Terçol e calázio

Close de olho de uma mulher afetado por um abscesso, sintoma típico de terçol e calázio.

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Publicado em: 12 de abril de 2011

Revisado em: 22 de março de 2023

Embora sejam semelhantes e ambas acometam o olho, terçol e calázio são patologias diferentes.

 

Quase todas as lesões da pálpebra são popularmente consideradas terçóis, embora existam duas patologias diferentes responsáveis por seu aparecimento: uma com infecção, o terçol, e a outra sem infecção, o calázio.

 

Diferença entre terçol e calázio

 

O terçol ou hordéolo (também chamado de viúva) é provocado pela inflamação das glândulas Zeis e Mol, mais próximas da borda externa das pálpebras. Em geral, a inflamação é decorrente de uma infecção por bactérias estafilococos.

Veja também: Leia uma entrevista sobre terçol, calázio e conjuntivite

Já o calázio, ou chalázeo, é provocado pela inflamação das glândulas de Meibômio, localizadas logo atrás dos cílios, mais próximas da borda interna da pálpebra, mas não se trata de uma infecção. A inflamação causa uma obstrução de dutos que permitem a drenagem da secreção, o que provoca a formação de um granuloma (uma massa de tecido inflamado), que aumenta de tamanho conforme a secreção produzida pela glândula não pode ser eliminada.

Diferença entre terçol e calázio se dá pelas glândulas afetadas.
O terçol atinge as glândulas de Zeis e Mol, enquanto o calázio atinge as glândulas de Meibômio.

O calázio acomete mais pessoas entre 30 e 50 anos que também têm rosácea ou blefarite (inflamação das bordas das pálpebras). O aparecimento frequente de calázios pode ser indicativo de algum defeito de refração do olho, pois o esforço que o olho faz para proporcionar uma visão nítida pode levar a uma vasodilatação que aumenta o risco de surgir esse problema.

Sintomas de terçol e calázio

 

Terçol

O terçol é caracterizado por uma lesão com aspecto de uma “bolinha” vermelha, que se instala na borda mais externa da pálpebra, perto dos cílios, e vem acompanhada dos  sinais típicos de infecção provocada por bactérias:

  • Dor, rubor e calor;
  • Coceira;
  • Lacrimejamento;
  • Sensibilidade à luz intensa.

Calázio

O calázio pode ter sinais um pouco diferentes dos do terçol:

  • Inicialmente, dor leve e inchaço;
  • Granuloma que não dói e aumenta de tamanho ao longo de alguns dias;
  • Quando o granuloma cresce muito, ele pode pressionar o globo ocular e causar visão turva.

 

Evolução do terçol e do calázio

 

No caso do terçol, geralmente ele drena e desaparece espontaneamente cerca de 2 ou 3 dias depois de instalado o quadro.

O calázio geralmente começa com inchaço e vermelhidão muito semelhantes ao terçol, mas geralmente a dor é mais leve. Também em 2 ou 3 dias, o quadro costuma regredir espontaneamente. Em alguns casos, porém, a dor cessa mas permanece e o volume vermelho e arredondado: o granuloma. Esse granuloma pode aumentar de tamanho ao longo dos dias, conforme as secreções ficam “represadas”. Nesses casos, é mais comum o paciente ter recidivas de calázio.

 

Tratamento do terçol e do calázio

 

O tratamento do terçol é feito com aplicação local de calor úmido, com uma compressa de água morna, por 10 a 15 minutos, de 3 a 4 vezes por dia. Também é recomendada a administração de colírios ou pomadas com antibióticos receitados por um oftalmologista. Pacientes idosos ou muito debilitados podem requerer antibióticos por via oral para garantir que a infecção não se dissemine da pálpebra para outras regiões.

No tratamento do calázio, utilizam-se compressas com água morna. Medicamentos com corticoides e antibióticos são contraindicados. Se o quadro repetir-se com frequência, deve ser pedida uma avaliação refracional dos olhos. Em casos de recidivas muito frequentes, pode ser indicada uma raspagem da glândula que costuma inflamar.

 

Recomendações para lidar com terçol e calázio

 

  • Mãos limpas são sempre o melhor remédio para evitar a transmissão de vírus e bactérias. Lave as mãos várias vezes ao dia e evite passar o dedo no local em que apareceram lesões oculares;
  • Aplique compressas com calor úmido, pois ajudam a combater tanto o terçol quanto o calázio;
  • A avaliação refracional é um exame oftalmológico muito importante para verificar a ocorrência de problemas da visão como astigmatismo, miopia e hipermetropia, que podem explicar recidivas de quadros de calázio;
  • O excesso de oleosidade pode bloquear a saída de secreções das pálpebra. Cuidados de higiene da pele com xampus de pH neutro, que funcionam como detergente, ajudam a desobstruir os canículos das glândulas de Meibômio e, assim, a evitar a formação de calázios;
  • Não subestime os riscos do terçol e do calázio. Procure um oftalmologista para diagnóstico e indicação do tratamento adequado sempre que surgirem lesões nas pálpebras ou quando as recidivas forem frequentes.

 

Perguntas frequentes sobre terçol e calázio

 

Compressa de chá morno ajuda?

Na verdade, o que ajuda é a compressa morna, não faz diferença ser de chá. O recomendado é usar água por ser uma substância neutra.

Por que compressa morna ajuda em caso de terçol e calázio?

Porque o calor ajuda a liquidificar o tecido inflamatório e promove a vasodilatação, o que facilita a drenagem da secreção.

Fazer compressa com água boricada ajuda?

Não faz diferença. A água boricada pode inclusive irritar a pele. O melhor é usar água morna.

Quanto tempo pode permanecer a “bolinha” do calázio?

Até meses. Se esse for o caso, procure um oftalmologista para o tratamento mais eficaz.

Colírios sem antibióticos ou corticoides podem ser usados?

O uso de qualquer colírio deve ser recomendado por oftalmologistas. Alguns produtos possuem componentes que promovem vasoconstrição, que é justamente o contrário do que se deve buscar com o tratamento.

A oleosidade da pele aumenta o risco de ter calázio?

Sim, pois esses pacientes normalmente produzem secreções que oferecem mais risco de bloquearem os dutos de drenagem das pálpebras.

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