Embora mais rara entre homens jovens, a disfunção erétil pode acontecer antes dos 40 anos. Veja as principais causas na coluna de Mariana Varella.
A disfunção erétil costuma ser uma preocupação frequente entre homens com mais de 60 anos. Embora mais comum nesse grupo etário, o problema também pode ocorrer em jovens.
Popularmente chamada de impotência, termo inadequado, pois engloba, também, outros problemas sexuais além da dificuldade de ereção, a disfunção erétil pode acontecer em qualquer fase da vida. Contudo, especialistas estimam que apenas algo entre 1% a 14% dos homens com menos de 40 anos experimentem o problema. Entre os 40 e 70 anos, esse número sobe para aproximadamente 50%.
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Antes de tudo, é fundamental esclarecer que uma falha ocasional de ereção não caracteriza a disfunção erétil e pode acontecer com todos os homens ao menos uma vez na vida. No entanto, quando o indivíduo manifesta dificuldade de alcançar ou manter a ereção de modo frequente ou permanente, é preciso investigar a causa.
A ereção não envolve apenas o pênis, ela exige uma ação coordenada entre os vasos sanguíneos, nervos, músculos e hormônios. Assim, uma disfunção em qualquer dessas áreas pode afetar o desempenho sexual.
Além disso, há fatores psicológicos importantes que podem comprometer a ereção e a vida sexual no geral. Aspectos do relacionamento com a parceira ou parceiro, por exemplo, são relevantes. Afinal, uma relação afetiva que não vai bem pode abalar várias esferas da vida pessoal, incluindo a sexual.
Disfunção erétil em jovens
A princípio, nos mais jovens a disfunção costuma ser causada por:
1. Fatores emocionais ou psicológicos
Fatores psicológicos são a principal causa de disfunção em homens com menos de 40 anos e responsáveis por cerca de 70% dos casos nessa faixa etária.
A dificuldade de ereção pode ser sintoma de algum transtorno mental como depressão e ansiedade; além disso, o estresse tem papel fundamental na vida sexual.
Após enfrentar dificuldade de ereção, o indivíduo pode sentir medo e ansiedade de vivenciar a experiência novamente, o que pode levar à disfunção erétil em novas relações, gerando um círculo vicioso difícil de interromper.
A pressão social também pode provocar ou agravar a ansiedade, já que, por razões culturais, os homens jovens são cobrados para corresponder a um desempenho sexual pouco factível.
2. Medicamentos
Muitos medicamentos podem afetar a libido, como antidepressivos e drogas para evitar a queda de cabelo, como a finasterida, dificultando a ereção.
3. Problemas vasculares
Condições que atingem os vasos sanguíneos podem comprometer a circulação e levar à dificuldade de atingir ou sustentar a ereção.
As mais comuns entre homens com menos de 40 anos são: aterosclerose, doença cardíaca, hipertensão arterial e colesterol elevado.
Outros problemas de saúde também podem gerar disfunção erétil, como diabetes e obesidade, que pode reduzir os níveis de testosterona.
4. Doenças neurológicas
Alguns problemas neurológicos podem comprometer a capacidade de ter ereção, como lesão medular, traumatismo cranioencefálico e esclerose múltipla.
5. Problemas na estrutura do pênis
Problemas na estrutura e nos tecidos do pênis, como cirurgia pélvica motivada por câncer colorretal ou lesões traumáticas no pênis, bexiga ou pélvis, podem afetar o desempenho sexual.
Além disso, outras condições podem atingir a estrutura e a função do pênis:
- Hipospadia: malformação congênita do canal da uretra que faz com que sua abertura não esteja localizada na cabeça do pênis;
- Doença de Peyronie: provoca a curvatura do pênis durante a ereção por causa de um espessamento fibroso no interior do membro.
6. Condições endocrinológicas
Os hormônios executam um papel fundamental no desempenho sexual. Nos homens, a testosterona é muito importante para atingir a ereção.
Os níveis desse hormônio diminuem naturalmente com o envelhecimento, mas quando isso ocorre em jovens, em geral é motivado por condições como uso de esteroides anabolizantes; condições genéticas, como síndrome de Klinefelter (condição genética em que o homem nasce com mais de um cromosso X); e lesões nos testículos.
7. Estilo de vida
Por fim, fatores relacionados ao estilo de vida podem comprometer a vida sexual como um todo.
O uso de álcool e outras substâncias, sedentarismo e tabagismo, por exemplo, podem levar a problemas de saúde que afetam a função sexual.
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Tratamento
O primeiro passo é identificar a causa da disfunção erétil. Para isso, podem ser necessários exames laboratoriais, para verificar as taxas de colesterol, glicemia, testosterona, entre outros.
Mudanças no estilo de vida como reduzir o consumo de álcool, fazer exercícios físicos regulares, perder peso – quando necessário -, e deixar o cigarro comprovadamente auxiliam na disfunção erétil.
O médico também pode indicar psicoterapia ou uma terapia sexual para lidar com a ansiedade e outros fatores psicológicos que possam afetar a vida sexual.
Também há medicações no mercado, como a sildenafila e a tadalafila, mas elas não devem ser usadas sem recomendação médica, pois têm contraindicações e podem provocar efeitos adversos.
Para os casos mais graves, há ainda outros tratamentos, como injeções e implantes penianos e a vacuoterapia peniana, que consiste no uso de uma bomba peniana a vácuo para promover o enchimento do pênis.
Ajuda médica
Os homens com disfunção erétil demoram a procurar um profissional de saúde. É o que revelam diversos estudos a respeito. Um estudo europeu, realizado com mais de 8 mil pacientes que buscaram ajuda médica, mostrou que 66% dos pesquisados com disfunção erétil levaram mais de um ano para procurar tratamento para a condição.
A demora pode levar à ansiedade e medo de não conseguir obter uma ereção, o que por si só já é um fator que aumenta o risco de repetir o problema com frequência, afetando o relacionamento sexual e afetivo.
Apesar de ainda ser tabu, a disfunção erétil tem tratamento, e quanto antes procurar ajuda, melhor.