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Infectologia

Qual a diferença entre a nova PrEP injetável e a PrEP oral disponível no SUS?

Publicado em 08/09/2023
Revisado em 23/09/2024

Desde 2017, a PrEP oral é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde; já a PrEP injetável foi aprovada em julho pela Anvisa, e ainda não tem previsão para ser oferecida pelo SUS.

 

A PrEP ou profilaxia pré-exposição é uma terapia de prevenção ao HIV, vírus causador da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). Desde 2017, a PrEP oral é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e em julho deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova versão injetável, que pode facilitar a vida de quem quer evitar a infecção pelo HIV. Infelizmente, ela ainda não está disponível, mas é importante entender a diferença entre esses dois tipos de terapia. 

A PrEP serve para preparar o organismo para um eventual contato com o HIV. É importante ressaltar que ela não pode ser considerada uma espécie de vacina porque deixa de ter efeito quando o tratamento é interrompido.

O que existe atualmente no SUS é a PrEP oral, que só é oferecida sob recomendação médica. Além disso, o paciente precisa fazer acompanhamento médico e testes regulares para o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST)

A PrEP oral envolve o uso diário de comprimidos que contêm antirretrovirais, como o tenofovir e a entricitabina. Essa combinação de substâncias também pode ser encontrada nas farmácias, mas por um preço alto. 

A PrEP é indicada para qualquer pessoa que esteja vulnerável ao HIV. Segundo o Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde, estas são algumas situações que podem indicar o uso da PrEP:  

  • Com frequência, deixa de usar camisinha em relações sexuais (anais ou vaginais);
  • Faz uso constante de PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV);
  • Tem histórico de episódios de ISTs
  • Está em contexto de relações sexuais em troca de dinheiro, objetos de valor, drogas, moradia, etc.
  • É adepto do chemsex: prática sexual sob influência de drogas psicoativas (metanfetaminas, gama-hidroxibutirato (GHB), MDMA, cocaína, poppers).

Para começar a usar a PrEP através do SUS, o paciente deve procurar um serviço de saúde para saber se tem indicação para o uso dessa terapia. Atualmente, 770 unidades de saúde no Brasil oferecem a PrEP, em todos os estados do país. Veja a lista de serviços de saúde que disponibilizam a PrEP oral aqui

No SUS, os médicos priorizam a prescrição da PrEP para pessoas que estão mais vulneráveis a ter contato com o vírus HIV e que fazem parte dos seguintes grupos:

  • Homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens;
  • Pessoas trans (mulheres transexuais, travestis, homens trans e pessoas não binárias);
  • Profissionais do sexo ou pessoas que eventualmente recebam dinheiro ou benefícios em troca de serviços sexuais;
  • Pessoas que estejam se relacionando com uma pessoa vivendo com HIV (casais sorodiferentes).

        Ouça: DrauzioCast #156 | Tratamento de prevenção e de pós-exposição ao HIV

 

PrEP injetável

O medicamento aprovado pela Anvisa no mês de julho é o antirretroviral cabotegravir, no formato injetável, que pode ser uma opção de profilaxia pré-exposição. A principal diferença dessa terapia em relação à PrEP oral é a forma de administração. 

A PrEP em comprimidos exige que o paciente tome diariamente. Já a PrEP injetável funciona da seguinte forma: o paciente recebe a primeira injeção, toma uma segunda dose quatro semanas depois e, depois disso, precisa receber uma dose a cada oito semanas (dois meses). Nos dois casos, é essencial que o paciente faça acompanhamento médico e testes regulares.     

Outra diferença entre essas duas formas de PrEP é em relação à eficácia na prevenção à infecção pelo HIV, como explica a dra Beatriz Grinsztejn, médica infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). 

Segundo ela, a eficácia da PrEP oral é “altíssima”. “Quando utilizada pelo menos quatro doses por semana, para essas populações de homens que fazem sexo com homens, travestis e mulheres trans, ela pode ser 96% eficaz”, afirma.

A médica pontua, no entanto, que o grande problema da PrEP oral é a adesão ao tratamento. Ou seja, para que a terapia tenha esse percentual de eficácia, o paciente precisa tomar a medicação com regularidade. E esse tem sido um dos principais desafios enfrentados pelo Ministério da Saúde, principalmente entre os mais jovens.     

Na opinião da dra Beatriz Grinsztejn, é aí que entra a PrEP injetável como uma estratégia mais eficaz de prevenção à aids. “Resultados de dois estudos mostraram que, embora a efetividade da PrEP oral seja muito alta, ela depende da adesão. E, dessa forma, a PrEP com cabotegravir de longa ação se mostrou superior em termos de eficácia quando comparada à PrEP oral. Principalmente porque não precisa estar tomando todo dia”, afirma. 

Embora tenha sido aprovada pela Anvisa, a PrEP injetável ainda não está disponível pelo SUS e não há uma previsão de data para isso. O formato injetável ainda está em fase de organização e estudos no Brasil. A dra Beatriz Grinsztejn participa desses estudos. 

“Quando isso for implementado [no SUS], ela [o paciente] vai ao serviço de saúde, vai receber sua injeção a cada dois meses e não vai precisar ter nada com ela. Então, eu acho que isso é uma questão muito importante em ambientes onde estigma e discriminação também sejam uma questão a mais tanto para o acesso quanto para a manutenção do uso da PrEP oral”, conclui.

        Veja também: Em que pé estamos no combate ao aids?

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