Toda pessoa deve consumir frutas, mas o diabetes exige cuidados extras com o tipo, o formato e a porção escolhida. Entenda.
As frutas fazem parte do que chamamos de uma alimentação balanceada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada pessoa deve consumir cinco porções de frutas por dia — cerca de 400 gramas. Já para quem tem diabetes, a regra muda.
Pessoas com diabetes devem consumir apenas três porções de frutas, uma média de 150 a 200 gramas, distribuídas ao longo das refeições. Isso corresponde a, aproximadamente, meia xícara por porção. Pense, por exemplo, em uma salada de frutas atingindo metade da xícara. Essa é a porção indicada.
Além da quantidade reduzida, é preciso ter cautela também na forma e na fruta escolhida.
Frutas secas ou cristalizadas não são uma boa opção
“Se a fruta foi submetida a um processo de secagem ou desidratação, ela entra no grupo que deve ser consumido com bastante critério e cuidado. Durante o processo de secagem, quando a água evapora, há um aumento na concentração de açúcar”, alerta Dennys Cintra, coordenador do Laboratório de Genômica Nutricional (LabGeN) da Universidade de Campinas (Unicamp) e consultor da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran).
Outro fator é que as pessoas costumam comer esse tipo de fruta como se fosse pipoca, e assim fica mais difícil de controlar o consumo.
Nessa lista, entra não só a clássica uva-passa, mas a maçã, a laranja e o figo desidratados, por exemplo.
Melhores e piores frutas
No que diz respeito à escolha das frutas, não há nenhuma totalmente contraindicada, mas algumas são melhores opções do que outras. A seguir, o nutricionista dá dicas:
- Banana: a banana é abundante e de fácil acesso em nosso país. Para pessoas com diabetes, quanto menos madura, melhor, porque a concentração de açúcar ainda não está tão alta. Não é preciso comê-la ainda verde, mas quanto mais tempo ficar na fruteira, mais açúcar ela acumulará;
- Maçã e pera: a maçã e a pera são frutas muito saudáveis, especialmente quando consumidas com casca. A casca é riquíssima em fibras, responsáveis por “sequestrar” o açúcar da própria fruta e “arrastá-lo” para as fezes, reduzindo a absorção e, consequentemente, o índice glicêmico;
- Laranja: a laranja é uma opção interessante para a pessoa com diabetes, desde que consumida na forma da fruta, com o bagaço, e não em forma de suco. No suco, a quantidade de fibras é reduzida, o que estimula a absorção de açúcar. Além disso, para preparar 300 mL de suco, são necessárias quatro laranjas;
- Uva, manga e caqui: são outros exemplos de frutas que devem ser consumidas de forma moderada;
- Caju, acerola, carambola, goiaba, abacate, maracujá, limão, morango, amora, framboesa e mirtilo: essas já são opções que a pessoa com diabetes pode consumir um pouco mais à vontade, pois possuem uma carga glicêmica menor.
Como combinar as frutas com a alimentação
“As frutas podem — e devem — ser combinadas com proteínas. A combinação das frutas com leite ou iogurte, por exemplo, reduz a absorção da glicose da fruta pela corrente sanguínea. Também podemos combinar as frutas com gordura. No iogurte, você encontra tanto a proteína quanto a gordura. Isso evita picos glicêmicos e a necessidade de uma alta liberação de insulina para regular esse processo”, detalha Dennys.
Se a pessoa não puder ou não gostar de consumir leite, existem substitutos adequados. As próprias proteínas e gorduras presentes em uma refeição, seja na forma de carne, feijão, azeite ou óleo de soja, quando combinadas com os açúcares das frutas consumidas posteriormente, contribuem para a redução da sua absorção.
“Não é à toa que a fruta sempre foi considerada uma excelente opção de sobremesa. Ela finaliza a refeição, seja no almoço ou no jantar, de forma equilibrada”, conclui o especialista.
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