Para quem sofre com a calvície, algumas técnicas, como o transplante capilar, podem ajudar na restauração dos fios
A calvície é um problema que atinge principalmente os homens em diversas idades. A queda dos fios pode ocorrer por várias razões, desde questões genéticas, hormonais ou doenças.
De acordo com a Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), estima-se que cerca de 42 milhões de brasileiros já foram atingidos pela perda de cabelo. E por conta disso, muitos buscam o transplante capilar por motivos estéticos.
“A técnica é conhecida de várias maneiras: transplante ou implante capilar ou cirurgia de restauração capilar. No caso do transplante capilar, o especialista realiza uma redistribuição de cabelos do próprio paciente, e isso impede que ocorra rejeição”, explica Henrique Radwanski, cirurgião plástico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e vice-presidente da Associação Brasileira da Cirurgia de Restauração Capilar (ABCRC).
Vale destacar que o implante capilar, apesar de ser um termo bastante conhecido, não é mais um método utilizado com frequência, já que pode oferecer riscos à saúde. Nesse procedimento, os especialistas realizavam a inserção de fios estéticos no couro cabeludo.
Como é feito o transplante capilar?
Para o procedimento, o cirurgião plástico ou dermatologista retira os folículos capilares (onde fica localizada a raiz do fio de cabelo) da região posterior e lateral da cabeça e transfere para outras áreas.
Essas raízes crescem de forma permanente no seu novo local (área receptora), exatamente como se estivessem ainda na região de origem.
Vale destacar que existem algumas técnicas que variam na maneira como os folículos são colhidos. Conheça as mais comuns:
Técnica FUT (Follicular Unit Transplantation)
Na técnica conhecida como FUT (Follicular Unit Transplantation), ocorre a retirada de uma faixa de pele do couro cabeludo e as raízes são separadas fio a fio.
É um procedimento bastante minucioso, realizado com ajuda de microscópios. Nesse caso, o paciente ficará com uma cicatriz bastante fina, escondida debaixo dos cabelos.
Técnica FUE (Follicular Unit Extraction)
Já na técnica FUE, as unidades foliculares são retiradas diretamente do couro cabeludo de forma individual. Como não há a necessidade de incisão, evita-se a cicatriz.
“Independentemente da técnica escolhida, a colocação dos folículos é feita da mesma forma. Deve ser realizada de maneira minuciosa depois de um planejamento de restauração capilar, objetivando dar um resultado natural e tratando a condição”, destaca o dr. Radwanski.
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Para quem é indicado e riscos do procedimento
Nem todo mundo que tem calvície deve realizar a restauração capilar. Existem várias doenças que causam queda de cabelo e precisam ser tratadas com medicamentos orais ou tópicos. Portanto, é fundamental buscar um especialista capacitado para descartar possíveis patologias.
“Na maioria das vezes, é indicado para homens com idade entre 30 e 65 anos com alopecia androgenética (queda de cabelos por questões genéticas). Muitas vezes, eles apresentam áreas extensas de calvície. As mulheres também realizam o procedimento, mas não é tão frequente”, explica Fabiane Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Riscos do transplante capilar e principais recomendações
Os especialistas reforçam que, assim como acontece com qualquer intervenção cirúrgica e/ou estética, é importante que sejam realizadas diversas consultas e exames antes do transplante capilar.
O primeiro passo para quem deseja realizar o procedimento é buscar um dermatologista ou cirurgião plástico capacitado para fazer uma restauração capilar. Durante a consulta, é feita uma avaliação do couro cabeludo e dos fios de cabelo.
“Caso o paciente seja candidato à cirurgia, exames laboratoriais devem ser solicitados, bem como uma avaliação cardiológica para checar se não há riscos à saúde. O transplante capilar deve ser realizado dentro de um centro cirúrgico com uma leve sedação”, complementa o dr. Radwanski.
Segundo o cirurgião plástico, a cirurgia é longa, podendo durar até 8 horas. No pós-operatório, geralmente, o indivíduo precisa se afastar de suas funções por até uma semana para se recuperar adequadamente. Na maioria das vezes, não há necessidade de uso de analgésicos após a intervenção.
“O cabelo depois de transplantado vai cair. O resultado final só temos depois de seis meses. Por isso, é importante realizar um acompanhamento constante. A avaliação final é marcada quando se completa um ano do procedimento”, diz a dra. Brenner.
Possíveis complicações do transplante capilar
Durante todo o transplante, o paciente precisa ser monitorado para evitar complicações. Raramente ocorrem infecções após o transplante capilar. Em geral, as complicações são estéticas.
“A principal complicação é a perda da viabilidade desses fios. Muitas vezes, há uma redução dos fios transplantados. Assim, diminui a quantidade e o resultado não sai como o planejado”, afirma Brenner.
Também acontecem “erros” no planejamento da distribuição do cabelo: em alguns casos, a testa fica com a aparência muito baixa e reta, por exemplo.
Há ainda a possibilidade de a aparência ficar comprometida, com um resultado pouco natural. Além disso, há o risco de surgir uma cicatriz em alguns locais da cabeça, dependendo da técnica escolhida.
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Sobre a autora: Samantha Cerquetani é jornalista com foco em saúde e ciência e colabora com o Portal Drauzio Varella. Escreve sobre medicina, nutrição e bem-estar.