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A obesidade afeta a fertilidade de mulheres e homens

fita métrica sobre balança. Obesidade afeta a fertilidade
Publicado em 22/09/2023
Revisado em 20/09/2024

A obesidade afeta a fertilidade, mas mulheres e homens com sobrepeso ou obesidade podem recuperar a capacidade de reprodução ao tomar uma série de cuidados antes da concepção.

 

Mulheres que têm sobrepeso ou obesidade têm mais dificuldade para engravidar de forma natural. Em homens, o sobrepeso e a obesidade podem afetar a produção e a qualidade do sêmen, comprometendo a capacidade reprodutiva deles. A boa notícia é que é possível reverter essa tendência ao cuidar da saúde.

Para saber se a pessoa tem sobrepeso ou obesidade, é preciso calcular o Índice de Massa Corpórea (IMC). Para isso, divide-se o peso pela altura ao quadrado. Por exemplo: uma pessoa pesa 50 kg e mede 1,60m. O cálculo é o seguinte: 50 ÷ 1,60². O resultado é: 19,53. Esse índice é considerado peso normal. Veja a tabela de classificação segundo o IMC:

  • Abaixo de 18,5: baixo peso
  • Entre 18,5 e 24,9: peso normal
  • Entre 25 e 29,9: sobrepeso
  • Entre 30 e 34,9: obesidade grau 1
  • Entre 35 e 39,9: obesidade grau 2
  • Acima de 40: obesidade grau 3

 

Obesidade e fertilidade em mulheres

A dra. Cristina Façanha, endocrinologista e diretora do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do Ceará, afirma que mulheres com obesidade têm menos probabilidade de engravidar em relação às que não têm obesidade. 

“Um grande estudo mostrou que, em mulheres obesas, a probabilidade de conceber declina progressivamente a partir do IMC de 29kg\m², ou seja, vai ficando cada vez mais difícil engravidar conforme o IMC vai aumentando, na ordem de 4% para cada aumento de 1 kg\m² de IMC”, explica. 

Segundo a especialista, embora a obesidade esteja associada a um comprometimento da fertilidade, ainda não são totalmente claros os mecanismos e a dinâmica que relacionam o excesso de peso à redução da fertilidade.

O que se tem observado em mulheres com obesidade é que ocorre “uma desregulação no eixo hipotálamo-hipófise-ovário, levando a perturbações do ciclo menstrual, o que aumenta em até três vezes o risco de problemas para ovular”, de acordo com a médica. 

“Alterações do hormônio leptina (presente em grandes quantidades em mulheres com obesidade) também têm sido associadas à redução da fecundidade. Além de comprometer a ovulação, a obesidade afeta negativamente o desenvolvimento e a implantação do óvulo no endométrio”, complementa.

A dra. Cristina Façanha chama a atenção também para o fato de que, quanto maior o IMC, maiores são os riscos de a mulher ter complicações durante a gravidez, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. O diabetes gestacional é um tipo de diabetes que ocorre durante a gestação e que pode levar a uma série de complicações. Já a pré-eclâmpsia é uma forma de hipertensão arterial que só acontece na gravidez e que pode resultar em convulsões e até causar a morte.  

“A gente sabe que estas são complicações sérias, associadas a muitos dos desfechos gestacionais adversos tanto para a mãe como para o bebê”, explica. A endocrinologista cita que o sobrepeso e a obesidade na gravidez estão relacionados ao aumento do risco de malformações congênitas nos fetos, complicações no parto, parto prematuro, nascimento de bebês com peso acima do normal e até de morte fetal. 

        Veja também: Saiba os riscos da gravidez em mulheres com obesidade

 

Obesidade e fertilidade em homens

Homens com sobrepeso ou obesidade também tendem a ter piora no padrão de fertilidade, segundo o dr. Fábio Frazão Dario, urologista do Hospital São Luiz Morumbi, em São Paulo. “Os homens com obesidade ou com sobrepeso frequentemente apresentam uma alteração da função testicular”, diz. 

O especialista explica que o testículo é um órgão que tem a função de produção de hormônios masculinos e também das células reprodutoras, os espermatozoides. “É muito frequente o homem com obesidade ter uma disfunção do testículo, chamada de hipogonadismo, que acaba levando a níveis de testosterona reduzidos e também uma piora do padrão da síntese de espermatozoide e, por consequência, piora do padrão seminal”, detalha.

O urologista fala ainda que o sêmen é como se fosse um marcador da saúde masculina. “Quando o organismo entra em algum desequilíbrio, pode acontecer uma alteração importante na qualidade seminal, impactando de maneira direta na capacidade reprodutiva do homem”, afirma. 

        Veja também: Infertilidade masculina: conheça as principais causas

 

Cuidados 

Na opinião dos dois médicos, mulheres e homens com sobrepeso ou obesidade podem recuperar a capacidade de reprodução ao tomar uma série de cuidados antes da concepção, como perder peso, ter uma alimentação saudável e praticar atividade física com regularidade. Também é recomendado fazer acompanhamento médico com especialistas. 

“O estilo de vida mais saudável, com prática de atividade física, com melhora do padrão alimentar, com o controle do peso, o manejo do estresse, a melhora do padrão e da qualidade do sono impactam diretamente na melhora da função testicular e, consequentemente, na função sexual e reprodutiva do homem”, afirma o dr. Fábio.

Para a dra. Cristina, um acompanhamento multidisciplinar é ainda mais importante quando a mulher com sobrepeso ou obesidade já está grávida. “É muito importante esse acompanhamento, inclusive com um especialista que saiba lidar com a gestação e com a problemática do sobrepeso, para que se possa fazer essa abordagem da melhor maneira possível.”

        Veja também: Quais exames pré-natais as grávidas devem realizar?

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