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Estresse prolongado pode afetar o ciclo menstrual

mulher sentada na privada. estresse pode afetar o ciclo menstrual
Publicado em 13/02/2024
Revisado em 16/02/2024

Além do bem-estar, o estresse também pode impactar na menstruação. Saiba quais são as consequências do estresse para o ciclo menstrual.

 

Durante a pandemia de covid-19, uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, identificou que 77% das brasileiras tiveram anormalidades no ciclo menstrual por causa da exposição ao estresse prolongado. De acordo com um estudo americano de 2007, o mesmo acontece com parte das mulheres que vivenciam situações de guerra. Ou seja, além de afetar o humor, o estresse também pode interferir no ciclo menstrual.

 

Como o estresse crônico afeta o ciclo menstrual?

“O controle do ciclo menstrual é feito pelos hormônios que a mulher produz. É quase uma orquestra sinfônica. Para a mulher menstruar direitinho, todos os instrumentos devem estar bem afinados. Quando alguma coisa sai do ritmo, aparecem diferentes manifestações. E, em situações de estresse, essa produção hormonal fica muito variável”, ilustra o dr. Carlos Moraes, ginecologista e obstetra nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre, em São Paulo.

O que acontece é que as emoções são gerenciadas pela mesma região do cérebro que produz e controla os hormônios envolvidos no ciclo menstrual. Quando a mulher passa por situações constantes ou agudas de estresse, o organismo secreta o cortisol, conhecido como hormônio do estresse.

Consequentemente, há uma alteração na secreção do hormônio GnRH que, por sua vez, afeta a liberação dos hormônios luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH). Em níveis baixos, o LH e o FSH dificultam a produção de estrogênio, necessário para que ocorra a ovulação e a menstruação. 

 

Quais são as alterações que o estresse pode causar ao ciclo menstrual?

“A primeira característica é a perda da periodicidade. A menstruação é um sangramento cíclico e, geralmente, as mulheres têm um padrão. Tem paciente que menstrua a cada 28 dias, a cada 21, a cada 35, mas ela tem um padrão dela. Então, a primeira coisa que ela percebe é que aquela periodicidade que ela estava acostumada mudou”, destaca o dr. Carlos.

Isso significa que os ciclos podem se tornar mais curtos (isto é, o sangramento iniciar antes do esperado) ou mais longos (quando atrasam por semanas ou meses). O estresse também pode provocar alterações no número de dias da menstruação, no fluxo, na coloração e no odor do sangue menstrual, bem como na libido.

Veja também: O que a cor da menstruação quer dizer sobre a sua saúde?

 

Quando se preocupar?

“Eventualmente, a paciente pode passar pela perda de um familiar, por uma mudança de emprego ou por problemas no relacionamento. Por isso, a gente considera que toda mulher tem o ‘direito’ de ter até três episódios de irregularidade menstrual no ano. Agora, quando essa irregularidade se manifesta por um período prolongado, precisamos ficar mais preocupados e começar a tratar”, explica o especialista.

Cronicamente, problemas na ovulação podem levar ao aumento de peso ou até à dificuldade para engravidar.

No caso de quem usa anticoncepcionais orais, o atraso não acontece, porque a menstruação independe do funcionamento do ovário. Quem comanda o ciclo são os hormônios contidos na pílula, não os hormônios naturais da mulher. Isso faz com que a paciente perca a referência em saber se há alguma anormalidade, portanto, é preciso manter o acompanhamento regular com o ginecologista.

 

O que fazer para prevenir que o estresse afete o ciclo menstrual?

Com tantas preocupações e tarefas, controlar o estresse é quase impossível. Mas existem meios de amenizar a sobrecarga de ansiedade no nosso dia a dia, como manter uma boa rotina de sono, realizar atividades físicas regulares, alimentar-se adequadamente e controlar o peso.

“Eu também acho interessante que a mulher tenha um desses aplicativos de controle do ciclo menstrual, porque ela vai comparando. Se ela perceber que alguma coisa saiu do padrão, é a hora de procurar um médico”, recomenda o dr. Carlos.

Observe, durante três meses, a duração dos seus ciclos menstruais. Se eles estiverem anormais, marque uma consulta com o seu ginecologista. Mas se houver parada total da menstruação, vá ao especialista antes desse período.

Veja também: Entenda as fases do ciclo menstrual

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