O refluxo afeta aproximadamente 25 milhões de brasileiros, segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD). Entenda mais na matéria.
A forma de mastigar o alimento, se há tosse ou pigarro e a sensação de queimação são alguns dos questionamentos que um especialista faz para investigar se o paciente tem a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). A dra. Mara Virgínia Lellis Marçal, médica pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (UFTM) e mestre em gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), explica que há uma diferença entre a enfermidade e o refluxo gastroesofágico considerado fisiológico.
De acordo com a médica, o refluxo fisiológico é o retorno do conteúdo gástrico, como alimentos e/ou ácidos, e que pode ocorrer em até 60% dos lactantes, tendo seu início em cerca de 7 semanas de vida. “A condição pode se intensificar dos 3 meses aos 4 anos de idade. Esse refluxo fisiológico geralmente não leva a sintomas ou consequências”, explica.
O que é refluxo?
O refluxo gastroesofágico consiste no retorno do conteúdo gástrico, sejam gases, líquidos ou sólidos, para o esôfago. De acordo com a gastroenterologista, o refluxo pode ocorrer em alguns momentos do dia sem que isso caracterize a doença, principalmente no período após as refeições e em recém-nascidos.
A doença, que afeta crianças e adultos, é um dos motivos mais frequentes que levam o paciente ao consultório de um gastroenterologista, como explica a médica. “Por ser uma doença crônica, limita bastante a qualidade de vida e pode interferir nas atividades diárias do indivíduo”, completa.
Já a condição fisiológica, como anteriormente citada, é considerada normal pela vulnerabilidade dos tecidos dos bebês. O problema desaparece espontaneamente na maioria dos casos.
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Quais os sintomas do refluxo?
Dra. Mara relata que os sintomas mais comuns são a sensação de queimação no peito e regurgitação, ou seja, o retorno de alimentos na boca. Porém, há outros sinais que precisam ser analisados, como:
- Dor no peito;
- Tosse crônica;
- Vômitos intensos;
- Dificuldade de ganho de peso e estatura na infância;
- Pneumonia.
Outras doenças podem apresentar os mesmos sintomas. “A principal é a pirose funcional, “em que há uma alteração na sensibilidade do esôfago ou uma alteração na comunicação do eixo cérebro-esôfago, sem uma exposição ácida aumentada”, argumenta.
A avaliação de um médico é essencial para a diferenciação de tais sintomas em comum.
Quais as causas?
Há vários fatores que podem estar envolvidos. Um dos principais é o sobrepeso ou obesidade. “Estudos revelam que uma perda de peso em torno de 5% pode melhorar os sintomas e a inflamação”, explica a especialista.
A alimentação também é um agente causador do refluxo. Alimentos ricos em cafeína, gordurosos, bebidas alcoólicas e gaseificadas, além do cigarro, podem ser agravantes.
Outros hábitos relacionados à alimentação são motivo de alerta, como deitar após se alimentar e ingerir líquidos durante as refeições.
Como tratar o refluxo?
O tratamento do refluxo gastroesofágico é baseado em alterações comportamentais. Veja quais são:
- Perder peso;
- Evitar alimentos que predispõem ao refluxo;
- Fracionar a dieta (menores quantidades em intervalos menores);
- Evitar ingerir líquidos com as refeições;
- Evitar deitar de 2 a 3 horas após uma refeição.
Alguns pacientes podem necessitar de medicamentos que diminuam a acidez do estômago e, em casos mais graves ou que haja contraindicação do uso desses medicamentos, pode optar-se por cirurgia.
A gastroenterologista menciona outras formas de tratamento ainda em estudo. “Pesquisas recentes têm mostrado novas opções de tratamento por endoscopia, porém mais estudos ainda precisam ser realizados”, pondera.
Quanto à medicação e a possibilidade de cirurgia, a dra. Mara esclarece que somente um médico poderá fazer alterações na dose do medicamento ou encaminhar o paciente para cirurgia. “Em algumas situações pode ser necessário fazer terapia de manutenção por toda a vida, mas felizmente os medicamentos atuais são muito bem tolerados e seguros”, completa.
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