A ictiose, também conhecida como doença da “escama de peixe”, deixa a pele extremamente ressecada, espessa e descamativa.
Ictiose é uma palavra derivada do grego, que remete ao peixe e sua escama. Esse significado já diz muito sobre como essa doença se manifesta. Os principais sintomas são as alterações da pele, que fica com um aspecto bastante ressecado, espesso e descamativo. A depender do tipo e da gravidade, pode se manifestar nas extremidades do corpo, como braços e pernas, mas também pode acometer tronco, dorso e rosto, chegando a atingir o corpo todo.
Causa da ictiose
As ictioses se dividem em duas categorias principais: as adquiridas e as congênitas, ou seja, presentes desde o nascimento, que têm um fator hereditário. Entre essas, há diversas subcategorias. Segundo a dra. Beatrice Abdalla, dermatologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, “as congênitas são mais raras. As adquiridas são principalmente relacionadas a fatores como causas ambientais (como morar em local muito seco), idade, uso de certos medicamentos e metabolismo”. Em alguns casos, essas e outras causas podem estar associadas. “Por exemplo, às vezes o paciente tem uma síndrome metabólica, alguma disfunção na tireoide, uma insuficiência renal ou algum problema de vitaminas. Todos esses fatores podem ter uma relação.”
Essa condição se caracteriza por um distúrbio no processo de queratinização, isto é, de diferenciação das células nas primeiras camadas da pele. O risco de não tratar adequadamente é de uma piora no quadro geral, que pode afetar o corpo todo. Além do incômodo social causado pela coceira intensa, a função de barreira que a pele exerce fica prejudicada, deixando o paciente mais propenso à perda de água e a uma infecção sistêmica.
Diagnóstico
Cravar um diagnóstico de ictiose nem sempre é fácil, segundo a dra. Beatrice. “Nem sempre se consegue bater o martelo, principalmente no caso das adquiridas. Para as congênitas existem algumas formas de fazer pesquisas baseadas em testes genéticos e bioquímicos, embora não haja tanto acesso a esse tipo de exame. Eventualmente, dependendo do subtipo, o conhecimento sobre a existência de casos na família pode ajudar. Mas quando nos deparamos com uma caso muito leve, há a possibilidade de se tratar de uma xerose cutânea, isto é, pele seca, simplesmente. O dermatologista é quem irá determinar.”
De modo geral, considerando tantas subcategorias, pode-se dizer que não há um grupo maior de risco e que as ictioses podem acometer pessoas de todos os gêneros, etnias e idades. A dra. Beatrice alerta os pais: “ela pode aparecer para as crianças no nascimento ou mais tarde, durante a infância e a adolescência”.
Pode-se falar em graus de icitiose principalmente no caso das congênitas, que podem ter graus de mutação ou mesmo apresentar mais de uma mutação. Já no que diz respeito às adquiridas, dependerá do fator associado ao ressecamento da pele e do quanto o tratamento será efetivo.
Tratamento da ictiose
O maior objetivo do tratamento é o controle, muito mais do que a cura. Para isso, o mais recomendado é um cuidado atento com a pele. São indicados banhos mornos, com uso moderado de sabão, sempre com uma hidratação depois do banho com emolientes em loção ou creme. Atenção para não remover as escamas, o que pode machucar a pele e deixar uma porta de entrada para infecção.
Para as formas mais graves e pontuais, existem tratamentos com os medicamentos orais, com os retinóides sistêmicos, que auxiliam na redução da descamação da pele.
Lembrando que os cuidados da pele que envolvem banho e hidratação com medidas específicas devem ser feitos a vida toda, mesmo que se apresente uma melhora, pois mesmo nos casos de alívio a doença pode voltar.
Dra. Beatrice também recomenda uma visita ao dermatologista ao sinal de alterações na pele. “Eu acho importante orientar que ao sinal de dúvida em doença cutânea é sempre bom procurar um dermatologista, para se ter uma orientação dos melhores produtos apropriados para pele do paciente. No caso da ictiose, quando é um acometimento só da pele, quando está nas formas mais leves, seja congênita ou adquirida, é possível melhorar a qualidade de vida desse paciente e ter uma qualidade de vida perfeitamente normal, sem atrapalhar o dia a dia, a parte social e profissional.”
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