O que é um câncer de mama HER2+?

médico examina lâmina em microscópio, para diagnóstico da síndrome de Lynch

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Publicado em: 3 de agosto de 2023

Revisado em: 15 de agosto de 2023

HER2+ é um dos subtipos que corresponde a 20% dos diagnósticos de câncer de mama. O tratamento é feito por terapia-alvo.

 

Até pouco tempo atrás, o câncer de mama era tratado como uma doença só, e o tratamento era praticamente igual para todos os pacientes. Muitas vezes, era necessário tirar a mama inteira da paciente, mais os músculos adjacentes que ficam embaixo da mama e os gânglios axilares, resultando em uma cirurgia extremamente mutiladora.

Felizmente esse cenário mudou, e além de ser possível distinguir os diferentes tipos de câncer de mama (há mais de cinco tipos), também é possível identificar o subtipo molecular, em outras palavras, o combustível que faz o tumor crescer e se espalhar. Essa informação é muito importante, pois vai nortear todo o tratamento. 

Um dos subtipos mais comuns é o câncer de mama HER2+. 

Veja também: Entenda por que algumas pessoas têm diferentes tipos de câncer ao longo da vida

 

O que significa câncer de mama HER2+

A dra. Débora Gagliato, médica oncologista da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que o HER2 é uma proteína localizada na membrana das células mamárias e que promove o crescimento das células cancerosas. 

Os exames que detectam a quantidade de proteína são a imunohistoquímica (IHC) ou o FISH (hibridação fluorescente in situ). 

“O problema ocorre quando há um aumento expressivo dessa proteína no organismo da paciente, já que esse subtipo de tumor tende a ser um pouco mais agressivo”, diz a médica. 

As células de câncer de mama com níveis de HER2 acima do normal são chamadas de HER2+. A principal diferença é que esses cânceres tendem a crescer e se espalhar mais rapidamente do que os HER2- (negativo). 

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, estima-se que a incidência anual de câncer de mama seja de 67 mil novos casos, sendo que 20% correspondem ao tipo HER2+ (13.400 casos/ano), dos quais 80% são tratados no SUS – ou seja, em torno de 10.700 pacientes.

 

Interpretando os resultados

O exame imunoistoquímico pode estar escrito na forma de porcentagem (0 a 100%) ou cruzes (0, +, ++ ou +++), indicando a quantidade de proteínas nas células tumorais. 

Segundo a Sociedade Americana de Câncer:

 

  • Se o resultado da IHC for 0, o câncer é considerado HER2- (negativo);
  • Se o resultado do IHC for 1+, o câncer é considerado HER2- (negativo);
  • Se o resultado do IHC for 2+, o status HER2 do tumor não é claro e é chamado de “equívoco”. Isso significa que para saber o status HER2 é necessário realizar exames complementares, como o FISH, para esclarecer o resultado; 
  • Se o resultado do IHC for 3+, o câncer é HER2+. Esses cânceres geralmente são tratados com medicamentos direcionados ao HER2.

 

Como tratar esse tipo específico de câncer? 

Além da cirurgia, de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia, um dos avanços para tratar esse tipo específico de tumor são as terapias-alvo, como o trastuzumabe, medicamento incorporado recentemente ao SUS. 

São drogas que bloqueiam a ação dessa proteína, impedindo os estímulos para o crescimento das células tumorais. Esse tipo de medicamento aumentou muito a sobrevida das pacientes. 

Quando iniciado antes (neoadjuvante) ou após (adjuvante) a cirurgia de câncer de mama, este medicamento geralmente é administrado por um período de seis meses a um ano. 

Já para o câncer de mama avançado, o tratamento geralmente é administrado enquanto o remédio for útil na melhora do quadro. 

 

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