Por que as crianças precisam criar anticorpos?

Desde cedo, entrar em contato com a “sujeira” do ambiente é importante para a saúde. Entenda por que as crianças precisam criar anticorpos.

Os anticorpos adquiridos na infância protegem o organismo pelo resto da vida. Entenda como funciona a formação do sistema imunológico das crianças.

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Publicado em: 19 de janeiro de 2024

Revisado em: 19 de janeiro de 2024

Os anticorpos adquiridos na infância protegem o organismo pelo resto da vida. Entenda como funciona a formação do sistema imunológico das crianças.

 

Brincar na areia, andar descalço e tomar banho de chuva pode fortalecer o sistema imunológico das crianças. Ao contrário do que muitos pais imaginam, o contato com microrganismos do ambiente é o que promove a criação de anticorpos contra agentes que ameaçam a saúde.

 

Como funciona a imunidade de uma criança?

Em qualquer idade, a função do sistema imunológico é proteger de possíveis infecções causadas pela entrada de patógenos no organismo. Mas é ainda na infância que esse mecanismo se forma e, principalmente, se fortalece.

Quando surge um agente invasor, a imunidade produz anticorpos para combatê-lo. Essa produção pode acontecer a partir de dois tipos de resposta: a inata ou a adquirida. 

A resposta inata é aquela que a criança tem desde o seu nascimento. É desencadeada pela ação das próprias barreiras naturais do corpo, como a pele, as mucosas, os glóbulos brancos e outras células. Essa resposta costuma ser inespecífica e sem a necessidade de um contato prévio com o microrganismo invasor.

Já a resposta adquirida ou adaptativa é mais especializada e, para ser desenvolvida, precisa do contato com o patógeno. A partir disso, uma série de eventos será desencadeada para ativar determinadas células e, consequentemente, determinados anticorpos. 

“A resposta imune adaptativa é uma resposta específica, muito mais potente e responsável pela geração da memória imunológica, que nos protege em infecções futuras”, destaca a dra. Fernanda Gaia, alergista e imunologista.

É por isso que uma criança um pouco mais velha, que já teve contato com diversos microrganismos ao longo da infância, tem o sistema imunológico mais eficiente do que um recém-nascido.

 

Como fortalecer a resposta imune da criança?

O processo de maturação imunológica começa ainda na barriga da mãe. Ao longo da gestação, a placenta e o próprio parto vaginal colocam o feto em contato com bactérias benéficas que fortalecem a sua imunidade.

Depois do nascimento, o aleitamento torna-se fundamental para a proteção da criança, sobretudo nos primeiros seis meses de vida. “O leite é rico em anticorpos e outras substâncias que protegem o bebê contra uma variedade de doenças e infecções”, ressalta a alergista.

Mas existem alguns anticorpos que não são criados nem na gestação nem na amamentação. É aí que entram as vacinas. A vacinação prepara o sistema imunológico da criança contra a ação dos patógenos mais frequentes. Por isso, é muito importante seguir o calendário vacinal e levar as crianças para se vacinar corretamente.

Outras atitudes que mantêm o sistema imunológico funcionando de forma eficiente são: 

  • Oferecer à criança uma alimentação rica em nutrientes;
  • Estimulá-la a praticar exercícios físicos moderados e regulares;
  • Orientá-la sobre uma boa rotina de sono;
  • Ensiná-la cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos antes de tocar no rosto.

“Alguns pais não gostam de ver suas crianças brincando na areia, por exemplo. Eles temem que a sujeira possa gerar uma série de doenças. Mas o contato com microrganismos é importante, porque ensina o sistema imunológico a funcionar corretamente. É dessa forma que o organismo melhora a sua resistência para enfrentar infecções mais complexas. Ele tem capacidade de lidar com germes e bactérias presentes no meio ambiente”, tranquiliza a dra. Fernanda.

 

Como saber se a criança está com problemas de imunidade?

De acordo com a imunologista, existem dez sinais principais de que algo não vai bem com o sistema imunológico das crianças:

  1. Duas ou mais pneumonias ao ano;
  2. Quatro ou mais otites no último ano;
  3. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses;
  4. Abcessos de repetição ou ectima (infecção que provoca lesões purulentas na pele);
  5. Um episódio de infecção sistêmica grave, como meningite, osteoartrite, septicemia;
  6. Infecções intestinais de repetição e/ou diarreia crônica;
  7. Asma grave, doença do colágeno ou doença autoimune;
  8. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por micobactéria;
  9. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada à imunodeficiência;
  10. História familiar positiva de imunodeficiência.

“Nesses casos, recomenda-se a avaliação por um especialista. As células e proteínas que compõem a nossa imunidade podem ser avaliadas através de exames. A partir daí, é possível definir qual setor da resposta imune está defeituoso e como tratar”, orienta a dra. Fernanda.

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