A mulher que está amamentando não pode engravidar? Ducha vaginal impede a gravidez? Veja esses e outros mitos sobre contracepção na coluna de Mariana Varella.
O surgimento da pílula anticoncepcional, na década de 1960, permitiu uma revolução nos hábitos sexuais em vários países, possibilitando às mulheres mais autonomia.
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No entanto, ainda há muitos mitos acerca da contracepção, e mesmo com o surgimento de novos métodos contraceptivos e as mudanças comportamentais e culturais que possibilitaram o acesso à educação sexual, ainda há muita desinformação sobre o tema. Veja as principais.
Principais mitos sobre a contracepção
1. Não é possível engravidar durante a amamentação
A amamentação ajuda a prevenir a gravidez, mas apenas se houver duas condições simultâneas: que a mulher ainda não tenha menstruado após o parto e que o bebê se alimente exclusivamente com leite materno, sem complementação com fórmulas. Além disso, a regra vale para os primeiros seis meses após o parto; depois desse período, mesmo que se observe as duas condições acima, há mais risco de gravidez.
Ainda assim, é comum que ginecologistas indiquem um método anticoncepcional para o período da amamentação, para que não ocorra uma gestação indesejada. Converse com seu médico.
2. Só é possível engravidar se a mulher tiver um orgasmo
A gravidez ocorre quando o espermatozoide do homem fecunda o óvulo da mulher. Assim, o fato de a mulher ter ou não um orgasmo não interfere na fecundação.
3. Ducha vaginal após a relação sexual impede a gravidez
Depois da ejaculação, os espermatozoides atingem o colo uterino, região que não pode ser atingida por duchas ou lavagens vaginais. Além disso, não é recomendado realizar duchas vaginais, pois elas podem alterar a microbiota da vagina, facilitando infecções.
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4. Quem faz sexo fora do período ovulatório não precisa adotar outro método anticoncepcional
Determinar o período da ovulação com precisão não é simples. Atitudes como medir a temperatura basal e verificar o muco cervical precisam de observação e monitoramento constantes. Além disso, é necessário conhecer bem o funcionamento do próprio corpo e ter um ciclo menstrual regular, o que não ocorre com todas as mulheres.
A ovulação depende do equilíbrio de quatro hormônios principais: FSH, LH, estrogênio e progesterona. Fatores como idade, uso de medicamentos, estresse, entre outros podem alterar o equilíbrio desses hormônios, interferindo na ovulação.
Assim, a “tabelinha”, que consiste em evitar relações sexuais fora do período fértil, não é um método contraceptivo confiável e, portanto, não deve ser o único adotado.
5. Se durante a relação sexual a mulher adotar a posição em pé ou por cima do homem ela não engravida
As posições escolhidas durante a relação sexual não interferem na probabilidade de ocorrer uma gravidez. Após a ejaculação, os espermatozoides se movem com rapidez em direção ao colo uterino, independentemente da posição dos parceiros.
6. Quando não houver camisinha disponível, é possível substituí-la por outros plásticos, como plástico filme
Os preservativos masculino e feminino são feitos especificamente para oferecer proteção contra gravidez e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Eles passam por testes rigorosos para comprovar sua eficácia e segurança. Não os substitua por outros materiais.
7. Se o parceiro ejacular “fora”, a mulher não engravida
Esse é um mito bastante comum. O chamado “coito interrompido”, em que o homem evita ejacular no interior da vagina, não é eficaz para prevenir uma gravidez, porque o líquido pré-ejaculatório contém espermatozoides capazes de fecundar o óvulo. Estima-se que de cada cem casais que utilizem esse método, 22 engravidem de forma indesejada, taxa considerada elevada.
8. Não é possível engravidar na primeira relação sexual da mulher
É possível engravidar sempre que a mulher estiver ovulando, mesmo que seja sua primeira relação sexual com penetração.
9. Se a mulher urinar após a relação sexual, ela não engravida
Embora urinar após o sexo seja uma boa recomendação para reduzir o risco de infecção urinária, isso não serve para evitar a gravidez, visto que os espermatozoides alcançam o colo uterino em poucos segundos.
10. Chás ou plantas medicinais impedem a fecundação
Não há comprovação científica de que exista algum chá ou produto natural que impeça a gravidez.
Para evitar a gravidez
A melhor maneira de evitar uma gravidez indesejada é usar um método contraceptivo. Existem vários disponíveis pelo SUS, e um profissional de saúde poderá indicar o que melhor se adapta a você.
E não esqueça que a contracepção e os cuidados para evitar ISTs são de responsabilidade de todas as pessoas que fazem sexo, independentemente do gênero, da prática sexual e do tipo de relacionamento que você estabelecer com seus parceiros ou parceiras.
E lembre: não existe pergunta boba. Na dúvida, converse com um profissional de saúde para esclarecer seus questionamentos.
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