A leptospirose é a principal e mais conhecida doença transmitida através do contato com a água da chuva empoçada.
Quando chove, é comum entrarmos em contato com a água que se acumula nas vias públicas, principalmente se nos deslocamos a pé, de bicicleta ou de transporte público. Quando isso acontece, é importante ter cuidado porque a água da chuva empoçada pode trazer riscos à saúde.
Paulo Sérgio Ramos, infectologista e professor associado do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), afirma que é perigoso entrar em contato com a água da chuva que alaga vias públicas e, às vezes, até residências e áreas comerciais.
“Sim, [é perigoso] porque a água resultante dos alagamentos pode veicular agentes infecciosos, sobretudo bactérias, que podem, através de lesão na pele, acarretar doenças cutâneas e até mesmo sistêmicas como a leptospirose”, explica o médico.
A leptospirose é a principal e mais conhecida doença que pode ser transmitida por meio do contato com a água da chuva empoçada. É uma doença causada pela bactéria Leptospira, que está presente na urina de ratos infectados.
O dr. Ramos afirma que, depois que a pessoa tem contato com a água contaminada, essa bactéria entra na corrente sanguínea por meio da pele ou das mucosas.
Doença grave
O infectologista alerta que a leptospirose é uma doença potencialmente grave. “Pode ocasionar sangramentos e disfunção do fígado e dos rins, além de inflamação nos pulmões. Nas formas moderadas e graves, que demandam internamento, pode ocorrer morte em até 10% dos casos.”
Alguns sintomas da doença são: febre alta, dor de cabeça, sangramento, dor muscular, vômitos, olhos vermelhos e calafrios. Caso a pessoa tenha tido contato com água da chuva empoçada e apresente todos os alguns desses sintomas, é importante procurar ajuda médica. O diagnóstico da leptospirose é feito por meio de exames de laboratório ou de imagem.
“Outras bactérias presentes no solo podem ainda ocasionar infecções de pele e tecidos moles, sobretudo se houver áreas de pele com ferimentos ou arranhões”, acrescenta o dr. Ramos.
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Cuidados com a água da chuva
O infectologista afirma que se deve evitar ao máximo ter contato com água da chuva empoçada. No entanto, ele reconhece que isso é algo muito difícil para a grande maioria da população que vive e trabalha nos grandes centros urbanos.
Em dias de chuva, o médico recomenda alguns cuidados, como o uso de botas de cano longo ou sacos plásticos bem fixados na altura dos joelhos. “Tão logo que possível, irrigar as pernas com bastante água e promover a lavagem com sabão”, sugere.
O médico chama a atenção para o aumento do risco de contaminação quando o nível da água começa a baixar, porque pode haver maior concentração das bactérias. Nesses casos, os cuidados devem ser redobrados.
Sobre a autora: Fabiana Maranhão é jornalista desde 2006 e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por temas ligados à infância e à adolescência, alimentação saudável e saúde mental.