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Oncologia

Câncer anal: causas, sintomas e tratamento

Publicado em 20/02/2025
Revisado em 20/02/2025

O HPV é o principal responsável pelo câncer de canal anal e sua detecção precoce pode fazer a diferença no tratamento. Saiba como identificar os sinais e proteger sua saúde.

 

O câncer anal é um tumor que se desenvolve no revestimento do canal anal (última parte do trato gastrointestinal) e nas bordas externas do ânus. Trata-se de uma doença pouco frequente, correspondendo a apenas 1% a 2% dos tumores colorretais, e com um fator de risco predominante: a infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano)

 

Relação com o HPV

O HPV é o mesmo vírus associado ao câncer de colo do útero e ao câncer de cabeça e pescoço, entre outros. “A pessoa que é exposta ao HPV acaba tendo infectada toda a região do períneo”, explica o dr. Diogo Bugano, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A infecção pode se estender para o interior, afetando o canal vaginal e o útero, ou para o exterior da região, levando ao câncer de canal anal, vulva, vagina e pênis.

O risco de desenvolver o câncer anal aumenta em pessoas imunossuprimidas, pois um sistema imunológico comprometido permite que o vírus se prolifere mais facilmente. “Alguém com imunossupressão pode ser alguém com alguma doença, alguém que vive com aids, alguém transplantado ou alguém muito idoso. Com o envelhecimento, naturalmente, a imunidade baixa”, complementa o especialista.

 

Sintomas e diagnóstico

O principal sintoma inicial é o surgimento de uma lesão ou uma bolinha endurecida na região anal, que pode ser percebida visualmente ou ao apalpar a área. “Pequenininha, pode ser confundida com hemorroida trombosada”, alerta o oncologista. À medida que cresce, essa lesão pode sangrar durante a evacuação, causar dor e afetar o trânsito intestinal, provocando constipação ou diarreia.

O diagnóstico depende da biópsia. “Normalmente, uma pessoa tem um nódulo muito inicial, muito pequenininho. E com um infectologista, um dermatologista ou um coloproctologista, você pode retirar, achando que é uma IST e, no exame patológico, descobre que era um tumor de canal anal”. Como é uma doença rara, não há um rastreamento específico. No entanto, mulheres que apresentam alterações no colo do útero devido ao HPV devem estar atentas, pois a exposição viral pode ter ocorrido em toda a região do períneo.

Um dos desafios é que os sintomas podem ser confundidos com outras condições. “A dor da hemorroida não é contínua. Você não tem dor por hemorróida todos os dias da sua vida, semana após semana. A [dor da] hemorroida tem altos e baixos. Uma dor que fica cada vez pior talvez não seja hemorroida”, explica o dr. Diogo.

        Veja também: Mitos e verdades sobre o ânus

 

Tratamento do câncer anal 

O tratamento varia conforme a extensão e profundidade do tumor. “Se você tem uma lesão grande em toda a parte fora da pele, não é tão ruim quanto uma lesão menor, mas que está mais funda, mais enraizada”. Lesões superficiais podem ser removidas sem necessidade de tratamentos adicionais. No entanto, se houver enraizamento, pode ser necessário complementar com radioterapia.

Nos casos mais avançados, em que a remoção cirúrgica comprometeria o funcionamento do ânus, opta-se por quimioterapia e radioterapia combinadas, com intenção curativa. “Isso é importante porque, às vezes, as pessoas acham: ‘Ah, não operou, então não vai curar’. Mas nesse caso, não. O tratamento com quimio e radioterapia cura as pessoas”, afirma o oncologista. A taxa de cura é alta, cerca de 70%. Caso a doença não seja eliminada com esse tratamento, pode ser necessária a remoção cirúrgica do reto, o que é muito raro. 

 

Como prevenir o câncer anal 

A principal forma de prevenção é a vacina contra o HPV, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas de 9 a 14 anos, além de abranger também pessoas de até 45 anos que são imunossuprimidas, tenham feito transplantes, pacientes oncológicos ou que tomam PrEP. Já na rede particular, qualquer homem ou mulher entre 9 e 45 anos pode se vacinar.

“A vacina foi desenvolvida pensando no câncer de colo do útero. Mas vai prevenir também o câncer anal”, explica o oncologista. Além da vacina, a prevenção também envolve o uso de preservativos e acompanhamento médico regular, especialmente para quem já teve diagnóstico de HPV ou outras ISTs.

        Veja também: Por que a vacina contra o HPV é indicada até os 45 anos?

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