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Transmissão da covid | Artigo

pessoas na rua usando máscaras e protetor facial para evitar a transmissão da covid
Publicado em 14/10/2021
Revisado em 14/10/2021

A transmissão da covid pode ser influenciada por vários fatores, alguns ainda não totalmente esclarecidos. 

 

Quase dois anos de pandemia já nos ensinaram que o coronavírus se transmite com mais facilidade em lugares fechados e mal ventilados.

Enquanto algumas pessoas vivem na mesma casa, almoçam juntas, dormem na mesma cama e não pegam o vírus do companheiro ou da companheira doente, outras se infectam numa reunião de 30 minutos, ao redor de uma mesa de escritório.

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Diversos aspectos relacionados com a disseminação do Sars-CoV-2 ainda permanecem obscuros. Por exemplo, é pequeno o número de pesquisas para caracterizar o período em que pessoas infectadas transmitem o vírus com mais eficiência. Os poucos trabalhos realizados envolveram números limitados de participantes, com consequente baixo poder estatístico.

Falta entender, também, como a gravidade do quadro clínico de quem transmite o vírus interfere com a capacidade de disseminá-lo na comunidade. O risco no contágio com doentes graves é mais elevado?

A revista americana “Jama” publicou um estudo de coorte, conduzido numa parceria entre especialistas em saúde pública de Zhegiang, na China, e da Universidade da Georgia, nos Estados Unidos. O objetivo foi analisar a associação entre o timing de exposição de indivíduos com covid-19 e o desenvolvimento subsequente da doença entre os que se expuseram a eles.

No período de 8 de janeiro a 30 de julho de 2020, foram acompanhados 730 pacientes infectados pelo Sars-CoV-2 (classificados como “casos index”), ao lado de 8.852 mulheres e homens que entraram em contato com eles na província de Zhegiang, em situações associadas ao risco de transmissão. Vamos lembrar que, nessa época, ainda não havia vacinas disponíveis.

Agentes de saúde visitaram os participantes até o fim do mês de agosto do mesmo ano, realizando testes de PCR periódicos com o intuito de diagnosticar uma possível infecção e relacioná-la com o período em que teria ocorrido a exposição ao vírus do “caso index”.

Se aqueles que permanecem assintomáticos ou pouco sintomáticos depois da infecção transmitem o vírus com mais dificuldade e causam doença mais branda nas pessoas infectadas por eles, as vacinas terão de fato grande impacto na redução da mortalidade.

Quando o contatuante permanecera exposto ao caso index por vários dias, o primeiro dia do contato foi considerado o da transmissão. Foram incluídos apenas participantes que se expuseram de 14 dias antes a 10 dias depois do início dos sintomas no caso index.

Como objetivo primário do levantamento, os autores calcularam o índice de transmissão definido pelo número de pessoas infectadas a partir de cada caso index, dividido pelo número total de pessoas que tiveram contato com ele. Por exemplo: se um caso index teve contato com 20 pessoas, das quais 5 adquiriram a infecção, o número seria 5/20 = 0,4.

O objetivo secundário foi o de diagnosticar pessoas infectadas que permaneceram assintomáticas, no decorrer do acompanhamento.

Os participantes tinham de 36 a 56 anos (média de 46 anos); 52,3% eram homens.

Dos 8.852 contatuantes, 327 receberam o diagnóstico de covid. Em 98 (30,0%) a doença foi de intensidade leve, em 137 (41,9%) moderada e em 31 (9,5%) crítica. Permaneceram assintomáticos durante o acompanhamento 61(18,7%) dos infectados.

O risco máximo de adquirir o vírus foi quando o contato com o caso index ocorreu no período entre 2 dias antes do aparecimento dos primeiros sintomas e 3 dias depois de eles surgirem. O pico da transmissão aconteceu no dia zero, definido como o dia da primeira manifestação da doença.

O risco mais baixo de contágio foi nos contatos durante os dias 5 e 6 que antecederam a manifestação dos sintomas no caso index.

Esses resultados são consistentes com estudos recentes, segundo os quais o pico da carga viral é atingido no período que vai de 2 dias antes da instalação do primeiro sintoma ao fim da primeira semana de sintomas.

O risco de adquirir a infecção depois da exposição a um caso index com sintomas leves foi 4 vezes maior do que o de adquiri-la de um assintomático. Quando o caso index apresentava doença com sintomas de intensidade moderada, o risco de transmissão foi 4,3 vezes maior do que aquele encontrado, quando o caso index permanecia assintomático.

À medida que a gravidade do caso index aumentou, diminuiu a probabilidade do contatuante permanecer assintomático no curso da infecção. Infecções assintomáticas foram mais frequentes, quando o caso index também não apresentava sintoma. Se aqueles que permanecem assintomáticos ou pouco sintomáticos depois da infecção transmitem o vírus com mais dificuldade e causam doença mais branda nas pessoas infectadas por eles, as vacinas terão de fato grande impacto na redução da mortalidade.

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