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Oftalmologia

Por que produzimos lágrimas? Entenda como elas podem impactar sua visão

Publicado em 27/05/2024
Revisado em 20/09/2024

Formada por água, sais minerais, proteínas e gorduras, a lágrima tem papel essencial na saúde dos olhos e da visão.

 

Já se perguntou qual é a função de uma lágrima? Talvez você nunca tenha prestado muita atenção nisso, mas a lágrima está desempenhando um papel fundamental neste exato momento, enquanto você lê este texto. 

De acordo com a oftalmologista Ana Karina Téles, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, o que nós chamamos de lágrima na verdade é o ‘filme lacrimal’, já que a lágrima é apenas um dos componentes dessa espécie de película que reveste a superfície ocular. 

“Do olho [em direção à] a superfície externa, tem uma camada de uma secreção mais viscosa, chamada de mucina. É um muco que permite a adesão da parte líquida do filme lacrimal ao olho, como se fosse um adesivo. Tem a lágrima propriamente dita, que é a parte aquosa do filme lacrimal. E na parte mais externa do filme lacrimal, tem uma camada lipídica, que é a camada de gordura. É uma secreção oleosa que serve para impedir a evaporação da lágrima”, detalha a especialista em vias lacrimais.

A dra. Ana Karina conta que o filme lacrimal é um mecanismo de proteção do olho contra agressores externos, como bactérias e vírus, por exemplo. Além disso, serve como “superfície refrativa”. 

“A lágrima melhora a visão. Se a gente tem uma lágrima de qualidade ruim, com a composição alterada, pode ter uma visão embaçada, uma visão não tão nítida. Não necessariamente aquela pessoa precisa usar óculos ou fazer algum tipo de correção refrativa; é apenas a superfície mais externa do olho que tem apresentado uma composição ruim”, alerta.

 

Olho seco

A síndrome do olho seco ou apenas olho seco é uma das principais queixas nos consultórios de oftalmologia relacionada às lágrimas ou, mais especificamente, com alguma alteração em sua produção ou qualidade, o que acaba levando ao ressecamento da superfície do olho. 

O dr. Flávio Mac Cord, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, explica que o paciente tem uma sensação de “corpo estranho”, como se houvesse algo no olho. “É uma sensação de corpo estranho, geralmente relacionada a uma vermelhidão ocular e que pode evoluir para algum grau discreto de embaçamento visual.  No olho seco mais típico, tende a piorar ao longo do dia. Então, à medida que vai passando o dia, no final da tarde, no final do dia, os sintomas tendem a se acentuar”, diz.

Caso a pessoa apresente ressecamento, vermelhidão ou embaçamento nos olhos, o recomendado é procurar ajuda de um oftalmologista, que vai investigar o que pode estar causando os sintomas, já que o olho seco ocorre em decorrência de vários tipos de problemas.

“[O olho seco] vai ser influenciado por fatores ambientais, como vento, poeira, fumaça, poluição. Uso prolongado de lentes de contato também exacerba quadros de olho seco. A exposição a ambientes secos, com ar condicionado ou aquecimento central, pode causar ressecamento ocular”, exemplifica. 

O oftalmologista cita também outras causas de olho seco, como pós-operatórios de cirurgia ocular, cirurgia de catarata, doenças autoimunes que levam à secura de outras regiões do corpo, como boca e também os olhos, e casos de lesões na superfície ocular. 

 

Cuidado diante de telas

O dr. Flávio revela que, atualmente, a causa mais comum de olho seco está relacionada ao uso prolongado de computadores, tablets e celulares. Isso porque, por conta da alta concentração que esses aparelhos exigem do nosso organismo, piscamos menos ao usá-los. 

Nesses casos, é essencial tentar lembrar, sempre que possível, de piscar mais vezes. O uso de lágrimas artificiais também pode ajudar na lubrificação, mas é recomendado seguir  orientação médica. 

O especialista também sugere um exercício simples, que pode ajudar tanto na quantidade de piscadas quanto no alívio de um possível cansaço ocular, que costuma estar associado à utilização de telas por muitas horas seguidas.

A gente chama a regra do 20, 20, 20. A cada 20 minutos, fazer uma pausa durante 20 segundos, olhando para um lugar bem distante, a pelo menos 20 pés, que correspondem a 6 metros”, ensina.  

 

Higiene das pálpebras

“Dentro da pálpebra, nós temos glândulas sebáceas, glândulas produtoras de óleo, que são especializadas em jogarem essa gordurinha para a superfície ocular, para o filme lacrimal. Existem algumas condições, como a blefarite, que é uma alteração nessas glândulas palpebrais, uma disfunção na produção dessa secreção. Às vezes, as pessoas acumulam essa secreção na base dos cílios. Então, a higiene palpebral adequada é muito importante para evitar que se desenvolva a blefarite e, consequentemente, o olho seco”, explica a dra. Téles.

Para fazer essa limpeza nas pálpebras, ela sugere o uso de produtos vendidos em farmácias que são específicos para essa finalidade. A pessoa deve friccionar o líquido ou gel nos cílios e pálpebras e enxaguar, de duas a três vezes ao dia, “dependendo da necessidade”. 

“É uma higienização que deve ser feita desde a infância. Todo mundo deveria fazer, independente de apresentar ou não blefarite, porque é uma coisa normal, a gente acumula essa secreção, e ela é tóxica. [Infelizmente,] a pessoa só faz [a limpeza] quando desenvolve a blefarite e já está com sequela”, alerta a médica. 

Além de manter a hidratação em dia, a especialista cita outros cuidados importantes: “O consumo de alimentos ricos em vitamina A também vai favorecer uma composição adequada do filme lacrimal. A gente sabe que pessoas com deficiência de vitamina A têm ressecamento mais grave do olho”. 

        Veja também: Guia das lentes de contato

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