Com o aumento de casos nos primeiros meses do ano, é comum surgirem dúvidas em torno da vacina da febre amarela. Conheça as principais indicações.
A febre amarela é uma doença infecciosa, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes, como os mosquitos). Há dois tipos da doença:
- Febre amarela urbana: ocorre em regiões urbanas e é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O último caso de febre amarela urbana registrado no Brasil ocorreu em 1942;
- Febre amarela silvestre: aparece em regiões de matas e ambientes silvestres, sendo transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. Desde 2016, o Brasil vive um surto de febre amarela silvestre.
Os sinais e sintomas, que são variáveis e podem ser leves, a ponto de ser confundidos com uma virose comum e evoluir espontaneamente, ou muito graves, levando inclusive à morte, são semelhantes nas duas formas da doença.
Toda pessoa que não tenha sido vacinada e resida ou viaje para as áreas com risco de transmissão da doença corre o risco de contrair a febre amarela.
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Vacinação
A forma mais eficaz de evitar a febre amarela é por meio da vacinação. De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a vacina é constituída de vírus atenuado, ou seja, um vírus enfraquecido para não causar doenças em pessoas saudáveis, mas que estimula o organismo a produzir a própria proteção contra o vírus. Essa resposta imunológica ocorre cerca de dez dias após a injeção. A vacina apresenta eficácia acima de 97,5% e a proteção persiste por mais de 40 anos. A aplicação é por via subcutânea.
Quem deve receber a vacina
A vacina é recomendada apenas para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas endêmicas (áreas reconhecidas como de risco para a transmissão da doença), e está indicada a partir dos nove meses de idade. Porém, em condições de surto, poderá ser antecipada para os seis meses de idade. Segundo a SBI, deve ser administrada da seguinte forma:
- Crianças: dose única aos nove meses e uma dose de reforço aos quatro anos;
- Pessoas de 5 a 59 anos de idade, não vacinadas ou sem comprovante de vacinação: uma dose;
- Maiores de cinco anos com uma dose realizada antes dos cinco anos de idade: uma dose de reforço.
Já o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam apenas uma dose da vacina, sem a necessidade de reforço, para quem mora ou viaja para as áreas endêmicas. A dose única deve ser administrada aos nove meses de idade ou posteriormente caso a imunização não seja feita nesta época.
Quem não pode receber a vacina (contraindicações)
Determinadas pessoas não podem tomar a vacina sem indicação médica, pois algumas situações clínicas aumentam o risco de complicações, alerta a SBI. São elas:
- Pessoas com alergia a algum componente da vacina ou a ovos e derivados;
- Indivíduos com doenças que levem a alterações no sistema de defesa congênitas (nascidas com a pessoa) ou adquiridas, incluindo os indivíduos submetidos a terapias como quimioterapia e os que recebem doses elevadas de corticoesteroides;
- Pessoas com histórico de doença do timo (órgão linfático), incluindo miastenia gravis, timoma (câncer no timo) ou remoção prévia do timo;
- Indivíduos assintomáticos infectados pelo HIV que estejam doentes ou apresentem defesas baixas (CD4 abaixo de 200 células/mm³);
- Crianças menores de seis meses de idade.
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Situações que exigem avaliação especial
Há situações que precisam de avaliação médica, pois o risco-benefício da vacina deve ser considerado, como:
- Crianças entre seis meses e oito meses de idade;
- Pessoas com mais de 60 anos;
- Gestantes;
- Mulheres amamentando crianças menores de seis meses de idade.
Reações que podem ocorrer após a vacinação
As reações à vacina são raras, mas quando ocorrerem, precisam ser avaliadas por um médico:
- Reações muito comuns: dor de cabeça, reações no local da aplicação como dor, vermelhidão, hematomas, inchaço – podem ocorrer em até 2 dias depois da injeção;
- Reações comuns: náusea, diarreia, vômito, dor muscular, febre e cansaço – podem ocorrer após o terceiro dia da vacina;
- Reações incomuns (menos de 0,1% dos pacientes): problemas neurológicos, como infecção no sistema nervoso – ocorrem de 7 a 21 dias depois da aplicação da vacina;
- Reações raríssimas (poucos casos descritos no mundo): dor abdominal e nas articulações, icterícia (amarelão), falta de ar, urina escura, sangramentos, perda da função renal – podem ocorrer em até 10 dias após a aplicação da primeira dose da vacina. (Fonte: SBI)
São Paulo
O período sazonal da febre amarela vai de dezembro até maio. Em fevereiro de 2025, o Ministério da Saúde emitiu um alerta para o aumento de casos da doença em São Paulo, Minas Gerais, Roraima e Tocantins, sendo que São Paulo concentra o maior número de casos. Por isso, a pasta ampliou o envio de doses da vacina para o estado, fornecendo 800 mil doses extras.
Para quem vai viajar para áreas com transmissão de febre amarela ou regiões rurais e de mata, a orientação é verificar a carteira de vacinação. Pessoas que ainda não foram vacinas ou que receberam a dose fracionada em 2018 devem procurar uma unidade de saúde pelo menos 10 dias antes da viagem para se imunizar.
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