Respeitar o intervalo recomendado entre as gestações ajuda a evitar riscos para a gestante e o bebê.
Descobrir que se está grávida alguns meses após o parto pode causar um pouco de perplexidade. Apesar de nossas avós e bisavós terem tido muitos filhos em curtos períodos de tempo, uma gravidez sem intervalo gera dúvidas e incertezas. Afinal, quanto tempo a mulher precisa esperar para engravidar novamente? Qual o risco de engravidar sem respeitar esse intervalo?
Certamente você já se fez essas perguntas em algum momento. De fato, alguns fatores (econômicos, profissionais, familiares) influenciam a decisão de ter mais filhos, mas também existem alguns aspectos médicos, baseados em evidências científicas, que precisam de atenção. É o que esclarece a médica ginecologista Ísis Weber: “A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) é que idealmente se espere pelo menos dois anos entre uma gestação e outra”, pontua.
Isso porque, durante o período de gestação, o corpo da mulher sofre inúmeras mudanças e, portanto, precisa de um tempo para a recuperação. Dessa forma, a segunda gravidez precisa ser definida com cautela, levando em consideração o tempo necessário para que a mãe e o bebê estejam saudáveis.
A ginecologista alerta para alguns riscos para o bebê, como deficiência de vitaminas. “Consequentemente, há uma maior probabilidade de baixo crescimento fetal e parto prematuro”, aponta. Logo, a carência de vitaminas prejudica a saúde do bebê e também a da mãe: “Normalmente há deficiência de vitaminas, e isso interfere na questão hormonal, o que acarreta alterações no corpo”, exemplifica.
Segundo a médica, na primeira gestação o corpo precisa de determinadas vitaminas e minerais. Então, quando a mulher engravida novamente em um intervalo de tempo pequeno, na maioria das vezes sofre deficiências nutricionais, impactando inclusive na saúde do bebê. Contudo, a ginecologista deixa claro que essa recomendação não é uma regra: “Se a paciente deseja engravidar antes do período recomendado, não tem problema! Desde que de forma planejada e acompanhada pelo obstetra”, sinaliza.
O importante é entender os muitos fatores envolvidos, como a qualidade da alimentação e a saúde geral da mãe. Por isso, nos casos em que está tudo bem com a mãe, o tempo de espera pode ser menor.
Mas os riscos de uma gravidez sem intervalo não afetam apenas a saúde física. A exaustão mental é outro fator apontado pela também ginecologista e obstetra dra. Karinna Filippi. “O corpo e a mente da mulher necessitam de um tempo para restabelecer o equilíbrio, afinal o puerpério pode ser considerado até os dois anos de vida do bebê. Não podemos esquecer que não só o corpo da mãe precisa de tempo, mas a mente também”, pontua.
O que acontece se não esperar o tempo?
Se a mulher engravidou sem um planejamento, há alguns riscos, como observa a dra. Ísis Weber. “Pode-se piorar a questão da diástase abdominal [afastamento de músculos do abdômen], que aumenta o risco da mulher precisar de cirurgia de reparação, pois há um enfraquecimento da região pélvica – que também pode ocasionar perdas urinárias e alterações sexuais”, afirma.
Outro ponto observado pela dra. Karinna Filippi é que essas complicações são imprevisíveis. “Pode dar tudo certo, mas podemos ter mais complicações graves. Há uma dificuldade maior de retorno ao peso inicial, maior nível de estresse por sobrecarga da mãe e risco de mais dores durante a gravidez”, explica a médica.
Recomendações para uma gravidez sem intervalo
No caso das mães que engravidaram no pós-parto ou antes de 12 meses após o parto, os especialistas recomendam seguir as seguintes orientações nutricionais para evitar problemas durante a gravidez ou durante o parto:
- Comer cinco refeições saudáveis e equilibradas por dia para obter todos os nutrientes necessários para a mãe e para o bom desenvolvimento do feto;
- Ingerir alimentos ricos em vitamina D, para reduzir o risco de pré-eclâmpsia e parto prematuro. Portanto, atente-se para uma dieta com presença de ovos, carnes, laticínios e peixes gordurosos, como salmão e atum;
- Seguir uma dieta rica em ácido fólico e tomar os suplementos recomendados pelo médico. O ácido fólico é essencial durante a gravidez, pois ajuda a prevenir algumas malformações congênitas do feto durante o período de gestação. Também é recomendado consumir essa vitamina alguns meses antes de engravidar.
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