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Neurologia

Envelhecimento e memória: como evitar o declínio cognitivo?

Publicado em 19/02/2025
Revisado em 17/02/2025

Manter hábitos saudáveis ajuda a prevenir o declínio cognitivo e reduzir o risco de demência. Saiba mais. 

 

É normal, com o passar dos anos, que ocorra um declínio de funções cognitivas como a memória. Um esquecimento ou outro, uma demora um pouco maior para se lembrar de determinada informação, são situações que fazem parte da vida e não devem gerar preocupação. 

Contudo, é preciso estar atento aos fatores que aceleram o declínio cognitivo e buscar formas de manter o cérebro ativo, reduzindo o risco de demências

“O envelhecimento fisiológico, natural, já carrega consigo o declínio de algumas funções cognitivas, entre elas a memória. Então, o desempenho da nossa memória vai declinando com o envelhecimento. Entretanto, esse declínio não pode ser intenso o suficiente para comprometer a capacidade do indivíduo de realizar suas atividades no dia a dia”, afirma o dr. Adalberto Studart Neto, neurologista e vice-coordenador do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). 

A pessoa idosa, em situação normal, tem uma memória que não compromete a sua autonomia. Ela não vai se esquecer de coisas que aconteceram pouco tempo atrás. Quando isso acontece, segundo o médico, pode ser sinal de um declínio de memória patológico, ou seja, que não é do envelhecimento natural e sim em decorrência de alguma doença. 

        Ouça: DrauzioCast #152 | Memória e excesso de estímulos

 

Quando o esquecimento indica algo mais grave

De acordo com o especialista, quando a pessoa tem esquecimentos eventuais ou precisa de maior esforço para se lembrar de algo, isso pode ser considerado normal. Porém, as dificuldades significativas de orientação do tempo podem indicar alguma demência. 

Essas dificuldades incluem:

  • Confundir-se em relação ao dia da semana, perder a noção do mês ou mesmo do ano;
  • Dificuldade para lembrar ou aprender novos caminhos; 
  • Tornar-se repetitiva: a pessoa faz perguntas ou conta a mesma coisa mais de uma vez no mesmo dia, como se não tivesse contado antes; 
  • Não se lembrar de compromissos;
  • Confundir-se com a ordem cronológica dos fatos: por exemplo, lembrar-se de coisas que aconteceram recentemente como se fossem antigas, e vice-versa. 

“Todos esses esquecimentos fazem com que a pessoa tenha que precisar de uma supervisão, um auxílio de outras pessoas, para realizar atividades que antes ela conseguia realizar [sozinha]. Isso é indicativo, sim, de um esquecimento patológico”, explica o neurologista. 

 

Fatores de risco para demência 

Existem vários fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver demência, e alguns podem se manifestar desde o começo da vida.

“Alguns desses fatores podem ocorrer ao longo da vida inteira. Por exemplo, a baixa escolaridade, que começa, obviamente, desde a infância ou adolescência, é um fator de risco bastante claro para a demência, porque a baixa escolaridade leva a uma menor reserva cerebral, uma menor reserva cognitiva, uma menor resiliência do nosso cérebro contra as agressões das doenças que levam à demência”, esclarece o médico.

Outros fatores de risco importantes incluem sedentarismo, hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, depressão e baixa acuidade auditiva. “A pessoa que começa a desenvolver déficit de audição a partir da faixa etária de meia-idade também tem um fator de risco maior para desenvolver demência.”

“Esses fatores de risco, quando vão se acumulando ao longo dos anos, são responsáveis por 40% dos casos de demência”, completa o dr. Adalberto. 

        Veja também: Como estimular o cérebro no dia a dia?

 

Hábitos e estratégias para prevenir o declínio cognitivo

Combater os fatores de risco mencionados é o caminho para preservar a memória e evitar o declínio cognitivo, reduzindo, assim, a probabilidade de desenvolver uma demência. Veja alguns hábitos importantes nesse sentido: 

 

Manter-se ativo intelectualmente

Manter o cérebro ativo é uma das formas mais eficazes de evitar o declínio cognitivo. O especialista afirma que é importante fazer um curso, aprender algo novo ou alguma coisa que sempre quis e não fez antes. “Eu não falo só ficar fazendo caça-palavras, mas manter o hábito de leitura, procurar aprender uma nova língua, fazer um curso de pós-graduação, seja o que for, algum aprendizado”, diz. 

 

Manter interações sociais

O isolamento social na velhice é um fator de risco para evolução da demência. Por isso, é fundamental manter-se ativo socialmente e ter contato com amigos e familiares, o que também ajuda a combater a depressão. “A depressão tem que ser encarada como uma doença que deve ser tratada por si só e também como um tratamento que vai evitar que ela contribua com o declínio cognitivo.”

declínio cognitivo e demência

 

Fazer atividades físicas

O exercício físico – seja uma atividade aeróbica ou resistida, como a musculação – contribui para a proteção contra a demência. “Existem estudos mostrando que pacientes com comprometimento cognitivo leve, que são aqueles que têm um prejuízo cognitivo, mas não desenvolveram ainda a demência, quando são submetidos a um treino de atividade física regularmente, por menos três vezes por semana, por pelo menos 30 minutos, têm menos risco de ter um declínio cognitivo”, destaca o dr. Adalberto. 

declínio cognitivo e demência

 

Ter um sono de qualidade 

Dormir mal é prejudicial à memória e, a longo prazo, pode causar um declínio cognitivo precoce e aumentar o risco de demência. Em geral, um idoso dorme cerca de sete horas por noite, mas isso pode variar de pessoa para pessoa. É preciso observar se no dia seguinte a pessoa acorda se sentindo descansada ou se continua cansada, irritada e sonolenta. 

Medidas como cuidar da saúde e manter bons hábitos ao longo da vida, de maneira geral, ajudam a ter um cérebro saudável. Além das estratégias citadas, manter uma alimentação balanceada no dia a dia e tratar doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, também são ações que fazem parte desse cuidado. 

        Veja também: Dormir mal pode aumentar o risco de demência

 

Conteúdo produzido em parceria com a Tena Brasil, marca líder em produtos para incontinência urinária.

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