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Mil anos de Medicina – Século 20 | Artigo

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Publicado em 27/04/2011
Revisado em 11/08/2020

Editores de revista científica escolheram as descobertas mais importantes da Medicina no segundo milênio.

 

Os editores do “The New England Journal of Medicine”, a revista médica de maior circulação mundial, escolheram as descobertas médicas mais importantes do segundo milênio. Deliberadamente, os autores se restringiram aos avanços que mudaram a face da medicina clínica, não da saúde pública nem da prevenção.

Veja também: Leia artigo que revela as descobertas mais importantes de 2015

 

1) Elucidação da anatomia humana e da fisiologia

 

Talvez o maior anatomista de todos os tempos tenha sido o belga Andreas Vesalius (1514 – 1564). Seu tratado de Anatomia – “De Humani corporis fabrica libri septem” (Sete Livros sobre a Estrutura do Corpo Humano) – é um dos maiores livros de Medicina de todos os tempos, magnificamente ilustrado por pintores do estúdio de Tintoretto.

Menos de 100 anos mais tarde, o fisiologista inglês William Harvey (1578 – 1657) estabeleceu as bases da circulação, segundo as quais o sangue circulava num sistema fechado, com o coração agindo como uma bomba.

 

2) A descoberta da célula e suas subestruturas

 

Especialista na arte de fabricar lentes, o holandês Antony van Leeuwenhoek inventou o microscópio e teve a curiosidade de olhar o conteúdo de gotas de água parada e descobrir o que ele chamou de “animalículos” no seu interior — na verdade, bactérias e protozoários. Cerca de um século mais tarde, ficou demonstrado que os tecidos de plantas e animais eram constituídos de células. A subestrutura da célula permaneceu misteriosa até 1930, quando surgiu o primeiro microscópio eletrônico rudimentar.

 

3) Elucidação da química da vida

 

O processo de fermentação que permite transformar uva em vinho e este em vinagre foi a base do desenvolvimento das ideias bioquímicas modernas. O conceito de que “toda doença provoca sua tragédia pela ação de algum fermento”, de Thomas Williams, em 1659, foi amplificado nos 200 anos que se seguiram por Lavoisier, Berzelius, Pasteur e outros.

 

4) Aplicação da estatística à Medicina

 

Um dos primeiros estudos clínicos aconteceu em 1747, quando James Lind tratou 12 marinheiros com escorbuto, administrando-lhes cidra, vinagre, laranjas e limões. O sucesso do tratamento levou o almirantado britânico a recomendar o suco de limão em todos os navios, eliminando o escorbuto da Marinha.

 

5) Desenvolvimento da anestesia

 

Ópio, cannabis e mandrágora foram usados como anestésicos na Antiguidade. Em 1799, Sir Humphry Davy reconheceu as propriedades anestésicas do protóxido de nitrogênio, o gás hilariante dos parques de diversões, mais tarde usado pelo dentista Horace Wells para anestesiar 15 pacientes em 1844.

 

6) A descoberta da relação entre micróbios e doença

 

Até quase o final do segundo milênio, acreditava-se que doenças como a peste e a varíola eram transmitidas pelos miasmas: vapores tóxicos liberados pela matéria em decomposição. Pasteur (1822 – 1895) e Robert Koch (1843 – 1910) estabeleceram as bases da bacteriologia moderna.

 

7) Elucidação da herança genética

 

A teoria de que a evolução depende de variações ao acaso, que permitem a adaptação ao meio, enunciada por Charles Darwin, em 1858, e o tratado publicado por Mendel sobre a segregação dos tratos genéticos na ervilha, em 1865, lançaram as bases da genética. Nos anos 1950, a estrutura do DNA foi desvendada e, em 1990, começava o Projeto Genoma.

 

8) Desenvolvimento da imageologia

 

A descoberta e imediata aplicação clínica dos raios X, em 1895, por Wilhelm Röentgen (1845 – 1923) conduziu ao uso de contrastes radiológicos para visualização de estruturas internas do corpo humano, ao acesso ao interior dos vasos sanguíneos através de cateteres, à ultrassonografia e à tomografia computadorizada.

 

9) O conhecimento do sistema imunológico

 

A Imunologia emergiu apenas no final do século 19 com o inglês Edward Jenner (1749 – 1823) que desenvolveu a vacina antivariólica. Em 1890, Behring e Shibasaburo descobriram os anticorpos. Em 20 anos, surgiram os campos da alergia, autoimunidade e a imunologia dos transplantes.

 

10) Descoberta de agentes antibacterianos

 

Em 1910, o alemão Paul Ehrlich fundou o campo do tratamento das infecções com a descoberta do Salvarsan, droga com atividade contra a sífilis. Depois vieram as sulfas e sir Alexander Fleming com a penicilina, em 1928.

 

11) Desenvolvimento da farmacoterapia molecular

 

O desenvolvimento de drogas modernas apenas se tornou possível através do conhecimento mais detalhado da fisiologia e da fisiopatologia. Assim, surgiu a quimioterapia do câncer depois da Segunda Guerra Mundial, foram desenvolvidas as drogas que estimulam ou antagonizam receptores na superfície das células, como os betabloqueadores para prevenção das dores cardíacas, os medicamentos contra úlcera e a doença de Parkinson. A descoberta dos antidepressivos, de métodos reversíveis de contracepção e das drogas resultantes da revolução ocorrida na biologia molecular permitiu aumentar a expectativa de vida humana a limites inimagináveis séculos atrás.

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