Varíola dos macacos – DrauzioCast #184

A varíola é uma doença já conhecida pela humanidade, mas a sua nova versão deixou o mundo em alerta. Saiba mais sobre a varíola dos macacos.

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Publicado em: 29 de julho de 2022

Revisado em: 13 de setembro de 2022

O que sabemos até o momento sobre a varíola dos macacos, ou varíola símia? Entenda.

 

 

 

A varíola dos macacos já é conhecida desde 1958, mas a escalada de novos casos simultâneos em vários países tem preocupado a população mundial. Desde os anos 80, o vírus da varíola que atingia os seres humanos havia sido erradicado, por isso, essa nova disseminação é motivo de investigação entre os especialistas.

Para entender as causas da doença, por que ela tem se espalhado tão rapidamente e como se prevenir, o dr. Drauzio recebe o infectologista Antônio Bandeira, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. Ouça agora.

Este episódio foi gravado no dia 22 de julho de 2022.

Ouça também no YouTube:

 

Olá, meus amigos, muitas informações novas têm aparecido sobre uma doença que as pessoas conhecem com o nome de varíola dos macacos. O Ministério da Saúde do Brasil sugere uma troca de nomes porque eles têm medo que as pessoas comecem a matar os macacos de medo da doença. É uma doença já conhecida de 1958, que nós vamos chamar de monkeypox ou, como sugere o entrevistado de hoje, de varíola símia, que particularmente me parece um nome mais adequado.

Nós já temos, hoje, no dia 22 de julho 2022, quando está sendo feita esta gravação, mais de 11 mil casos, em mais de 60 países, reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde. Apesar do vírus ser conhecido, nós não tínhamos passado por uma disseminação nessa escala dessa varíola símia. O vírus da varíola clássica, aquela de trás, do passado, que afetava os seres humanos, tinha sido erradicado em 1980, através da vacinação. Agora, nós estamos atentos pra descobrir qual a causa dessa disseminação acelerada do vírus da varíola símia.

E, pra isso, nós chamamos o infectologista, o doutor Antônio Bandeira, que é atual coordenador do Serviço de Infectologia do Hospital Aeroporto, que fica na região metropolitana de Salvador, na Bahia, porta-voz da Sociedade Brasileira de Infectologia, pra falar sobre essa doença, quando ela surgiu, como está se espalhando e de que maneira ela está acontecendo nos vários países do mundo, quais são os sintomas e como ocorre a transmissão e vai falar também sobre o tratamento.

 

Dr. Drauzio Varella: Seja bem-vindo, Bandeira. Muito obrigado de você atender o nosso convite.

Dr. Antônio Bandeira: Obrigado, Drauzio, para mim, é um prazer estar aqui com você e poder compartilhar exatamente esses momentos de discussão, de conversa sobre essa doença tão intrigante, que, nesse momento, a gente, né, pouco tinha ouvido falar nela e que rapidamente tomou conta de vários países do mundo.

 

DV: Bandeira, vamos começar dizendo como é que foi descoberto o vírus causador da varíola símia, lá nos anos 50.

Dr. Antônio: Pois é, Drauzio, na verdade, é aquela coisa que, na ciência uma coisa puxa a outra, é interessante.  Então, na verdade, o que que acontece, na Dinamarca, né, isso, aí, é ano de 1958, você tem um instituto muito renomado, em Copenhague, de pesquisa virológica, inclusive, de produção de vacinas, né, que é o Statens Institut, lá em Copenhague, havia pesquisas para a poliomielite, pra vacina, inclusive, da poliomielite. Então, eles importavam muitos macacos, né, especialmente desse gênero que chamava Macaca fascicularis, que era a espécie que eles importavam de Singapura. Nesse período, aí, de 1958, eles importam esses macacos de Singapura, com uma leva que chega em maio mais ou menos, a outra chega um pouco depois, e o que que eles percebem, esses pesquisadores, esses virologistas também, é que num grupo de macacos apareceram umas lesões, lesões na pata e lesões que se disseminam no tronco desses macacos, que eram muito semelhantes à vaccinia e à varíola humana também, eram lesões vesicopustulares, inclusive, muitas crostosas. Em seguida, eu estava no instituto de virologia, ou seja, né, era sopa no mel, então, eles pegaram exatamente o material dessas crostas, dessas lesões cutâneas e começaram a estudar isso. Eles tinham, inclusive, tido um acesso recente ao microscópio eletrônico e outras técnicas de cultura em tecido e técnicas de cultura que eles chamam de ovos de embrião da parte coriônica, né. Então, eles fazem inoculação desse material em vários tipos de tecido, né, eles têm essa facilidade e observam que há um crescimento de um agente semelhante, também em cultura, ao vírus da varíola, era muito semelhante. Eles, inclusive, fazem uma duplicata com o vírus da vaccinia, que eles pegam, eles tinham disponibilidade do vírus da vaccinia e pegam aquilo ali e, aí, veem que as culturas eram semelhantes. E, dois meses depois, eles têm um outro lote de macacos, também vindos de Singapura, em que aparece a mesma situação. E, aí, no ano seguinte, em setembro de 1959, eles fazem a publicação desse primeiro trabalho, que fala exatamente de um vírus semelhante à varíola em macacos e é pela primeira vez que eles citam como esse vírus era diferente do ponto de vista morfológico, de crescimento, era semelhante à da vaccinia, mas diferente, as colônias eram um pouco maiores e o aspecto também eletromicrográfico era diferente, eles chamam esse vírus, então, o vírus do macaco, né. Então, o vírus da varíola, o vírus do pox, que esse pox é utilizado na língua inglesa para várias erupções desse tipo, então, é como se fosse a varíola do macaco, né. A gente tem a varíola do boi, que é a vaccinia, tem a varíola do camelo e a varíola do macaco.

É interessante, Drauzio, que eles identificam isso, né, o nome do pesquisador é chamado Preben von Magnus, né, esse é o dinamarquês, falecido, inclusive, em 1973, era um virologista lá, e é interessante que só foi descrito o primeiro caso em humanos em 1970. Ou seja, levou-se 12 anos pra que, na verdade, se entendesse que aquele vírus que foi identificado lá atrás que fosse causar doença documentada em humanos em 1970, quando você tava fazendo já uma série de pesquisas pra tentar erradicar a varíola humana. Então, se começou a perceber que, dentro de pessoas que tinham um quadro semelhante à varíola, em 1970, você tinha também amostras de pessoas pra varíola. Chegou, inclusive, a ter amostras que foram encaminhadas pros centros, na verdade, referência naquela época, em Atlanta, nos Estados Unidos, e em Moscou, naquela época, era ainda União Soviética, 5% daquelas amostras de pessoas que eram tidas como varíola, principalmente na região da África, e, na verdade, tinham a varíola do macaco.

 

DV: Olha, essa infecção ficou restrita a países africanos durante muito tempo, na África Central, especialmente República Popular do Congo, e na África Ocidental, caso da Nigéria, por exemplo, né. Como é que você explica do vírus ter ficado restrito ali, provocando doença e, de repente, ele começa a se espalhar? Não é a primeira vez que ele se espalha, mas dessa vez a disseminação foi muito mais abrangente, não é?

Dr. Antônio: É, exato, exato, Drauzio, muito bem colocado, aí, pra você dizer como é que, desde 1970, a gente sabe que tem circulação desse vírus, né, na África, nunca foi extinto esse vírus, e isso desde 1970, ou seja, quase 50 anos atrás, e só agora a gente vai ter uma situação dessa. Em 2003, o envio de animais pros Estados Unidos, esquilos, não sei o quê, que estavam contaminados, contaminaram algumas pessoas, mas esses surtos acabaram ficando muito restritos. O certo é, assim, a varíola do macaco, a varíola símia, ela é muito menos contagiosa que a varíola humana, a varíola humana é, nossa, centenas de vezes mais contagiosa, no sentido, assim, figurado, né, claro, é muito mais contagiosa e muito mais letal também, muito mais desfigurante etc. Então, elas têm uma característica diferente. Então, uma das primeiras situações que eu acho que ajudou nisso foi que a forma usual, né, do contágio da varíola símia, ela era mais difícil um pouquinho, a contagiosidade dela era menor que a varíola humana e geralmente feita dentro de ambientes familiares, onde precisava de muito contato, sabe, Drauzio. Quando você vai ver os estudos do Congo, de 81 a 86, você observa que nesses estudos predominantemente eram os contatos familiares, ou seja, era a mãe que estava contaminada pegava do filho, passava por filho, ali, tinha que ter um contato mais importante, tá certo? Então, havia essa necessidade, e, com certeza, isso provavelmente acabava fazendo com que essas, vamos chamar essas transmissões locais, elas acabassem se extinguindo, não dando origem a nenhum tipo de surto, tá certo?

Agora, o que que a gente tá vendo nesse atual momento? É, nesse atual momento, pode ser que isso mude daqui a pouco, a gente tem que entender que na epidemiologia os fatores de risco, eles vão mudando, né, que a gente vê várias doenças desse tipo, né. A gente começou a Covid de um jeito, começou na Ásia e depois era basicamente grande grupo que tinha maiores problemas, eram pessoas inicialmente idosas e depois a gente foi vendo que tinha outras características disso, daquilo, de patogenicidade. Em relação à parte de epidemiologia desse atual surto, tem algumas características, sabe, Drauzio, que, pra mim, chamou muito a atenção da forma diferente como está sendo na África. Primeiro, na África, né, onde ela vivia mais ou menos restrita, tinha um contágio muito grande de pessoas com animais, então, eram basicamente crianças, o que que você vê das descrições são crianças e contatos com animais e uma parte contatos intradomiciliares. Então, era mais ou menos essa dinâmica. Tanto que não sei se esse tipo de primeiro contágio ou primeira inoculação, ela acaba sendo importante pra fazer distribuição, inclusive, da doença. A doença tinha distribuição como a gente conhece, a distribuição centrífuga, onde você começa na cabeça, na face, no pescoço e no tronco e assim por diante. Então, esse era o comportamento.

O que a gente tá vendo aqui agora, nesse atual surto? Uma associação muito forte com a parte sexual, como se ela estivesse muito agregada às transmissões sexuais. Claro que ela transmite porque as lesões são infectantes e são transmitidas de qualquer forma, não é necessariamente uma infecção sexualmente transmissível, a princípio, inclusive, até o momento não tá sendo definida como tal, mas muito associada exatamente ao contato sexual entre essas pessoas que têm reportado isso. Inclusive, Drauzio, o que é interessante, a gente tá vendo o relato no exterior e eu tô vendo os relatos aqui no Brasil e tenho acompanhado, inclusive, os casos confirmados aqui no meu estado, no estado da Bahia, nesses que eu tenho acompanhado, tem sido uma regra, assim. Ou seja, nesse momento, o contato sexual tem sido fundamental e as lesões que têm, aparecido, até inicialmente, as primeiras lesões têm sido lesões nessa área sexual, pênis, etc. e outras áreas. Então, parece que, de alguma forma, né, tá havendo um pouco de mudança no caráter epidemiológico, né, dessa doença. Talvez uma nova forma de transmissão, que não era muito clara e que agora tá ficando e talvez seja preponderante. Recentemente, eu vi o isolamento, inclusive, assim, relatado por alguns pesquisadores que têm publicado alguns desses trabalhos agora recentes de que parece que tem carga viral, tem vírus no sêmen também. Então, não sei, tá dando a entender que talvez tenha outros comemorativos, aí, do ponto de vista de transmissão, que não se sabia, né, mas que ainda tão muito desconhecidos.

 

DV: Bandeira, e você acha que o vírus mudou? Veja, o vírus tá sequenciado, tá sequenciado até aqui no Brasil, não é, o Todos pela Saúde fez o sequenciamento. Parece que é um vírus muito semelhante àquele da África Ocidental, de países como a Nigéria, que, por acaso também, ele é menos letal do que o vírus sequenciado nos países centro-africanos, não é? Você acha que houve uma mudança no vírus?

Dr. Antônio: Pois é, aparentemente, como você colocou muito bem, aí, não parece estar sendo essa característica fundamental, pelo menos até esse momento, né. Realmente, o padrão nesse momento é o padrão do chamado clado do Oeste africano, não é, diferentemente da Bacia do Congo, que é mais, inclusive, patogênico, o que você falou, e, inclusive, todos eles aqui no Brasil, a mesma coisa. Tá sendo mais ou menos uníssono que é esse clado, aí, que é o responsável pelo atual surto. Pode ser que vá tomar talvez uma pequena mudança, que vai se identificar? Pode ser. Agora, eu acredito, assim, sabe o que acontece, Drauzio, a gente tem muitas vezes esses microrganismos, eles vão ganhando, de certa maneira, adaptabilidade, a depender também do tipo de exposição que eles são colocados. Por exemplo, se você imaginar que provavelmente o vírus SARS-CoV-2, ele era um vírus, os coronavírus são, a princípio, vírus de morcego. Em algum momento, ele dá um salto pra um mamífero e depois dá um salto pra o ser humano. Então, o que acontece é que, em algum momento, você acaba ganhando mais adaptabilidade. Talvez as vias de transmissão que, por exemplo, na África não eram predominantes, por exemplo, ali, era mais o contato mesmo, mas não havia crianças etc., nunca talvez a via de transmissão sexual tenha sido importante, talvez nesse momento ela possa estar contribuindo, sem falar talvez na intensidade dos casos em termos de contato, né. Talvez, se a gente pensasse que na África, ali, você tem uma coisa mais restrita dentro de casas e tudo, e você, de repente, tem pessoas que viajaram para lá, se contaminaram, mas que foram pra grandes centros e tiveram contato com uma quantidade muito grande de pessoas e, aí, você vai gerando uma espécie de redemoinho inicial. Talvez isso possa explicar esse comportamento humano, na modificação desse comportamento agora da epidemia, né.

 

DV: Bandeira, vamos tentar falar um pouquinho do ciclo do vírus agora. Vamos imaginar que eu tive contato íntimo com uma pessoa lá, dividi o quarto com ela, abracei etc. e peguei o vírus no dia de hoje. O que vai acontecer comigo nos próximos dias?

Dr. Antônio: Bom, você pegou, abraçou e entrou em contato. Então, o material do vírus passou pra você. Ele não vai causar doença imediatamente. Esses vírus, eles precisam, vamos chamar assim, ganhar uma adaptação, eles têm um tempo de incubação, que é o período em que eles ganham acesso a toda a maquinaria da célula pra poder infectar as células que eles são mais próximos, né, que eles têm receptor pra elas, e, ali, gerar o processo de multiplicação. E, a partir daí, eles começam, então, a se multiplicar, e você começa a ter sintomas e começa a contaminar. Então, nesse primeiro momento, você vai estar bem, você vai estar como se nada tivesse acontecido, você vai passar entre cinco e 21 dias, que é o tempo de incubação, aí, a princípio, o mínimo e o máximo, bem, fagueiro, andando, correndo, fazendo todas as suas atividades normais. E, a partir de um determinado ponto, então, seja ele no quinto dia, se for na forma mais precoce, seja ele lá no 21º dia, a grande média tá entre sete e 17 dias, você vai começar a apresentar os sintomas. Então, você começa a apresentar os sintomas. A partir do momento em que você começa a apresentar os sintomas, também você começa a ser uma pessoa que contagia outras pessoas. Então, é nesse momento que não só você tem sintomas como você, então, passa a contaminar outras pessoas.

 

DV: Quer dizer, antes do quinto dia, eu não elimino o vírus pelas secreções, pelas gotículas que eu elimino ao falar, tossir, espirrar etc.?

Dr. Antônio: Não, antes do quinto dia, não, de forma nenhuma. Até o quinto dia, você vai estar absolutamente sem sintomas e sem eliminar o vírus. 

 

DV: Muito bom, e, aí, eu fico doente, passei esse período de incubação, entre cinco e 21 dias. E como é que a doença se manifesta?

Dr. Antônio: Pois é, aí, começa a doença. A doença classicamente, né, que é referido, inclusive, na literatura da África, ela começa geralmente com uma primeira fase, antes de aparecerem logo as lesões na pele, com febre. A pessoa começa a ter febre, 38 e 39, mal-estar no corpo, ou seja, aquela sensação de que: “Tô quebrado. Olha, eu tô com uma virose.” A sensação que você tem vai ser assim: “Olha, eu tô com dengue. Nossa, tá tendo epidemia de dengue no Brasil, mais uma vez, ninguém toma jeito e eu tô com dengue.” Começa por aí. Então, dor de cabeça vai ser outra coisa que você vai achar que você tem absoluta certeza que você tá com dengue. Corpo quebrado, dor de cabeça e febre, então, esses são os primeiros sintomas e que vêm, na varíola símia, acompanhados muito de aumento dos gânglios. Classicamente também eram os gânglios aqui na região cervical, aqui atrás da orelha, aqui na região occipital, atrás da cabeça. Então, aumento desses gânglios, que ficam dolorosos, né, a pessoa sente dor, que esses gânglios são dolorosos e, depois, num período que vai variar logo em seguida, logo no primeiro dia seguinte até o terceiro dia mais ou menos, que começam a aparecer as lesões na pele. E geralmente começam onde? Essas lesões vão aparecendo na pele, né, vão aparecendo na cabeça, na face, no pescoço e vão descendo pro tronco e depois pras extremidades. São geralmente umas lesões, no início, parecem uma mordidinha de mosquito. Então, você pensa que é uma pápula, é só uma mordidinha de mosquito. Isso, aí, vai aumentando e vai virando uma vesícula, vai começando a ficar com cara de catapora, tá certo? Só que elas vão caminhando juntas, diferentemente da catapora, elas vão crescendo juntas, com o mesmo padrão, com a mesma sequência de tempo, né, naquele sítio que tá iniciando. Então, começou na face, vão todas começando a ficar iguaizinhas, vão crescendo, vão virando umas vesículas, pústulas, elas vão fazendo uma espécie de umbigo no centro e vão ficando escuras, com uma crosta. Esse mesmo padrão vai acontecendo nos outros lugares do corpo. Isso, aí, pode levar, Drauzio, até 20, 21 dias, até que todas elas, então, evoluem todas pra ficarem com crosta e depois caem. Só nesse momento em que elas caem, você tem pele normal já por baixo, que você efetivamente não contamina mais ninguém, e o ciclo da doença acabou, você tá livre.

 

DV: Bandeira, eu fui vacinado contra a varíola num daqueles programas que eles iam nas escolas e vacinavam contra a varíola todo mundo. Essa vacinação foi interrompida, aí, ao redor de 1980, não é, porque a varíola tinha sido eliminada da face da Terra, aquela varíola antiga, não essa varíola símia, né. Muito bem, essas pessoas, como eu e outros, que tomaram a vacina contra a antiga varíola estão protegidas contra a varíola dos macacos? 

Dr. Antônio: Drauzio, essa é uma questão que muita gente me pergunta: “Olha, eu tomei aquela vacina de varíola”, especialmente o pessoal como eu, que já tem já alguns anos, aí, na estrada de vida. Aí, o pessoal diz assim pra mim: “Eu tô livre, doutor Bandeira, da varíola símia?” Eu digo, olha, o que os estudos mostraram, né, principalmente os estudos depois da erradicação da varíola em 1980, os estudos na África de 81 a 86 e depois até na década de 90, é que a vacina para a varíola, né, que era, na verdade, uma vaccinia, né, é altamente eficaz pra prevenção da varíola símia, da atual varíola dos macacos ou monkeypox, tá certo, então, é altamente eficaz. E qual é mais ou menos a medida de eficácia? Na faixa, alguns calculam, entre 73% e 85%. O estudo do Congo de 80 e 86, com contatos domiciliares, né, que eram pessoas que tinham entrado em contato com aquela pessoa que confirmou a varíola símia, mostrou uma redução de 85% na chance da pessoa se contaminar. Então, tudo indica que é muito eficaz pra quem tomou a vacina para a varíola, que, como você colocou muito bem, foram pessoas que nasceram antes de 1980, tá certo? Uma outra coisa interessante também é que se vê pelos estudos é que, mesmo aqueles indivíduos que tomaram a vacina para a varíola humana e que acabaram tendo a varíola símia, eles têm de uma forma mais branda, com menos tempo de febre, com menos tempo de lesão, parece que tudo também fica mais restrito, quer dizer, você, se tiver, vai ter de uma forma mais restrita e mais rápida do que quem não foi vacinado, sabe?

 

DV: Bandeira, uma doença que tem um período de incubação de cinco a 21 dias, vale a pena a gente pegar um contactante e vacinar? Por exemplo, você tem uma casa onde mora um casal e dois filhos, aparece um caso. Valeria a pena imunizar rapidamente os outros? Daria tempo de eles ganharem proteção contra a varíola?

Dr. Antônio: Olha, Drauzio, fantástica essa observação porque isso preveniria a ocorrência da varíola símia se fosse feito de forma o quanto mais rápido possível, preveniria, sim. Tem um alto potencial de prevenção você dar a vacina da varíola imediatamente pra aqueles contactantes, apesar de a gente saber que alguns vão acabar desenvolvendo, vão escapar da vacina, podem escapar se eles tiverem um tempo de incubação muito curto, né.  Como o tempo de incubação mais ou menos médio, ele acaba sendo de sete a 17, mais ou menos na forma do oitavo dia, se você vacinar essas pessoas logo, você tem uma chance boa de poder prevenir a doença. Então, a vacina pra varíola, nesse momento, ela teria um aspecto fantástico de dois tipos de prevenção: uma, essa que você colocou muito bem, que seria a prevenção secundária, ou seja, eu me expus ao vírus, eu tenho uma chance de adquiri-lo, então, eu tomo a vacina pra impedir que eu tenha a doença, mas eu já fui exposto, e a prevenção primária, que é aquela coisa que o indivíduo não foi exposto e não teve a doença. Então, tá como a gente tá aqui, agora, conversando, então, vamos tomar a vacina da varíola e a gente ficaria prevenida da varíola símia, né. Então, essa é a grande arma que eu vejo nesse momento e que os governos provavelmente vão ter que se preparar em cima disso, talvez uma reativação da vacina da varíola, como a gente teve até o início da década de 80, entendeu, porque ela tem essas duas características: prevenção primária e prevenção secundária.

 

DV: Pra mim, as pessoas perguntam: “Será que vale a pena eu tomar a vacina da varíola humana agora”? Explica por que essa estratégia de vacinar a população inteira não funcionaria.

Dr. Antônio: O que que acontece? Nesse momento, a gente tá com uma doença restrita, não é, a gente tem, hoje, em torno de 500 casos no Brasil, quer dizer, a população do Brasil é de 220 milhões de pessoas, né, e tem 500 casos, então, de certa maneira, a gente tem, hoje, um contingente muito pequeno. De certa forma, essa doença, ela tem uma disseminação bem diferente da Covid-19, que a disseminação é intensamente respiratória e que uma pessoa com Covid contamina rapidamente 10, 15 pessoas e, às vezes, até mais. A gente viu descrições na Covid de uma pessoa em encontro religioso, lá que teve, que contaminou 200 pessoas. Então, é muito diferente. Outra coisa é a própria gravidade também dessa doença, que faz com que ela seja uma doença que, praticamente, ela não tem uma gravidade significativa, tá certo? Os casos de óbitos descritos foram em crianças basicamente, crianças na África, tinha muita questão também da subnutrição ali envolvida e tal. Então, é uma doença que tem também essa característica de ser muito menos patogênica. O que talvez suscite essa questão da vacina da varíola para a varíola símia seria você começar a trabalhar exatamente nessa situação, que você colocou aí, na prevenção secundária, ou seja, você ter pessoas que tiveram contato e você vacinar rapidamente essas pessoas porque, com isso, você tende a rapidamente tentar eliminar esse surto, que, claro, mesmo a gente sabendo muito bem que indicando isolamento, e isolamento é uma forma eficaz pra gente prevenir, a gente sabe que nem sempre todo mundo tem a mesma adesão ao isolamento. Então, por isso que realmente talvez seja uma estratégia interessante pra você ter exatamente pra uma coisa localizada, não vacinar a população como um todo, mas uma questão talvez mais específica e localizada, se esse surto for se mantendo e a gente precisar ter uma ferramenta, aí, estratégica de ação, né.

 

DV: Bandeira, eu acho que a população brasileira se acostumou com a ideia do isolamento em relação ao SARS-CoV-2, né, a Covid. E é claro que nem todas as pessoas tiveram a mesma oportunidade de fazer esse isolamento, muita gente morando em casas muito pequenas, sem condição de abandonar a família por uns dias. No caso da varíola símia, você diagnosticou o caso, o que que você faz com essa pessoa, o que que você aconselha essa pessoa fazer?

Dr. Antônio: Pois é, o que que é importante? Primeiro, que essa pessoa, sabe Drauzio, que ela fique atenta. Viajou para fora do Brasil ou aqui mesmo no Brasil, teve contato com alguém suspeito, que depois soube que tava confirmado, essa pessoa é importante que ela procure um médico, tá certo, pra poder ter um acompanhamento. Porque ela pode primeiro estar naquela fase de incubação, que é importante que pelo menos ela já tenha um acompanhamento médico e ela fique atenta. Começou a desenvolver sintomas, o que que é fundamental? É que essa pessoa possa ter, no sistema de saúde, o primeiro momento pra coleta de material pra poder confirmar esse caso, né, e subsequentemente, imediatamente, se proceder ao isolamento dessa pessoa. Que que é importante que o médico veja? Se ela precisa, de repente, de alguma medicação sintomática, por exemplo, tá com febre, tá com mal-estar no corpo, alguma coisa assim, precisa tomar alguma medicação ou uma orientação, do tipo hidratação, analgésicos, antitérmicos, por exemplo, entendeu, tem um aumento de gânglios que pode estar incomodando, precisa tomar algum analgésico nesse sentido. E que ela aprenda a tomar conta, cuidado, né, ela sempre lavar as lesões sempre com água e sabão, manter sempre as lesões limpas e secas e proceder ao isolamento, então, ser orientada em relação a isso. O isolamento quer dizer, assim, que você não pode ficar tocando em ninguém, está certo, e você deve ficar, como você ficava na Covid, na sua casa, no seu quartinho, direitinho. O importante também é saber o seguinte: o isolamento para a varíola símia, ele é maior do que a Covid, né. Então, se na Covid a gente trabalha em sete, dez dias, uma coisa desse tipo, vem trabalhando, na varíola símia, tecnicamente, a pessoa contagia até que a última crosta caia e tenha pele, então, isso muitas vezes leva 21 dias, às vezes, até um pouquinho mais. Então, é ela entender que ela vai ficar um período maior afastada pra que ela não seja uma pessoa pra contagiar não só outros entes na sua família ou na sua proximidade, ou seus amigos, como também tem um caráter importante de saúde pública, né, que a gente não dissemina essa doença adiante.

 

DV: E, quando alguém que note que começa a aparecer umas lesões de pele, começa pelo rosto, uns linfonodos nos gânglios aumentados no pescoço e ela leu que isso pode ser varíola dos macacos. O que que ela faz, que que ela deve fazer, nesse momento, quem ela procura?

Dr. Antônio: Olha, eu acho fundamental ela procurar um profissional médico. Aí, onde é que ela pode ter acesso a esse profissional médico, né? Nesse momento, eu acho que o ideal são os profissionais médicos que têm algum, pelo menos, tão mais na frente das doenças, né, então, sejam profissionais, sejam clínicos que estejam trabalhando na área de doenças infecciosas, sejam infectologistas, sejam pessoas que possam ajudá-la nesse sentido, do ponto de vista da identificação em potencial desse risco, porque a primeira coisa a saber: é ou não é. A gente aqui, sabe Drauzio, antes de ter o primeiro caso confirmado de varíola símia, eu vi vários casos que eram de varicela. A gente levava, fazia o PCR e era PCR positivo pra varicela, ou seja, era catapora, não tinha nada a ver com a varíola símia. Outros casos também, que foram até encaminhados com suspeita, foram de sífilis, sífilis secundária, que, então, é outro diagnóstico. Então, o profissional médico, ele é que vai poder fazer essa distinção. É fundamental que esses profissionais sejam treinados também pra isso, não é? Então, a gente precisa, inclusive, até um braço, que eu tenho também falado muito da questão do braço do treinamento do profissional. Ele precisa entender que ele tem que fazer o diagnóstico, tentar fazer o diagnóstico diferencial e sempre coletar o material e enviar, porque senão você não vai chegar no diagnóstico, né. E a gente tem muitos diagnósticos que, nesse momento, o profissional tá muito mais acostumado do que a varíola símia. Então, a tendência vai ser ele não ter segurança. Então, na ausência de segurança, é coletar exame. Tratar como? Se há um vínculo epidemiológico, ou seja, se a pessoa teve contato, entendeu? Então, é isso que a pessoa tem que fazer. Ela não tem como sozinha resolver esse problema, ela não tem como dar um diagnóstico, né, e ela tem que entender o seguinte, não adianta ficar em pânico também: “Ai, meu Deus do céu, eu vou ficar aqui em casa, eu vou, sei lá, vou tomar um chá de erva cidreira, alguma coisa assim”. Pode tomar o chá de erva cidreira, não tem nada contra, tome bastante, mas vá num serviço de saúde, pelo amor de Deus, pra que a gente tenha acesso, né. Procure um infectologista, procure um clínico que tenha experiência, que trabalhe com doenças infecciosas, procure um dermatologista que trabalhe com a área de dermatologia clínica, né, que possa ter experiência. Eu acho que é buscar esses profissionais, sabe, Drauzio, pra poder adiantar a situação, né.

 

DV: Olha, eu estudei nos anos 60 na USP, aqui em São Paulo, e, quando tava no quarto ano da faculdade, metade dos anos 60, a gente passava pelo Hospital Emílio Ribas, que é o maior centro de infectologia aqui, não é, e tinha uma enfermaria de varíola, que era horrível, porque os doentes ficavam trancados nessa enfermaria, não podiam sair pelos corredores do hospital, ficava até fora do hospital essa enfermaria, onde hoje é uma biblioteca lá do Emílio Ribas. E eu vi essas lesões. Até hoje, se eu olhar, eu tenho certeza que eu vou fazer o diagnóstico. É preciso, é obrigatório ter exames laboratoriais pra confirmar?

Dr. Antônio: Olha, nesse primeiro momento, é importante até pra que a gente possa documentar casos confirmados e que tão circulando. A tendência, sabe Drauzio, é, exatamente como você falou, a partir do momento que você olha algumas lesões, né, você não vai esquecer mais, você vai bater o olho e já diz logo: isso aqui é varíola símia. É o que a gente faz hoje, né, por exemplo, eu bato o olho, vejo: isso aqui é um herpes zoster, isso aqui é uma varicela. A gente tem algumas doenças que o diagnóstico, ele é eminentemente clínico, né, bateu o olhinho, acabou, né. A gente sabe que não tem outra coisa que faz diagnóstico nenhum com essa capacidade que a gente tem, muitas vezes, de interpretar clinicamente. Por isso que é tão importante o médico, né, por isso que, até hoje, não tem programa de computador que substitua o profissional médico. Não existe isso porque a quantidade de interações é tão gigantesca que você tem que jogar e a questão da experiência, ela é tão importante, que ela te dá discretas nuances pra você, como profissional médico, dizer o seguinte: não, isso aqui é varicela, vá para casa tranquilo, entendeu; isso aqui é catapora ou, então, isso aqui tem a ver com, por exemplo, esporotricose. A gente tem muito aqui esporotricose, né. Hoje, uma das epidemiologias, né, que você está falando, como é que acontece com o macaco, que é a varíola símia, que era uma doença equatorial, da África, e que, hoje, está no mundo inteiro? A mesma coisa a gente viu, por exemplo, com esporotricose, não é? Esporotricose, eu atendia vários pacientes que eram lavradores e chegavam para mim com esporotricose, e, hoje, a imensa maioria das pessoas que chega pra mim com esporotricose tem a ver com contato com o gato, praticamente acabou, eu vejo um ou outro aquele contato com lavradores etc., entendeu? Então, assim, é isso que dá essa diferença pra gente, sabe, do médico. Então, é isso, eu concordo com você. Eu acredito que daqui a pouquinho a gente não vai precisar nem muita coisa de PCR mais não, o PCR vai ser aqui no olho.

 

DV: Escuta, o que você recomenda pra pessoas que falam: “Não, eu não quero pegar isso de jeito nenhum”. O que que ela pode fazer pra evitar adquirir a doença?

Dr. Antônio: A primeira coisa é continuar aquilo que a gente estava fazendo, Drauzio, com a Covid-19, no aspecto da higienização das mãos. Então, estar sempre higienizando mãos porque o contato usual que você tem com alguém, apertando mãos, abraçando, então, normalmente as mãos são os principais veículos pra contaminação de várias doenças, Covid-19, agora a varíola símia, várias doenças respiratórias que a gente se contamina através das mãos, norovírus, doenças intestinais, tudo aqui vai pela mãozinha. Então, higienizou bem suas mãos, você mantendo suas mãos higienizadas, você já tá dando um grande passo pra escapar da varíola símia, está certo? Especialmente, se você for levar a mão aos olhos, à boca ou for pegar, por exemplo, em algum alimento, sempre higienizar as mãos e lavar os alimentos. Então, isso é a primeira informação importante de prevenção. A segunda, eu diria é que, por exemplo, para o contato sexual, e a gente classicamente, né, orienta sempre o uso de preservativos, no caso agora da varíola símia, que o fluxo de transmissão tem sido associado a isso, é que o indivíduo não só utilize preservativos, mas converse com o parceiro ou a sua parceira em relação à possibilidade de sintomas e de lesões cutâneas, lesões na pele, né, que, se a pessoa tiver lesões na pele, ter certo cuidado por conta disso, não é? Então, essa é uma situação que não será só o preservativo que vai prevenir. Então, o contato da lesão de pele com pele, ele é infectante, então, essa é uma situação que eu diria que tem que ter cuidado. E o terceiro é que qualquer pessoa que passe a ter sintomas, né, assim ela comece a desenvolver, ela procure antes esclarecer o diagnóstico, ainda mais se houve contato de risco, ela procure ela evitar de fazer o contato com outras pessoas. Então, seria uma prevenção que aconteceria já da pessoa doente, que ela de forma consciente procura evitar contatos com outros, até que ela saiba qual é o diagnóstico que ela tem e, se foi afastada a varíola, ela vai ficar mais tranquila para poder ter contato, se não é uma doença infecciosa, por exemplo, ou se até existe essa possibilidade, tem esse risco que não esclareceu-se completamente, tá investigando, ela procurar, então, evitar o contato com outras pessoas. Então, eu acho que é dessa forma que a gente conseguiria, pelo menos nesse momento, ajudar as pessoas a buscarem a prevenção, não é? 

 

DV: E, pra encerrar, Bandeira, se uma pessoa diz: “Ah, eu tive um contato íntimo com uma pessoa que eu não conheço, não conhecia e eu quero tomar a vacina contra a varíola”. Ela encontra essa vacina no Brasil?

Dr. Antônio: Não, nesse momento, Drauzio, ela não encontra em lugar nenhum do mundo, né. Hoje, a vacina da varíola, ela tá em estoques militares, né, ela é produzida em pequenas quantidades. Você tem, hoje, isso nos Estados Unidos, na Rússia, na Europa e em centros, na verdade, militares, em que eles faziam, era até por questões de guerra biológica, você poderia ou não, a depender do risco, vacinar esses recrutas pra vaccinia. Então, você mantém um estoque específico de produção de vacina, hoje, que é um estoque altamente específico, militar, então, ele não é um acesso civil, ninguém tem, hoje, no mundo acesso à vacina pra varíola. Tá sendo discutido, vários países tão solicitando, inclusive, que a Organização Mundial da Saúde intervenha em relação a isso também, que seja uma vacina. E a gente tem uma medicação, também foi feita para fins militares, né, mas feita pra varíola, a varíola humana, que é um antiviral chamado tecovirimat. Esse antiviral, ele é um antiviral oral, essa empresa produz um estoque chamado estoque militar estratégico, isso, aí, hoje, tá nas mãos basicamente dos Estados Unidos, né, esse desenvolvimento, que foi um desenvolvimento feito lá nos Estados Unidos. Então, hoje, você tem essa medicação, que ela é feita pra varíola, ela tem ação também, não é aprovada, aí, pra essa finalidade, mas ela tem ação na varíola símia, e essa medicação, ela poderia ser usada para reduzir os sintomas daquelas pessoas que começam a apresentar e, se o indivíduo faz uso, ele reduz o tempo de doença, reduz a quantidade de lesões e as lesões são cicatrizadas mais rapidamente, né, então é uma medicação antiviral. Mas nenhuma delas, quero frisar aqui pra você, nenhuma delas, hoje, é disponível no Brasil e é disponível pro cidadão comum, aí, que, hoje, vive aqui no Brasil e eu diria que pra maior parte dos sete bilhões, aí, do planeta também. 

 

DV: E, para encerrar, só faltou uma resposta: mortalidade.

Dr. Antônio: Mortalidade, graças a Deus, é baixíssima em adulto, a gente praticamente ainda não viu morte nenhuma. A mortalidade, também os estudos do Congo de 81, 86 mostraram que todos os óbitos foram em crianças de até oito anos de idade e, aí, tinha muita associação também com desnutrição. Então, a princípio, é uma doença que ela deixa, pode deixar, do ponto de vista de incômodo, cicatrizes. Então, essas lesões da varíola símia, elas podem ir embora, mas deixando cicatrizes. Então, tem mais um aspecto, aí, mais eu diria estético do que de gravidade.

 

DV: Bandeira, olha, eu acho que essa entrevista, que eu acompanho o que tem acontecido, aí, no mundo, e essa entrevista foi a mais completa que eu vi, viu? Não é à toa que a Sociedade Brasileira de Infectologia te nomeou como porta-voz pra discutir esse tema. Muito obrigado pela sua presença e por compartilhar o seu conhecimento com a gente.

Dr. Antônio: Tá certo, obrigado, Drauzio. Pra mim, é um prazer estar com você aqui, que a gente tá acompanhando junto, aí.

 

Tá ótimo, um abraço para você. Muito obrigado.

Veja também: Atualização do que se sabe (até agora) sobre a varíola dos macacos

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