Reposição hormonal e ganho de peso: afinal, qual a relação entre eles? - Portal Drauzio Varella
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Endocrinologia

Reposição hormonal e ganho de peso: afinal, qual a relação entre eles? 

Quando feita em doses adequadas, a reposição hormonal não necessariamente provoca ganho de peso. Outros fatores podem contribuir para mudanças corporais.

Quando feita em doses adequadas, a reposição hormonal não necessariamente provoca ganho de peso. Outros fatores podem contribuir para mudanças corporais.

Embora a reposição hormonal seja conhecida por aliviar sintomas como ondas de calor, suores noturnos, alterações de humor e perda de massa muscular, ela também é cercada por receios. Entre eles, o de que o tratamento leve inevitavelmente ao ganho de peso. Especialistas afirmam que essa relação não é direta, mas explicam que alterações hormonais naturais do envelhecimento, doses inadequadas e hábitos de vida podem interferir na balança.

Reposição hormonal em mulheres

A dra. Cristina Formiga, endocrinologista do Hospital Samaritano Higienópolis, afirma que, quando feita em doses fisiológicas, ou seja, em quantidades de hormônio iguais ou muito próximas às que o corpo produz naturalmente, a reposição hormonal não causa ganho de peso. O problema pode surgir em casos de absorção muito rápida dos hormônios, implicando em, por exemplo, retenção hídrica, inchaço nas pernas e nas mamas. “Esse excesso hormonal é ajustado pelo médico para controlar esses efeitos colaterais”, explica. Mudanças na via de administração, utilizando meios como adesivos ou gel, também ajudam a reduzir desconfortos.

Além de regular a dose, manter hábitos saudáveis é fundamental. “Se a reposição hormonal for feita de forma adequada, não há relação direta entre ela e o aumento de peso”, reforça a dra. Cristina. Ela recomenda que metade do tempo dedicado a exercícios seja voltada para atividades resistivas, como musculação, e a outra metade para atividades aeróbicas, como corrida ou caminhada, garantindo a preservação da massa magra e o bom funcionamento do metabolismo.

A dra. Helga Marquesini, ginecologista e obstetra do Sírio-Libanês, destaca que a reposição não costuma ser fator de ganho de peso por si só. O que se observa, de acordo com a especialista, é a mudança na distribuição de gordura corporal. “Com os hormônios, a deposição gordurosa ocorre mais perifericamente, por exemplo em glúteos, quadris e coxas. Na falta, pode se concentrar mais no abdome e no tronco.”

O envelhecimento também influencia na equação: “O passar dos anos é por si só um fator que nos faz ganhar peso, e esse ganho tem causa multifatorial”, afirma a dra. Helga, citando alterações metabólicas e hormonais, perda de massa muscular, mudanças comportamentais, maior ingestão calórica e sedentarismo.

Para a dra. Joana Dantas, endocrinologista do Hospital Pró-Cardíaco, da Rede Américas, no Rio de Janeiro, a menopausa é, de fato, o momento em que muitas mulheres ganham peso, em média de 2,5 a 3 quilos, sobretudo de gordura abdominal. Ela explica que os hormônios usados na reposição, quando iguais aos produzidos naturalmente pelo corpo, não estão ligados a esse aumento de peso. Já alguns tipos sintéticos, como a hidroxiprogesterona, podem também causar alteração na balança, mas não são indicados nessa fase. A médica recomenda dar preferência ao estrogênio em adesivo ou gel e à progesterona natural, pois trazem menos riscos e efeitos indesejados.

Reposição hormonal em homens

Nos homens, a reposição é indicada principalmente na andropausa, fase da vida caracterizada pela queda gradual dos níveis de testosterona, geralmente associada ao envelhecimento, ou em casos de hipogonadismo, condição em que os órgãos reprodutivos produzem quantidades insuficientes do hormônio. Assim como nas mulheres, ela não provoca ganho de peso automático, mas pode alterar a composição corporal.

“A reposição adequada de testosterona tende a melhorar essa composição, aumentando ou mantendo a massa muscular, reduzindo a gordura abdominal, além de melhorar parâmetros metabólicos como resistência à insulina e colesterol”, explica a dra. Cristina.

Segundo a dra. Helga, a testosterona ajuda na eliminação de gordura, mas, quando está em níveis baixos, pode dificultar o emagrecimento nos homens. Por outro lado, ela também estimula o ganho de massa muscular e, dependendo da dieta, dos exercícios e da dose usada, isso pode resultar em aumento de peso.

Já a dra. Joana reforça que, em homens com falta do hormônio, a reposição melhora a composição corporal e pode levar ao pequeno aumento de peso, mas “por massa magra”. Ou seja, o ganho é qualitativo e benéfico.

Para todas as situações, manter atividade física regular e alimentação balanceada é decisivo para evitar acúmulo de gordura. 

Veja também: Como funciona a reposição hormonal – Saúde Sem Tabu #42

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