Acabei meu tratamento oncológico: e agora?

O paciente ainda precisa fazer visitas regulares ao oncologista, manter hábitos saudáveis e buscar ajuda terapêutica para lidar com a ansiedade. 

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Publicado em: 09/05/2024

Revisado em: 09/05/2024

O paciente ainda precisa fazer visitas regulares ao oncologista, manter hábitos saudáveis e buscar ajuda terapêutica para lidar com a ansiedade. 

 

Depois de passar por cirurgia, quimioterapia e radioterapia, chega o momento mais aguardado: o anúncio da remissão completa do tumor (quando não há mais nenhum indício de câncer nos exames). 

Mas o que deveria ser motivo de alegria e alívio pode se transformar em um período de ansiedade e angústia se não for devidamente acompanhado por médicos e outros especialistas. Isso porque é esperado que o paciente tenha certos receios, como a preocupação com uma possível volta do tumor. 

“Muitos médicos ficam extremamente focados na cura, o que é claro muito importante, mas não dão muita atenção no pós-tratamento, que é quando o paciente precisa de mais orientação. É o momento em que o paciente precisa encarar a vida com uma nova perspectiva”, explica Luís Eduardo Werneck, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC).

 

Veja também: Por que um câncer pode voltar?

 

Mudanças

 

No período pós-tratamento, é fundamental que o paciente converse com seu oncologista para tirar todas as dúvidas e ser informado de tudo que é esperado para a fase, como os efeitos colaterais tardios, que podem vir sob a forma de alterações de memória, humor ou até problemas cardíacos e pulmonares. 

O paciente também precisa saber que vai precisar passar por consultas periódicas, manter determinados medicamentos e fazer exames regulares. 

Outra informação importante é que é preciso um pouco de paciência para retomar as atividades cotidianas, pois após um longo tratamento com medicações diárias, o corpo precisa de tempo para se adaptar novamente. Então é normal sentir certo cansaço e dores musculares nas primeiras semanas pós-tratamento. 

“É como se a gente fosse tirando a rodinha da bicicleta aos poucos, para que o paciente consiga andar sozinho na nova vida sem câncer. Então, por exemplo, nos primeiros seis meses, ele pode ter consultas mensais de avaliação, somente para controle. Se não houver nenhum agravo, as consultas vão sendo trimestrais. Somente depois de dois anos eu passo a vê-lo semestralmente. Mas, claro, isso varia com a conduta de cada médico”, salienta o dr. Werneck.

 

Saúde mental

 

O câncer também traz consigo um custo emocional. Por isso, no primeiro ano pós-tratamento é importante que os pacientes mantenham ou comecem o atendimento psicológico, muitas vezes disponibilizado pelas unidades de tratamento, para que seja possível externalizar as emoções e falar das angústias. 

“O que acontece é que sempre que o paciente está próximo da época de fazer os exames de rotina, ele fica muito apreensivo, ansioso, com medo de o câncer ter voltado. Isso acaba gerando um estresse muito grande. Nesses momentos, a terapia funciona como um espaço seguro, de acolhimento e fornecimento de suporte emocional para que a pessoa possa desenvolver estratégias de enfrentamento e amenizar essa angústia”, destaca Priscila Richter, psicóloga e mestre em oncologia. 

 

Risco de recidiva

 

O risco de recidiva, isto é, de o câncer voltar, depende muito do tipo de tumor que o paciente teve e do tratamento que foi feito. Não é possível prever. Às vezes, pequenas áreas de células tumorais, invisíveis ao olho nu e indetectáveis pelos exames de imagem modernos, permanecem no corpo após o tratamento. 

Segundo informações do Hospital AC Camargo Cancer Center, em São Paulo, alguns tumores têm um padrão esperado de recorrência, que pode ocorrer basicamente de três maneiras:

  1. Recidiva local: quando ocorre na mesma parte do corpo que o câncer primário,;
    2.  Recidiva regional: perto de onde o câncer primário estava localizado;
    3.   Recidiva à distância: em outra parte do corpo.

Em termos gerais, ainda de acordo o oncologista, os linfomas apresentam maior risco de recidiva, seguido do câncer de mama e o de fígado. Por isso a importância da vigilância constante. 

 

Mudança de hábitos

 

Hábitos saudáveis, como começar a prática de atividade física, evitar o consumo de álcool e não fumar, já tão discutidos durante todo o processo de tratamento, devem ser incorporados à vida do paciente até virarem parte da rotina. 

“Isso não vai impedir de o câncer voltar, mas vai ajudar o paciente a prevenir outras doenças e ter uma qualidade de vida melhor”, finaliza o oncologista. 

 

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