Nos últimos dez anos houve aumento da obesidade no Brasil. A condição é mais frequente entre os homens e em pessoas com baixa escolaridade.
O Ministério da Saúde divulgou, no dia 17/04/2017, a pesquisa Vigitel 2016 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, realizada com 53.210 pessoas. Os dados revelam aquilo que médicos e especialistas em saúde vêm alertando há tempos: o número de brasileiros com sobrepeso e obesidade está cada vez maior.
Segundo a pesquisa, 42,6% da população do país tinha sobrepeso em 2006. Em 2016, esse número foi para 53,8%, mais da metade dos brasileiros (aumento de 26,3%). Considera-se sobrepeso um IMC (índice de massa corpórea = peso(kg) / altura (m)² ) igual ou maior a 25 kg/m²
O excesso de peso é mais frequente entre o sexo masculino: 57,7% dos homens ante 50,5% das mulheres. Quanto menor o nível de escolaridade, maior a porcentagem de pessoas com sobrepeso. Entre aqueles que estudaram de 0 a 8 anos, 59,2% estão acima do peso, enquanto 48,8% dos que possuem 12 anos ou mais de escolaridade têm sobrepeso.
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O número de brasileiros obesos (IMC igual ou superior a 30 kg/m²) aumentou 60% nos últimos dez anos: passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016.
Mais uma vez, o percentual de obesos com baixa escolaridade é maior: 23,5% entre os que estudaram de 0 a 8 anos e 14,9% dos brasileiros que têm de 12 a mais anos de escolaridade.
Segundo a dra. Helena di Benedetto, cardiologista do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, “a obesidade é uma doença crônica e fator de risco para várias doenças cardiovasculares”.
Apesar de, ainda de acordo com a pesquisa, 1 em cada 3 brasileiros ingerir frutas e hortaliças regularmente, o aumento de peso da população se deve a maus hábitos alimentares, como consumo excessivo de açúcares, alimentos refinados e produtos industrializados e de fast food, todos com alto teor calórico, e vida sedentária.
Diabetes e hipertensão
O número de brasileiros diagnosticados com diabetes e hipertensão aumentou consideravelmente nos últimos dez anos. Em 2006, 22,5% da população havia recebido o diagnóstico de hipertensão e 5,5%, o de diabetes. Em 2016, 25,7% dos brasileiros sabiam que tinham hipertensão (aumento de 14,2%) e 8,9% já haviam sido diagnosticados com diabetes (crescimento de 61,8%).
Segundo afirmou a médica cardiologista Sílvia Pinella, em entrevista ao Portal Drauzio Varella, a “hipertensão é uma doença assintomática até que se instalem os problemas por ela causados”. Órgãos como rins, coração, olhos e cérebro são os mais afetados pela doença.
Para caracterizar uma pessoa como hipertensa, é preciso que ela manifeste pressões consideradas altas (igual ou maior que 140/90 mmHg) em várias medidas tomadas em momentos diferentes do dia.
Ainda segundo a médica, a obesidade é fator de risco para a doença, e emagrecer 3 ou 4 kg é suficiente para reduzir em 20% os níveis da pressão arterial.
A Associação Americana de Diabetes alerta para o fato de que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para a doença, principalmente se estiverem associados ao sedentarismo.
Muitas vezes, mudanças no estilo de vida, como aumento da atividade física e perda de peso de modo adequado, são suficientes para controlar a doença.