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Como fica o corpo após a gravidez?

Publicado em 09/10/2024
Revisado em 14/10/2024

O organismo passa por alterações hormonais importantes depois do parto, e é normal sentir algumas mudanças nesse período. Entenda. 

 

Durante a gestação, o corpo se transforma totalmente para gestar o bebê. Por fora, a diferença mais óbvia é, claro, o tamanho da barriga. Por dentro, o útero se dilata cada vez mais e vai empurrando os outros órgãos da região abdominal. As mamas também crescem, o coração precisa trabalhar mais, a vontade de urinar é mais frequente devido à pressão que útero exerce sobre a bexiga. Fadiga e inchaço são comuns, principalmente na reta final.

Com tantas transformações, fica fácil entender porque o corpo simplesmente não “volta ao normal” logo depois que o bebê nasce.

“‘Voltar’ ao corpo de antes do parto envolve muitos fatores, como genética e estilo de vida, mas principalmente o tempo. É importante lembrar que o corpo passou por uma transformação incrível para gerar e nutrir um novo ser humano. Cada corpo tem seu próprio ritmo e é fundamental praticar o autocuidado e a aceitação. E claro, parar de se comparar com os outros, especialmente quando em redes sociais – em que a realidade é um tanto deturpada”, afirma Juliana Sá, ginecologista e obstetra pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

 

O que acontece com os hormônios depois do parto

Depois do parto, os níveis de estrogênio e progesterona, que ficam elevados durante a gestação, reduzem significativamente. Enquanto isso, a prolactina – hormônio que estimula a produção de leite – aumenta para iniciar a amamentação

“O tempo para os hormônios voltarem ao ‘normal’ pode variar amplamente, dependendo se a pessoa amamenta ou não, o quanto amamenta e sua sensibilidade ao hormônio prolactina. Em casos em que há a amamentação, geralmente leva de alguns meses a até mais de um ano”, explica a médica. 

 

Ouça: Como fica o corpo após a gestação? – Saúde Sem Tabu #21

 

Principais mudanças fisiológicas

As principais mudanças que ocorrem no corpo depois da gestação incluem:

  • Retorno do útero ao seu tamanho normal;
  • Aumento do tamanho das mamas por causa da produção de leite;
  • Alterações intestinais e urinárias devido à mudança de peso e pressão exercida durante a gravidez, que deixa de existir subitamente;
  • Cólicas e sangramentos (podem durar algumas semanas no pós-parto);
  • Cicatrização do períneo ou do abdômen, a depender da via de parto. 

“A parede abdominal é a que mais demora para se restabelecer. Aos poucos, ela vai voltando para o lugar, os reto abdominais [músculos do abdômen] vão se reaproximando e a diástase (separação dos reto abdominais que é fisiológica na gravidez, mas em excesso torna-se patológica) vai diminuindo”, afirma Ana Carolina Murgel, ginecologista e obstetra da Theia, clínica voltada para o cuidado com gestantes. 

A amamentação pode acelerar o processo de recuperação do corpo após o parto. “Ela estimula a liberação de ocitocina, que ajuda o útero a se contrair de volta ao seu tamanho original, e pode impactar na perda de peso, uma vez que a produção de leite requer energia adicional”, afirma a dra. Juliana.

 

Diferenças entre parto normal e cesárea

Primeiramente, a mulher que passou pelo trabalho de parto pode ter o início da amamentação facilitado, já que a ocitocina liberada durante o processo para promover contrações uterinas também é responsável pela ejeção do leite.

“Mas as principais diferenças residem na recuperação: mulheres que passam por um parto normal geralmente se recuperam fisicamente de forma mais rápida que as que fazem cesárea, pois esta é uma cirurgia abdominal que requer uma cicatrização mais complexa e demorada. No entanto, cada experiência é única, e fatores como intercorrências no parto, saúde prévia e suporte disponível influenciam no tempo e na maneira de recuperação”, explica a dra. Juliana. 

Outro ponto é que, como no parto normal não há manipulação abdominal, a mulher tem uma distensão abdominal bem menor. “A parede abdominal vai voltando mais rápido, porque você não cortou o músculo, o nervo ali da frente da parede abdominal, como acontece na cesárea. O útero também tende a voltar mais rápido. O sangramento vaginal, que é a loquiação [sangramento pós-parto], pode ser um pouquinho maior na mulher que teve parto normal do que na cesárea”, diz a dra. Ana Carolina. 

        Veja também: Plano de Parto: o que é e como montar?

 

Cuidados no período pós-parto

“Para amenizar os desconfortos, recomenda-se descanso adequado, uma boa alimentação e hidratação, tomar os medicamentos prescritos para a dor e, por último mas não menos importante, ter uma boa rede de apoio para auxiliar na recuperação (do parto ou cesariana) e compartilhar os cuidados com o bebê”, orienta a dra. Juliana. 

Quando possível e com liberação médica, a prática de exercícios físicos leves, como a caminhada, é benéfica e pode auxiliar na retomada de força e tönus muscular. Outras opções são pilates e fisioterapia pélvica – que pode ajudar na recuperação pós-parto. 

 

Saúde emocional

O pós-parto normalmente causa uma montanha russa de emoções. Fatores como alterações hormonais, cansaço físico e mental, além dos desafios que podem surgir com a amamentação e a responsabilidade de cuidar de um recém-nascido, podem impactar o bem-estar emocional da mãe. 

“As mulheres podem sentir desde alegria e realização até um certo grau de tristeza (chamado de blues puerperal), e em alguns casos, depressão pós-parto. É crucial buscarem o apoio de familiares, amigos e/ou profissionais de saúde”, alerta a dra. Juliana. 

“Do ponto de vista mental e emocional, a mulher recém-parida tem dificuldade de encontrar a si própria dentro do furacão que é o puerpério. Ela está mergulhada na relação com o recém-nascido de forma tão profunda que ela tende a focar tanto nesse novo papel, nessa nova exigência que é se tornar mãe que não consegue mais encontrar tempo e razões para cuidar somente de si. Esse momento é completamente fisiológico e esperado, e a mulher vai, com o passar dos meses, conseguir estabelecer esse limite, de até onde vai o bebê e onde começa ela. Mas nos primeiros meses essa simbiose é inevitável”, destaca a dra. Ana. 

        Veja também: Os cuidados com a saúde mental das mães precisam acontecer desde a gestação

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