A cólica renal provocada por pedras nos rins geralmente é intensa e exige atendimento médico rapidamente. Entenda.
Quem já teve uma crise de pedras nos rins sabe que a dor pode ser intensa. Em grande parte dos casos, na verdade, as pedras nos rins (ou cálculos renais) são assintomáticas. Porém, quando causam uma obstrução na via urinária (ureter e uretra), ocorre uma distensão da cápsula renal (tecido que recobre os rins). A partir daí, inicia-se a crise de dor.
“Trata-se de uma dor em cólica, em região inespecífica (pode ser lombar, em baixo ventre, próximo ao umbigo, até mesmo nos grandes lábios nas mulheres, ou no escroto nos homens), de forte intensidade, que se apresenta em salvas — isto é, dói por um grande período e fica um período sem dor, voltando a doer posteriormente, até que essa obstrução seja resolvida, geralmente com a eliminação da pedra”, explica Sibele Bessa, nefrologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Segundo a médica, a dor pode ser acompanhada de sintomas como náuseas, vômitos, sudorese, sangue na urina, calafrios, dor ao urinar e desejo de urinar repetidas vezes.
Pessoas de qualquer idade podem ter cálculos renais, porém, o problema é mais comum em adultos (entre 20 e 50 anos), principalmente nos homens. “Mas crianças, idosos e mulheres não estão isentos do risco. Em crianças, a pesquisa de distúrbios metabólicos é ainda mais importante, porque eles são responsáveis pela maioria dos casos.”
O que fazer durante uma crise?
“Durante as crises de dores, o ideal é procurar atendimento médico para receber analgesia de forte intensidade e avaliar se é necessária uma conduta para desobstrução imediata. Em casa, pode-se tomar um analgésico até que o atendimento médico seja realizado”, recomenda a especialista.
Além disso, é importante observar a presença de febre, porque a obstrução pode propiciar uma infecção urinária, o que exige auxílio médico o quanto antes.
Veja também: Por Que Dói? #20 | Pedra nos rins
Tratamento para pedras nos rins
Segundo a dra. Sibele, o tratamento para a crise é realizado com analgesia, outras medicações sintomáticas e, em alguns casos, a desobstrução cirúrgica do canal urinário, com o implante de um cateter para “drenar” a urina que está causando a distensão da cápsula renal, até a eliminação ou retirada do cálculo que levou a crise.
“Existe também uma medicação que ajuda a expelir a pedra, causando a dilatação do ureter (canal que liga os rins à bexiga), mas que só pode ser usada em alguns casos, sendo necessária, portanto, a avaliação médica”, explica.
Além disso, a médica ressalta a importância de realizar uma investigação sobre o caso, especialmente em pacientes que apresentam várias crises de pedras nos rins ao longo da vida, com o objetivo de reduzir ou mesmo evitar a formação de novos cálculos — através de medidas como dieta, orientações e medicações, em alguns casos. Para isso, um médico nefrologista (especialista em doenças renais) deve ser consultado.
Fatores de risco para pedras nos rins
Os principais fatores de risco para formação de pedras nos rins, segundo a médica, incluem:
- Baixa ingesta hídrica;
- Aumento do consumo de sódio (seja como sal, como conservante ou realçador de sabor);
- Alto consumo de proteínas;
- Genética (se seu pais, tios, avós, irmãos têm cálculo, seu risco é maior);
- Distúrbios metabólicos, como gota, obesidade e síndrome metabólica;
- Infecções urinárias de repetição;
- Alguns medicamentos e vitamina C (o uso frequente e em dose elevada aumenta o risco);
- Alterações na absorção intestinal (como no caso de pessoas que já realizaram cirurgia bariátrica ou com doenças inflamatórias intestinais).
“Importante ressaltar que a retirada de alimentos ricos em cálcio, como o leite e seus derivados, ao contrário do que muita gente acredita, pode até aumentar a formação de cálculos, pois aumenta a absorção de oxalato dos alimentos, um importante componente para a formação de alguns cálculos”, alerta a especialista.
Veja também: Crianças podem ter pedras nos rins; conheça sintomas e tratamento
Como evitar crises?
“Para prevenir novos episódios, primeiro é necessário entender se você tem algum distúrbio que favorece a formação desses cálculos, pois se for o seu caso, um tratamento específico deverá ser realizado”, esclarece a dra. Sibele.
Já em casos esporádicos, aumento de ingesta de líquidos e alimentação balanceada e saudável — com a quantidade necessária de proteínas, sem excesso de sódio, e com o consumo de bastante frutas — são suficientes para evitar novas crises. “As frutas precisam ser incluídas com frequência na dieta por conter uma substância, o citrato, que é quase um detergente, que impede que cristais na urina se agrupem e formem as pedras”, conclui.