Calcinhas e coletores menstruais são opções ainda pouco conhecidas das mulheres. Veja na coluna de Mariana Varella.
A aparência é de um pequeno cálice de silicone, que cabe na palma da mão. Embora cause estranheza no início, a maioria das mulheres que o experimenta afirma não viver mais sem ele. Apesar disso, pouca gente o conhece.
O coletor menstrual, também chamado de “copinho”, é um produto usado para coletar o sangue menstrual. Adaptável ao corpo, deve ser introduzido na vagina durante o período menstrual e oferece baixo risco de infecções e alergias. Por ser reutilizável, ajuda a reduzir o lixo produzido pelo uso de absorventes internos e externos, utilizados nas cerca de 400 a 500 menstruações que uma mulher tem durante a vida.
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O preço varia de R$ 70,00 a R$ 160,00, mas o dispositivo dura de cinco a dez ano, se utilizado da forma correta. Representa, portanto, uma economia considerável a longo prazo.
Ao contrário do absorvente interno, que precisa ser introduzido no fundo do canal vaginal, o coletor deve ser inserido na entrada da vagina, o que pode causar certo incômodo no início. Até encontrar o local adequado para colocar o coletor, a mulher pode demorar em média de dois a cinco ciclos.
O copinho precisa ser esvaziado a cada 6 a 12 horas, dependendo da intensidade do fluxo menstrual. Para higienizá-lo, basta lavá-lo com água e sabão e fervê-lo em recipiente adequado após cada ciclo menstrual.
Como o sangue não entra em contato com o ar, o coletor também evita o mau odor que pode ocorrer com o uso de absorventes externos, além de evitar vazamentos.
As marcas costumam oferecer 3 tamanhos: para adolescentes, para mulheres com menos de 30 anos sem filhos e para aquelas com mais de 30 anos ou que tenham tido filhos.
Só não devem utilizá-lo mulheres que ainda não tiveram relações sexuais com penetração e desejem manter intacto o hímen, que pode se romper ao inserir ou retirar o dispositivo, e puérperas (mulheres que deram à luz há menos de 45 dias).
Nem toda mulher se adapta ao coletor, é verdade. Como opção, há no mercado outros produtos que podem ser usados durante o ciclo menstrual, como as calcinhas higiênicas, que absorvem o sangue menstrual e também podem ser reutilizadas. Seu preço varia de 50 a 120 reais e elas duram cerca de 2 anos.
São uma boa alternativa aos absorventes externos, pois se ajustam melhor ao corpo e evitam escapes, em especial durante à noite e a prática de exercícios físicos. Além disso, têm a aparência de uma calcinha comum.
O disco menstrual, acessório semelhante ao coletor, mas com formato oval, semelhante ao diafragma, também serve como opção a outros produtos menstruais e ainda oferece a vantagem de poder ser utilizado durante as relações sexuais.
Se há vários produtos disponíveis para a mulher que menstrua, por que falamos tão pouco deles? Aliás, se metade da população do mundo menstrua em algum momento da vida, por que esse tema ainda é tão mal abordado?
Em um país em que a falta de acesso a absorventes é frequente (uma pesquisa realizada pela Johnson & Johnson em 2018 mostra que ¼ das adolescentes brasileiras vive em situação de pobreza menstrual), por que não pensarmos em campanhas de conscientização e doação de produtos mais duráveis, como as calcinhas e coletores menstruais?
Falar sobre o funcionamento e as necessidades do corpo feminino ainda é tabu. Não à toa, algumas meninas escondem até da mãe, que menstrua como elas, sua menarca (primeira menstruação). Há inúmeras jovens que embora já tenham vida sexualmente ativa, jamais experimentaram um absorvente interno, com medo do que lhes possa acontecer. Temem que o absorvente se perca no interior da vagina, ou que não consigam introduzi-lo ou retirá-lo, revelando ignorância a respeito do próprio organismo.
Esperam de nós que lidemos com a menstruação em segredo, que não conheçamos nosso corpo, pois para isso é preciso tocá-lo, observá-lo, entendê-lo.
Cada mulher tem um corpo, uma história, e quanto mais alternativas para lidar com nosso ciclo menstrual e reprodutivo, melhor. Calcinhas e coletores menstruais são mais uma opção.