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Quando a dor de cabeça é sinal de enxaqueca? Entenda

Dor de cabeça não é tudo igual: conheça as características da enxaqueca e saiba como funciona o tratamento

Nem toda dor de cabeça é enxaqueca. Na verdade, existem mais de 150 tipos de dor de cabeça. A enxaqueca é, de fato, uma das mais frequentes, mas há muitas outras, como a cefaleia tensional e a cefaleia em salvas, por exemplo. O diagnóstico correto é fundamental para que haja o manejo adequado da doença. 

“A enxaqueca é uma doença neurológica crônica, de causa hereditária, caracterizada pela hiperexcitabilidade do cérebro. Cerca de 30 milhões de brasileiros sofrem com a doença (aproximadamente 15% da população), de acordo com a OMS. A dor de cabeça é sempre um sintoma de algum problema que está acontecendo no organismo. Na enxaqueca, a dor de cabeça é um dos sintomas, o mais conhecido, mas não o único”, afirma Thaís Villa, neurologista especialista no diagnóstico e tratamento da enxaqueca, idealizadora do Headache Center Brasil e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

Outros sintomas da enxaqueca podem incluir:

  • alterações gastrointestinais (como náuseas, vômitos e má digestão);
  • sensibilidade à luz, sons e cheiros; 
  • bexiga hiperativa;
  • tendência a oscilações de pressão;
  • distúrbios de sono (insônia ou sono excessivo);
  • sintomas de ansiedade;
  • sintomas cognitivos, como déficits de atenção e memória. 

Também importante é reconhecer os gatilhos, que são desencadeadores de crises de enxaqueca, como mudanças bruscas de temperatura, situações de estresse, barulhos exageradamente altos, ambientes muito iluminados, cheiros fortes, entre outros.

 

Como é a dor da enxaqueca

Segundo a especialista, a dor de cabeça na enxaqueca pode se manifestar de diferentes formas, como um aperto ou pressão na cabeça. Ela pode ser localizada ou atingir toda a cabeça, ou até afetar a região cervical (pescoço e ombros). Em crises severas, a dor pode se tornar latejante, e alguns pacientes relatam dor em pontadas ou “marteladas”. Uma crise geralmente dura de 4 a 72 horas. 

Além das características da dor, é importante observar a presença dos outros sintomas listados, muito comuns em quem sofre com a doença. Uma dor de cabeça aguda, causada por desidratação, por exemplo, geralmente tem intensidade leve a moderada — jamais será severa e nem apresentará os sintomas associados à crise de enxaqueca. 

Veja também: Enxaqueca não é uma dor qualquer

 

Quando buscar atendimento

Em casos de dor de cabeça repentina, aguda e severa, a recomendação é procurar o pronto-atendimento, para que sejam afastadas causas graves, como o rompimento de um aneurisma ou uma meningite.

“Se é uma dor de cabeça recorrente, que atrapalha a rotina, a orientação é marcar uma consulta com um neurologista para investigação. Se o diagnóstico for de enxaqueca, o paciente deve ser acompanhado e iniciar um tratamento adequado, com a utilização de medicamentos específicos e orientações não medicamentosas para o controle da doença”, orienta a médica. 

Observe quantas crises você tem por mês. “No geral, mesmo que você tenha boas explicações para as suas dores de cabeça, se você tem três ou mais episódios de dor de cabeça por mês, há mais de três meses, procure um médico. Você precisa de tratamento.”

 

Tratamento da enxaqueca

O tratamento da enxaqueca deve levar em conta todas as particularidades do paciente e pode envolver profissionais de diversas áreas, como neurologista, nutricionista, dentista, entre outros. “O acompanhamento psicológico também é fundamental, especialmente no processo de aceitação da doença, para o enfrentamento do período de abstinência a analgésicos e alimentos estimulantes, que são cronificadores da enxaqueca, e na continuidade do tratamento”, destaca a dra. Thaís. 

Além de medicamentos específicos e de estratégias não medicamentosas, como mudanças na alimentação e redução de gatilhos, a especialista diz que uma das grandes descobertas no tratamento preventivo da enxaqueca crônica, com resultados cientificamente comprovados, é a aplicação da toxina botulínica (botox)

“A substância bloqueia a liberação de certos neurotransmissores responsáveis por levar a informação da dor ao cérebro. O tratamento também utiliza medicamentos produzidos a partir de anticorpos monoclonais anti-CGRP, com bom perfil de tolerabilidade e quantidade de efeitos colaterais bastante baixa, que cuidam de diversos sintomas da doença.”

Outro cuidado importante para quem tem dor de cabeça com frequência é evitar a automedicação, que muitas vezes acaba mascarando problemas mais graves. “No caso da enxaqueca, o uso indiscriminado de analgésicos e anti-inflamatórios para dores, ao longo do tempo, cronifica a doença. A pessoa deve procurar um neurologista de confiança para o diagnóstico, orientações e tratamento adequados, para uma vida sem dor — como deve ser”, conclui. 

Veja também: O uso diário de medicamentos para dor de cabeça pode causar enxaqueca?

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