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Baixa adesão à vacinação contra o HPV preocupa especialistas

seringa retirando líquido de dentro de frasco de vacina. Vacinação contra o HPV é mais baixa que esperado
Publicado em 14/08/2017
Revisado em 11/08/2020

A adesão à vacinação contra o HPV ainda é mais baixa do que o desejado; a vacina é essencial na prevenção do câncer de colo de útero.

 

 

O vírus do HPV está relacionado a 84% dos casos de câncer de colo de útero.  No entanto, esse tipo de tumor pode ser prevenido.

Nos últimos anos, diversas políticas públicas aumentaram a disponibilidade da vacina contra o HPV na América Latina, com o intuito de evitar doenças causadas pelo vírus, mas as taxas de adesão à vacinação na região permaneceram muito abaixo do esperado. Essa é a conclusão de um estudo conduzido por integrantes da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), publicado em 2017 na revista “Cancer”, da American Cancer Society (Sociedade Americana de Cancerologia).

 

Veja também: A segurança da vacina contra o HPV

 

“Atualmente, 80% das adolescentes da América Latina têm acesso à vacina contra o HPV a partir de programas públicos de imunização. Porém, apesar do alto potencial de alcance, as taxas de adesão à vacinação contra o HPV na região caíram a uma velocidade alarmante nos últimos anos. A Colômbia, por exemplo, tinha, em 2013, a segunda maior taxa de jovens vacinadas no mundo, com 97,5%. Em 2014, o número caiu para cerca de 20%. Essa é uma diminuição na adesão a vacinas nunca vista antes na história”, diz a dra. Angélica Nogueira, oncologista e membro da SBOC e presidente do EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos.

No Brasil, a situação também é uma das mais preocupantes. Apesar de a vacina estar disponível tanto para meninas quanto para meninos, menos da metade do público-alvo foi imunizado até março de 2016.  Segundo dados apurados junto ao Ministério da Saúde, a cobertura da primeira dose da vacina sofreu uma redução drástica de 23% em apenas um ano – de 92% da população-alvo vacinada entre 2014 e 2015 para 69,5% em março de 2016. Quando considerada a segunda dose, a taxa cai para pouco mais de 43%.

Além disso, o estudo também identificou padrões regionais relevantes no que se refere à adesão da população. Nas áreas mais desenvolvidas do país, as taxas de vacinação contra o papilomavírus humano são maiores, enquanto nos locais onde a incidência de câncer de colo de útero é historicamente maior as taxas são consideravelmente menores.

De acordo com os autores do estudo, a preocupação com a segurança da vacina, o desconhecimento sobre as doenças relacionadas ao HPV e o estigma existente por esse ser um vírus transmitido sexualmente estão entre os principais motivos para a queda nos níveis de imunização da população. Além disso, no Brasil, o Ministério da Saúde atribui a queda, em grande parte, ao fato de muitas escolas terem deixado de se envolver com a questão.

“A alta incidência da doença é um contrassenso, pois este é um tipo de tumor evitável por meio da vacina. É essencial que as escolas, pediatras, ginecologistas, clínicos e oncologistas façam sua parte e divulguem a importância da vacinação na faixa etária adequada e a segurança da vacina”, diz a dra. Angélica Nogueira.

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