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Infectologia

11 perguntas e respostas sobre a mpox

Publicado em 10/08/2022
Revisado em 19/08/2024

Respondemos às perguntas mais buscadas no Google sobre a mpox, antes conhecida como varíola dos macacos. Veja aqui.

 

O turbilhão de notícias sobre a mpox tem causado enorme preocupação. No Google, a pergunta “como é transmitida a varíola do macaco?” é uma das mais pesquisadas na área da saúde. Além disso, em comparação com o último mês, o interesse por sintomas da doença aumentou 150%.

Por isso, com a ajuda do Google Trends, reunimos as dúvidas mais frequentes no mecanismo de busca e respondemos o que já se sabe sobre elas. Acompanhe:

1. O que é mpox?

A mpox, chamada erroneamente por varíola dos macacos, é uma zoonose viral. Ou seja, é uma doença em que o vírus causador é transmitido dos animais para os seres humanos. Hoje, o contágio também acontece de pessoa para pessoa. A mpox é parecida com a varíola comum, mas os sintomas são mais leves e a letalidade muito mais baixa.

2. Por que o nome era varíola dos macacos?

O nome pelo qual a doença ficou conhecida tem a ver com a sua origem. Isso porque o primeiro caso de infecção relatado foi em macacos em um laboratório na Dinamarca, em 1958. 

Os primatas, no entanto, eram tão vítimas quanto os seres humanos, já que o vírus veio dos roedores presentes na região da África Central. Só posteriormente é que os macacos foram infectados.

3. O que é mpox em português?

O termo “mpox” não tem tradução literal em português. Esse é apenas o nome científico dado à doença.

4. O que causa a mpox?

O vírus que causa a infecção é seu homônimo: chama-se monkeypox. Ele pertence ao gênero Orthopoxvirus e à família Poxviridae, os mesmos do vírus da varíola comum. Geneticamente, ambos possuem uma semelhança de quase 90%.

        Ouça: DrauzioCast sobre varíola dos macacos

5. Onde surgiu o primeiro caso de mpox?

O primeiro caso foi registrado em humanos aconteceu em 1970, na República Democrática do Congo. O paciente era um menino congolês de 9 anos.

6. Como surgiu a mpox?

Supõe-se que o vírus foi transmitido aos seres humanos através do contato ou ingestão de roedores contaminados. Inicialmente, a doença se restringiu às regiões da África Central e África Ocidental, se tornando endêmica em países como Camarões, República Centro-Africana, Costa do Marfim, Nigéria, a própria República Democrática do Congo, entre outros.

Da década de 1970 para cá, o número de casos da doença aumentou progressivamente a cada ano. A partir de 2003, ela passou a ser relatada fora do continente africano, geralmente restrita e relacionada a pessoas que viajaram para a África ou tiveram contato com animais vindos de lá.

A explosão de casos aconteceu em maio de 2022, chegando a mais de 27 mil infecções em todos os continentes em menos de quatro meses.

7. Como é transmitida a mpox?

Se, antes, a transmissão da doença ocorria pelo contato próximo com o animal infectado, hoje ela acontece pelo contato próximo com a pessoa infectada. Isso inclui:

  • contato com secreções respiratórias (ao falar, tossir ou espirrar);
  • contato com lesões que surgem na pele da pessoa com o vírus;
  • e contato com materiais de uso individual de alguém contaminado, como toalhas e roupas de cama.

Há ainda uma discussão entre os cientistas se a mpox seria ou não uma infecção sexualmente transmissível (IST). Independentemente da resposta, o uso da camisinha não protegeria, por exemplo, do contato com as lesões na pele fora da região íntima ou das secreções diretamente transmitidas pelo beijo. A relação sexual é, acima de tudo, uma forma de contato próximo com outra pessoa.

Nesse sentido, existem muitas divergências em relação à orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que homens que fazem sexo com outros homens reduzam o número de parceiros a fim de se proteger contra a mpox. Ainda que eles tenham sido quase 98% dos casos no início da disseminação, a doença vem se espalhando cada vez mais por outros grupos.

É importante saber que qualquer pessoa pode se contaminar, seja pela relação sexual ou pelo contato próximo com alguém infectado.

        Leia: Monkeypox e racismo

8. Quais são os sintomas da mpox?

O ciclo de infecção acontece em três etapas:

  • Período de incubação: essa fase não apresenta nenhum sintoma. Pode durar de 5 a 21 dias, variando de pessoa para pessoa;
  • Início dos sintomas: assim que termina o período de incubação, surgem os sintomas iniciais. Em geral, isso acontece entre o 7° e o 17° dia após o contágio. É comum o paciente sentir febre alta, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e dor nos gânglios do pescoço, axilas e virilhas. Pode ser também que a pessoa não sinta nada ou sinta apenas um ou outro sintoma. É nesse período que ela começa a transmitir a doença;
  • Surgimento das lesões: depois de um a três dias do início dos sintomas, aparecem as lesões na pele, principalmente na cabeça, nariz, testa, mão, pé e genitais. Inicialmente, elas se assemelham a uma espinha. Depois, as bordas começam a se elevar, dando a aparência de um pequeno vulcão. Por fim, caem e deixam uma cicatriz na pele, em especial em pessoas que pegam muito sol ou têm a pele mais escura. Essa evolução não se dá necessariamente ao mesmo tempo e a doença continua ativa enquanto novas lesões surgirem, mesmo que as antigas já tenham caído. É o auge da transmissão do vírus e pode durar até 21 dias. 

O diagnóstico é feito com o teste PCR, o mesmo utilizado para detectar a covid-19. Mas, em vez do cotonete ser inserido no nariz, ele é colocado na lesão, justamente pela ferida conter muito material viral. Infelizmente, no Brasil, ainda são poucos os laboratórios que oferecem esse serviço.

9. A mpox tem cura?

Sim. Assim que todas as lesões desaparecem e a pele cicatriza, a pessoa está curada. Isso acontece na grande maioria dos casos, considerando que a mpox tende a ser uma doença benigna. 

Em alguns casos mais complicados, como quando as lesões surgem no ânus, o paciente sente dor e pode precisar de internação para amenizar o incômodo. Mas assim que as feridas cicatrizam, a pessoa fica bem de novo.

Existe um medicamento antiviral utilizado em pacientes com maior severidade, mas, como a maioria dos países não o possuem em estoque, a regra costuma ser esperar as feridas cicatrizarem ou combater os sintomas.

10. Mpox mata?

De mais 27 mil casos no mundo todo, apenas 9 pacientes morreram até agora. Foram pessoas que tiveram formas mais graves da doença, com acometimento do olho, cérebro ou pulmões. 

Pelo que se sabe até agora, pacientes com imunidade comprometida (como aquelas com aids, transplantadas ou em tratamento quimioterápico de câncer) e bebês de mulheres grávidas que se infectaram com a doença estão mais sujeitos a um quadro grave.

Por isso, ainda que a doença se apresente de maneira leve para a maioria da população, não podemos deixar de nos proteger. Quanto maior a rede de contaminação, maior a ameaça para as pessoas do grupo de risco.

        Veja também: Conheça os sintomas da varíola dos macacos

11. Como se prevenir da mpox?

As recomendações são parecidas com as da covid-19: usar máscara e lavar bem as mãos com água e sabão. Também é preciso evitar contato próximo e não compartilhar roupas de cama e toalhas com pessoas com suspeita da doença.

Quanto à vacinação, concluiu-se que o imunizante utilizado nas campanhas de combate à varíola comum funciona também contra a mpox. Ainda que a população mundial tenha parado de se vacinar quando a varíola foi erradicada, em 1980, existem versões mais modernas do imunizante. Ele é eficaz quando aplicado de forma preventiva, mas também pode ser administrado em até quatro dias após a exposição ao vírus.

O problema é que a enorme demanda dificulta a produção de doses para todos os países. O Ministério da Saúde já encomendou 50 mil doses para o Brasil, reservadas a profissionais de saúde da linha de frente e pessoas do grupo de risco. 

Enquanto isso, caso acredite que tenha sido contaminado, procure um infectologista ou a unidade básica de saúde mais próxima. Se a sua queixa for minimizada, insista até conseguir o diagnóstico correto. Em isolamento, espere as feridas cicatrizarem.

 

Assista à entrevista com o infectologista Rico Vasconcelos:

 

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