Nem sempre o paciente com câncer de bexiga sente dor ao urinar, por isso é importante investigar com um médico urologista, caso haja sangue na urina.
A bexiga é um órgão flexível localizado na pelve e sua principal função é armazenar a urina produzida pelos rins. O câncer de bexiga ocorre quando parte das células do órgão começam a crescer e a se multiplicar de forma desordenada, criando tumores que podem invadir órgãos vizinhos.
O carcinoma urotelial, também conhecido como carcinoma de células transicionais (CCT), que se desenvolve nas células do revestimento da bexiga, corresponde a cerca de 90% dos casos de câncer de bexiga.
Por que o câncer de bexiga ocorre?
O componente genético do câncer de bexiga não tem tanta relevância quando comparado a questões externas, como o cigarro.
“O cigarro tem grande peso no surgimento desse câncer e está associado à doença em 50% a. 70% dos casos”, alerta o dr. Felipe Lott, supervisor da disciplina de câncer de bexiga da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
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Isso porque, a longo prazo, as substâncias químicas presentes no tabaco causam sérios danos às paredes internas da bexiga e provocam alterações que podem levar ao câncer.
É importante destacar que trabalhadores industriais que estão expostos diariamente a produtos químicos, tintas, solventes e corantes, também devem ficar atentos, já que essas substâncias são responsáveis por 10% dos casos de câncer de bexiga.
Sinais de alerta para o câncer de bexiga
O câncer de bexiga é um tumor que precisa ser tratado logo, por conta do alto risco de recidiva e de progressão, diferentemente do câncer de próstata, que tem evolução mais lenta.
O dr. Lott explica que o principal sinal de alerta para tumores de bexiga é a presença de sangue na urina. “Como é algo [sangue] visível, isso faz com que os pacientes busquem ajuda médica logo. Por isso, normalmente, os tumores são diagnosticados no início.”
Na maioria dos casos, o paciente não sente dor ao urinar, por isso é importante investigar, já que o sangramento também pode ter outras causas, como infecção, tumores benignos, cálculos renais ou outras doenças benignas do rim.
Incidência masculina
Historicamente, o câncer de bexiga é um tumor que atinge mais o público masculino. O risco de um homem apresentar câncer na bexiga durante a vida é de 3,8%, o que significa que um em cada 26 homens poderá desenvolver o câncer durante a vida. Para as mulheres, o risco é de 1,2%, ou seja, uma em 87 mulheres terá o diagnóstico.
Nos últimos meses, o câncer de bexiga passou a ser um dos assuntos mais comentados, já que os apresentadores Roberto Justus e Celso Portiolli também foram diagnosticados com a doença.
Entretanto, ainda segundo o dr. Lott, devido a mudanças no estilo de vida e nos padrões comportamentais, o número de mulheres diagnosticadas a cada ano também vem aumentando. “Uma das hipóteses é que as mulheres estão fumando mais também”, destaca o médico.
Tratamento do câncer de bexiga
Quando o câncer de bexiga está nos estágios iniciais, o tumor pode ser retirado por via endoscópica através da uretra (ressecção transuretral endoscópica).
Já em estágios mais avançados, pode ser necessária a retirada total da bexiga, próstata e vesículas seminais; útero, ovários e uma parte da vagina. É uma cirurgia extremamente complexa, que necessita ser realizada num centro especializado devido ao alto risco de complicações e intercorrências médicas.
Vacina BCG
A aplicação de vacina BCG (que protege contra a tuberculose) na bexiga é uma terapia eficaz que ajuda a evitar a reincidência do tumor na bexiga. Ela é geralmente realizada após a ressecção do tumor, cerca de 24 horas após o procedimento. O objetivo é destruir todas as células cancerígenas remanescentes. Essa terapia ativa as células do sistema imunológico localizadas na mucosa do órgão que passam a atacar as células cancerígenas superficiais na bexiga.