicado em 13/09/2024
Revisado em 18/09/2024

A região Sudeste do país vive efeitos climáticos extremos, que, além da sensação de calor e secura, afetam a saúde da população. Entenda as possíveis complicações e como se proteger.

 

Com a intensificação da seca na região Sudeste do Brasil, os efeitos na saúde têm se tornado uma preocupação crescente. Baixos índices de umidade do ar, altas temperaturas e um aumento alarmante de queimadas são apenas alguns dos desafios enfrentados pela população.

A umidade relativa do ar na região Sudeste tem registrado níveis críticos, ficando abaixo de 30% em muitas áreas, com alguns locais atingindo 20%, índices extremamente perigosos para a saúde. O recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a umidade esteja entre 50% e 60% para garantir condições saudáveis. Ao mesmo tempo, temperaturas recordes estão sendo registradas. Em Belo Horizonte, por exemplo, a máxima alcançou 38°C na última semana.

Além disso, os incêndios florestais têm devastado o país nas últimas semanas. Só no estado de São Paulo, mais de 230 mil hectares de cana-de-açúcar foram destruídos, e outros focos se espalham por Minas Gerais, afetando áreas de preservação e parques estaduais. A falta de chuvas prolongadas, que em algumas regiões já dura quase 160 dias, contribui para que as queimadas se alastrem.

Esse cenário leva a um desconforto que acende um sinal de alerta. Os efeitos na saúde são reais e não devem ser ignorados.

 

Complicações respiratórias

O tempo seco afeta diretamente os órgãos mais expostos ao ar, como explica o dr. Elie Fiss, pneumologista do Alta Diagnósticos: “As mucosas, olho, nariz, boca, pele e também o pulmão, que possui uma superfície de aproximadamente 70 metros quadrados, são os mais atingidos”. A consequência disso é um aumento nos casos de doenças respiratórias, especialmente em crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas, como asma e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). “Vemos frequentemente tosse, chiado e falta de ar, decorrentes dessa umidade relativa do ar muito baixa”, afirma Fiss.

A poluição elevada também é uma das grandes responsáveis pelo agravamento dos sintomas respiratórios. Em muitos centros urbanos da região, os níveis de poluição atingiram patamares críticos nos últimos dias, exacerbando ainda mais as complicações.

Além da baixa umidade do ar, a poluição tem agravado as condições respiratórias. O dr. Fiss destaca que “nesta semana, estamos com níveis de poluição extremamente elevados”. Em cidades como São Paulo, a combinação de poluentes e ar seco cria um cenário preocupante, principalmente para aqueles que já têm doenças crônicas. Esse aumento da poluição agrava ainda mais condições respiratórias e cardiovasculares, segundo alertas da Organização Mundial da Saúde.

A poluição agrava as condições de saúde respiratória, inflamando as vias aéreas e intensificando quadros preexistentes, como enfisema pulmonar e bronquite crônica. Isso contribui para que a população de pacientes em busca de ajuda médica continue a crescer.

        Veja também: Doenças respiratórias: cuidados no tempo seco

 

Prevenção e cuidados

Para mitigar os efeitos do tempo seco, a hidratação é uma das principais medidas preventivas, como explica o dr. Fiss: “É necessário ingerir no mínimo dois litros e meio de líquido por dia”. Ele enfatiza que a sede é um sinal de desidratação e, por isso, é essencial consumir líquidos ao longo do dia.

Além da hidratação, outras medidas de prevenção incluem o uso de umidificadores de ar ou métodos caseiros, como toalhas úmidas. No entanto, o especialista alerta sobre o risco de dengue com o acúmulo de água parada, recomendando que as bacias de água sejam evitadas.

A pele também sofre com o ressecamento, e, por isso, o uso de hidratantes e a preferência por banhos frios ou mornos são fundamentais para evitar maiores danos. “Banhos refrescantes e hidratação intensa são importantes para manter a pele saudável”, explica o dr. Fiss. O uso de colírios e soro fisiológico é indicado para manter as mucosas dos olhos e nariz hidratadas.

 

Grupos vulneráveis

O dr. Fiss ressalta que “os extremos de idade são os mais suscetíveis” às complicações do tempo seco. Crianças e idosos, por serem mais frágeis, são os que mais sofrem com doenças respiratórias, como asma e bronquite. Para esses grupos, é imprescindível que o tratamento seja mantido em dia, especialmente para aqueles que possuem doenças crônicas. “Quem já tem alguma doença respiratória não pode interromper o tratamento de jeito nenhum”, alerta o dr. Fiss.

Mesmo aqueles que não possuem condições respiratórias prévias podem apresentar sintomas em tempos de seca extrema. “Dependendo das condições atmosféricas, como agora, com o ar muito seco e extremamente poluído, pessoas podem apresentar tosse e chiado sem nunca terem tido”, afirma o médico.

        Veja também: Quantos litros de água você precisa beber todos os dias?

 

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